Em um certo dia, aquela com quem dividira alguns anos de sua vida até aqui, assim lhe confessou: − Lembra de que lhe falei que, para cada pessoa com a qual convivo, tenho uma caixinha na qual coloco todas as ações desagradáveis por ela produzida? Ele respondeu afirmativamente e ela prosseguiu: − Pois, então, digo que a sua já está cheia. Ele nada retrucou, já que a medida usada era a dela e questionar isso seria iniciar uma reação, só comparável com a de um ataque nuclear. A dama ainda concluiu, dizendo que as pequenas e errôneas ações dele, corroeram a estrutura do outrora porto seguro, não restando outra alternativa, a não ser a de colocá-lo em um barquinho de papel e soltá-lo no mar do tempo, deixando-o totalmente à mercê deste, para, assim, tentar salvar o que ainda existia daquele sentimento. Ao ouvir tais palavras, restou-lhe respeitar a decisão tomada e esperar, naquele desgastado cais, o retorno daquela frágil embarcação, torcendo para que nenhum pirata a tomasse para si e possuísse o tesouro que nela fora embarcado. Entretanto, sabe que não pode esperar sem nada fazer! Se, realmente, desejasse o amor de volta, teria que reconstruir aquele porto, caso contrário, bastaria ficar inerte e esperar o tempo corroer todo o cais, fazendo-o desabar, deixando aquele sentimento sem ter onde atracar. Afinal, dúvidas e inseguranças sempre existirão neste imenso mar do relacionamento a dois, no qual calmarias e tormentas se alternarão constantemente. Devido a tantas referências marítimas, lembrou-se do lema da Escola de Sagres, que assim dizia: “Navegar é preciso, viver não é preciso.”. Então, parafraseou dizendo: Navegar é preciso para repensar o sentimento, pois viver um amor mal correspondido não é preciso.
Criado em: 18/12/2012 Autor: Flavyann Di Flaff
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