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COMO OS IPÊS

Uma pergunta o quis perturbar, mas ele preferiu apenas direcionar suas energias na certeza do dia a dia, em vez de se deixar consumir pela dúvida de uma longevidade improvável do que estava a vivenciar! Assim, decidiu aproveitar ao máximo, cada dia que tivesse na companhia daquele ser.
Tinha ciência de que não era de se apaixonar facilmente e isso, muito o incomodava. Pois de tantas relações já vividas, sabia que poderia interferir fortemente na duração de relacionamentos futuros. A dificuldade em se envolver, causava, nele, um rápido enfado em relação ao que já não era mais uma novidade e, desse modo, já não despertava o mesmo desejo de outrora.
Como não pretendia ser previsivelmente repetitivo no seu comportamento, andava travando uma luta diária consigo! Ao mesmo tempo, tentava seguir desfrutando os momentos com a nova companhia, mas, para tanto, traçara uma audaciosa estratégia, que consistia em dar intervalos longos entre um encontro e outro, fazendo com que o desejo não se esvaísse tão rapidamente e o fizesse de tudo desgostar.
Odiava essa frieza que surgia toda vez que o desejo se escondia! Já que, muitas vezes, ainda continuava a querer estar com a outra pessoa. Entretanto, por não permitir a criação de vínculos afetivos, isso logo cessava, sem deixar nenhum resquício em seu ser.
Não era raro, com a chegada da primavera, comparar-se com a beleza fugaz dos ipês, que, nessa época, deixavam-se florir, e de tão belas que eram suas flores, a todos encantavam, porém, logo esse encanto sumia, uma vez que, em um curto espaço de tempo, elas logo murchavam e caíam, deixando naqueles que as admiraram, apenas as lembranças de um belo e recente momento vivido.

Criado em: 24/04/2010 Autor: Flavyann Di Flaff

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