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SE QUISERES ME CATIVAR


Enquanto os outros buscam os holofotes para serem notados e apreciados, permaneço na penumbra, onde apenas o brilho dos desejos faz visível o meu olhar. Identificando-me com o felino doméstico que, quando no escuro, com os olhos a brilhar feito centelha, incendeia a fogueira adormecida da atração pelo raro. Coisa proposital, feita só para atrair o incauto curioso, até fazê-lo aproximar-se, o máximo possível, para ver o que está ocorrendo e, assim, proporcionar o encontro.
Se quiseres saber quem sou e do que posso ser capaz, terás que adentrar no meu recinto e nele estando, obterás meu olhar como referência, no entanto o principal guia será o teu desejo, se realmente assim quiseres. Não colocarei obstáculos no percurso, já que a intenção é de tê-la bem perto, se acaso surgir algum, será proveniente de ti, por isso estejas atenta para que ele não venha a se converter em algo negativo e atrapalhe a busca do que já tanto anseias.
Se a vontade existir e for realmente forte, não te abaterás pelo pouco que descobriste e experimentaste, pois terás consciência de que o mais importante é o todo que ainda está por vir. Caso a vontade exista e seja fraca, devido ao pouco que conseguiste apurar, desistirás sem pensar, uma vez que, aparentemente, não alcançaste o que pretendias.
Depois de me conhecerem, não prenderei ninguém, nem mesmo aqueles que conseguirem me conquistar. Contudo, ao partir, cada um deles ficará sabedor de que deixará algo, nada que não possa ser ofertado. Em contrapartida, também darei algo em troca e, especialmente, para aqueles que fazem do egoísmo algo imprescindível em suas relações, receberão, em igual proporção, o que me for dado, nem mais e nem menos. Digamos que seja um preço ínfimo que se paga ao cativar alguém.

Criado em: 09/07/2008 Autor: Flavyann Di Flaff

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