Pular para o conteúdo principal

NAVEGAR É PRECISO

Em um certo dia, aquela com quem dividira alguns anos de sua vida até aqui, assim lhe confessou: − Lembra de que lhe falei que, para cada pessoa com a qual convivo, tenho uma caixinha na qual coloco todas as ações desagradáveis por ela produzida? Ele respondeu afirmativamente e ela prosseguiu: − Pois, então, digo que a sua já está cheia. Ele nada retrucou, já que a medida usada era a dela e questionar isso seria iniciar uma reação, só comparável com a de um ataque nuclear. A dama ainda concluiu, dizendo que as pequenas e errôneas ações dele, corroeram a estrutura do outrora porto seguro, não restando outra alternativa, a não ser a de colocá-lo em um barquinho de papel e soltá-lo no mar do tempo, deixando-o totalmente à mercê deste, para, assim, tentar salvar o que ainda existia daquele sentimento. Ao ouvir tais palavras, restou-lhe respeitar a decisão tomada e esperar, naquele desgastado cais, o retorno daquela frágil embarcação, torcendo para que nenhum pirata a tomasse para si e possuísse o tesouro que nela fora embarcado. Entretanto, sabe que não pode esperar sem nada fazer! Se, realmente, desejasse o amor de volta, teria que reconstruir aquele porto, caso contrário, bastaria ficar inerte e esperar o tempo corroer todo o cais, fazendo-o desabar, deixando aquele sentimento sem ter onde atracar. Afinal, dúvidas e inseguranças sempre existirão neste imenso mar do relacionamento a dois, no qual calmarias e tormentas se alternarão constantemente. Devido a tantas referências marítimas, lembrou-se do lema da Escola de Sagres, que assim dizia: “Navegar é preciso, viver não é preciso.”. Então, parafraseou dizendo: Navegar é preciso para repensar o sentimento, pois viver um amor mal correspondido não é preciso.

Criado em: 18/12/2012 Autor: Flavyann Di Flaff

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DAS BASES

  Como em um círculo vicioso, neste país, em todo sufrágio, percebemos, de forma descarada, a atuante presença do mirífico corporativismo das necessidades individuais. Elas subjugam, subvertem e relegam a utilidade coletiva das instituições a meros vínculos empregatícios, como nos tempos de outrora. Criado em : 06/10/2019 Autor : Flavyann Di Flaff

TOLICE

  Um dia, customizaram Deus, e conhecemos uma divindade submissa aos muitos e distintos caprichos de cada um dos seres humanos. Em seguida, customizaram a razão, e criaram o que não existia em seus pressupostos: a unanimidade. Então, ao defini-la, Nelson Rodrigues bem traduziu toda essa adaptação.   Criado em : 24/06/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

O MUNDO PERFEITO

  O mundo tá em franca decadência! Tem religioso, celerado enrustido, prescrevendo penitência a quem se confessa invertido.   Tem conservador progressista e progressista conservador. Corolário de um teatro congressista pra engabelar o incauto eleitor.   Segue o bonde sem freio desse mundo ilusório. O que é determinado pelo meio é certamente provisório.   Vende o pão assado no forno, que há pouco ardia, o cidadão, pelo capitalismo, alienado, pra obter o seu pão de cada dia.   O mundo tá perdido! Tem legalista contraventor e contraventor legalista. Assim, o cidadão é iludido até onde alcança a vista.   Esse é o mundo perfeito para qualquer salvador que pretende ser eleito. Um mundo repleto de discursos “olho por olho, dente por dente”, que atendem a externos impulsos por uma igualdade aparente.   Criado em : 05/02/2024 Autor : Flavyann Di Flaff