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UM CONVITE INCOMUM


Estava à beira do precipício dessa dura realidade que é a vida, quando, do nada, apareceste! Ao me abordar, nada entendi, pois falavas de coisas que não faziam parte de um cotidiano normal, já que mais parecia um relato de algo muito distante, quase inalcançável, difícil até de acreditar. Mas, educadamente, mantive um diálogo contigo, que, agora, de passagem, digo que fora bem agradável. Em seguida, depois de um tempo, despedimo-nos.
Fiquei pensativo a respeito de como vias o desenrolar das coisas ao derredor, pois ainda reverberava em minha lembrança a forma como descreveste o momento do nosso encontro. Passados alguns minutos, fui entender que naquela ocasião desejavas me passar uma mensagem subliminar, através daquele relato surpreendentemente inusitado.  Agora, perfeitamente decifrada, compreendi que se tratava de um convite, porém, não daqueles usuais, para festas variadas, era para algo que há muito não fazia, uma emocionante viagem.
Novamente voltamos a nos encontrar naquele mesmo lugar (o tal precipício) e, sutilmente, uma vez que estava inserido em uma nova mostra do teu imenso dom de devanear, o convite fora renovado. Reticente, perguntei quando seria a partida e, convicta, respondeste, que se aceitasse, partiríamos naquele instante. Comportando-me como uma criança cheia de vontade de experimentar tal novidade, todavia, ainda relutante, devido a não ter a completa satisfação da curiosidade inerente a essa fase, indaguei como faríamos a viagem e novamente convicta, respondeste dizendo que usaríamos as asas da imaginação, sempre movidos pelo vento dos devaneios. Nesse instante, pensei comigo mesmo, que, à primeira vista, tais asas pareciam ser fortes o suficiente para nos levar a lugares inimagináveis. Entretanto, será que, a um leve sinal do nascer do sol da dura realidade, as suas plumas não se descolarão, desfazendo-as? Tal questionamento me fez lembrar a tragédia de Ícaro e um repentino receio me invadiu. Então, hesitante, argumentei que ainda não estava preparado para essa tentadora viagem e, sem muito questionar, partiste. Contudo, antes, deixaste claro que não desistirias e, em breve, voltarias. Entendi então que o convite ainda estava valendo e esse tempo que agora me fora dado, tão somente, será para a minha preparação, visto que, a qualquer momento, a viagem será feita.

Criado em: 04/02/2009 Autor: Flavyann Di Flaff

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