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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

ONDA MORTAL

Teu amor – fenda da inscrição na areia – dura o tempo necessário para dar-me a impressão de constituir-se em uma quase-forma concreta e absoluta. Posto que o teu fingimento, logo vem como onda sobre a inscrição e a apaga, consumando o ato desumano. Penetrando, como lança mortal, o meu carente ser, aquele ato descreve algo premeditado. Já que a ação hedionda tanto pode convencer quanto enganar aquele que é convencido. O autor, ser ativo da ação, pessoa performática, transfere para o ato a intenção que bem lhe convier, e sem medir consequências. Por isso, na vã tentativa de levar adiante esse sentimento que em mim despertaste e logo desprezaste, morri na praia. Criado em: 29/02/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

APARÊNCIA

Subjugamos o corpo – estruturas integralizadas – em uma existência segmentada. Desconsiderando a profundidade, nesta vida moderna – Era tecnológica – gero, alimento e individualizo essa fase em fragmentos fugazes e descontínuos, os quais representam apenas a aparência do que poderia ser, porém agrada a quem a vê. Pouco importa se o que mostramos são atos contínuos e cristalizados, basta-nos a exposição do momento, que se eterniza na memória, via estímulo visual até se fixar nas mentes dos espectadores nas quais o engodo é aceito como fato. Criado em: 29/02/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

SENTIMENTO DE IMPOTÊNCIA

Queria, um dia, entender o que se passa na cabeça de quem abre mão de um amor, sem aviso prévio, deixando o outro preso ao que já não faz mais sentido, posto que parte sem dar nenhuma explicação.  Quem sabe, quando esse entendimento eu tiver, possa sentir-me livre, sem ter que esperar, por escrito, pelo alvará de soltura que o outro nunca me dará. Visto que ainda faz parte da cultura de alguns, depois de pôr o ponto final em uma relação, dar as costas, partir e nada explicar, deixando o outro repleto de um sentimento chamado impotência. Criado em: 23/02/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

SÁBADO VAZIO

Nesta enfadonha noite de sábado, os ponteiros do contador de tempo me assolam como o martelo de Thor contra o inimigo. O ribombar de cada um deles atordoa todo o crânio desse que ansiava, apenas, por um dia de convívio com outrem. Mas, nada se concretizou, restando-me aguentar o passar massacrante das horas vazias.   Criado em: 08/02/2014 Autor: Flavyann Di Flaff

DESENCANTAR-SE

Toda criança, só por ter a ideia da coisa, possui consigo, a habilidade de encantar-se. Quando cresce, devido à imposição de uma responsabilidade (culpa) desumana, deixa de ter a ideia e passa a ter o conhecimento das coisas. Por consequência dessa evolução, perde a capacidade de encantar-se e passa a ver o mundo, simplesmente, como ele é, e não como poderia ser. A partir de então, resta-lhe apenas murmúrios em vez de agradecimentos. Infortúnios e lamentos nessa perturbada e corrida vida adulta. Criado em: 08/02/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

OBJETIFICAÇÃO

Cansei de tentar agradar dona Modernidade! Caprichosa, inventa novos desvarios, e tudo isso para mim é muito custoso. Gasto de minha existência em esforços vãos, uma vez que não são devidamente reconhecidos, mas sempre vistos como irrelevantes. Dona Modernidade quer suor e lágrimas, quer empenho incondicional em prol de uma ilusória felicidade, materializada em forma de coisas. Nessa busca insana, coisificamo-nos. Tornamo-nos certificados, diplomas, em qualificações distintas e infindas, para rejeições sequenciais futuras, que tanto nos adoecem psicossomaticamente. Assim, vamos esquecendo o que somos, numa paulatina objetificação de nossa humanidade, massacrados diariamente por uma culpa imposta, visto que nenhum nefasto erro cometemos, apenas lutamos até onde nossos limites permitiram e, mesmo assim, a vitória nos foi sempre negada.   Criado em: 01/02/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

ENCANTO PUERIL

Lá vai a criança com seus olhos de encantamento. Por onde os passa, nada lhe escapa. Seja um passarinho, que, com simplicidade, expõe a sua natureza, exibindo um formoso e canoro canto. Seja uma pequena flor, que, na beira da estrada, faz a sua eterna morada, só para não chamar de alheios olhares a atenção. Ora o vento, que, com sua mão, quando sopra forte, desmancha sutilmente o arrumado coque, só para vê-la mais garbosa. E lá se vão os olhos de encantamento na formosa face infante, transformando esse breve momento em um eterno instante pela vida a fora. Criado em: 28/01/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

FELICIDADE GRATUITA

Neste carnaval vou à toa, pois quem tem leme é canoa, vou na onda que mais longe me levar. No meio desta troça se controlar, não há quem possa, por isso vou extravasar nesta euforia, tudo o que represei de alegria durante o ano inteiro. E como já é costumeiro, antes de chegar a quarta ingrata, vou usar todas as máscaras, libertar todas as amarras, pois ser feliz, nesta hora, é de graça. Criado em: 28/01/2020 Autor: Flavyann Di Flaff