Em uma noite de plena ausência de
companhia humana, pus-me a apreciar o céu pela janela do quarto. De repente,
uma estrela cintilou estranhamente, digo isso, pois o fazia em uma sequência
incomum, como a seguir um padrão de comunicação. Nesse instante, pensei estar
delirando, então, fechei e abri meus olhos na certeza vã de que aquilo
desapareceria, mas para meu espanto, lá estava ela, insistente a cintilar
intermitente para mim. Será que meu olhar, devido à penumbra do ambiente, fez-se
brilhar a ponto de se fazer entender pela estrela, como sendo igual a um corpo
celeste? Isso nunca desvendarei! Mistério à parte, percebi que aquele padrão se
assemelhava a um velho e ainda usual código ─ o Morse ─ apressei-me então a
procurar por uma dessas revistas de frivolidades, encontrando-a, por fim,
embaixo do colchão. Em uma de suas páginas, precisamente, na parte de
passatempos, localizo o que desejava. Munido desse singelo manual, retorno à
janela, e esperando-me, estava a estrela que logo retomou o cintilar pausado, e
observando-o atentamente, consulto a revista, verificando o significado de cada
sinal emitido. Intui, já que ainda não organizara as palavras, que se
tratava de um pequeno e breve relato sobre uma paixão secreta que envolvia
certa dama, que só durante a noite surgia.
Ao findar, a estrela despediu-se,
retornando à realidade estática que os olhos humanos estavam acostumados a
vê-la. Logo me apressei a pôr em ordem as frases que decifrei e, assim, fiquei
sabedor da paixão que a lua nutria subliminarmente pelo sol. Ela era tamanha
que, às vezes, a lua por não conter tamanha pulsão, em uma de suas raras fases,
deixava-se dourar, em uma magnífica homenagem àquele a quem tanto aspirava, mas
que, por um capricho da mãe natureza, jamais poderia relacionar-se.
Criado em: 26/07/2010
Autor: Flavyann Di Flaff
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