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Mostrando postagens de maio, 2020

REFLETINDO O AGORA

                                                                                                                                            (www.revistasisifo.com)        “Saber e não saber, estar consciente de mostrar-se cem por cento confiável ao contar mentiras construídas laboriosamente, defender ao mesmo tempo duas opiniões que se anulam uma à outra, sabendo que são contraditórias e acreditando nas duas; recorrer à lógica para questionar a lógica, repudiar a moralidade dizendo-se um moralista, [...]” (1984, ORWELL, George) “A ambiguidade é um fenômeno muito frequente, mas, na maioria dos casos, os contextos linguístico e situacional indicam qual a interpretação correta; estilisticamente, é indesejável em texto científico ou informativo”, porém, como podemos perceber no nosso cotidiano, não é o que tem imperado. O que tem prevalecido é este validar o seu discurso, usurpando o daquele, com o intuito de orientar melhor a seus leitores, os quais são bombardeados incessantement

DIGRESSÃO

        Hoje, um vento de nostalgia veio de casa a dentro e encontrou-me aboletado no quarto. Circulou-me e, sem cerimônia, convidou-me a dar um passeio pela cidade. Não resisti e o segui, como guia, levou-me por lugares familiares, pois, de alguma forma, estavam presentes em minha memória afetiva. Para nada deles perder de vista, coloquei as lentes pueris de outrora, a fim de vê-los como os vi, sem a interferência da racionalidade amarga da idade das responsabilidades sociais. Passeei por ruas e casas de minha infância, onde desfrutei de amizades sinceras em brincadeiras mil. Ali, afeito àqueles lugares, lembrei-me de episódios já adormecidos, mas que foram despertos por aquela atmosfera saudosista. Quantas pessoas que passaram e deixaram suas marcas ao longo de minha existência ressurgiram ante os meus incrédulos olhos, de modo tal, que me levaram a vivenciar tudo de novo. Ah, quanta alegria sentira nesse momento! Os cheiros, as brincadeiras, a algazarra, fora tudo de um realism

RESISTÊNCIA

É o ocaso daquele que luta por ofício de subsistir! Traz consigo as marcas de cada pancada que sofreu e cortou, até sangrar, a sua honra; fazendo-lhe gritar, quando foi  abatido e envergonhado. Sai de cena e vai embora, mas ainda permanece, nele, o espírito de lutador. Criado em: 30/05/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

SAUDOSISMO

                                                                                            (Foto: João Leitão) Durante os arroubos da juventude sonhei que iria ganhar o mundo, conhecer outros lugares, outras pessoas. Depois de pouco mais de meio século, continuo aqui, no mesmo lugar onde nasci, congelado nesse chão e no tempo, não sou nem sombra do que sonhei. Não devia ter ficado, mas tive medo de sair. Como um náufrago me agarrei a um pedaço de terra seca, meu porto de máxima segurança. Fronteira com a vastidão desconhecida e tão sedutora, que chega a assustar-me, fazendo-me relutar em partir na busca de tesouros encantados, capazes de despertar, o que de lúdico perdi. Só agora percebo o quanto andei longe daquilo que havia programado. Vida de esforços criativos em meio à rotina monótona de um relógio de parede, de um moinho quebrado. Às vezes, um livro, uma canção, levam-me para além, a lugares nos quais jamais estive, pro

LONGE DOS PREDADORES

O amor depois do amor, no preço de hoje, talvez se pareça com um drive-thru no qual, para consumi-lo, não se faz necessário sair de sua área de segurança afetiva. E depois de consumido, consumado está. Sem o risco do arrependimento tardio, desespero de quem deixou algo por fazer. O azedume que leva à dor , na essência desses predadores inexiste, assim como o pudor. Agora já sabemos como se dá o amor nos corações daqueles. Portanto, passemos à margem de seus domínios, mantendo nossos carentes corações longe desses seres de gelo. Criado em: 27/05/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

A DAMA DA NOITE

Quando cai a noite, surge a dama enigmática, resplandecente. Por entre as nuvens é reconhecida amiga fiel, as quais revela os seus mais íntimos segredos. Com seu vestido cor de prata sai a encantar por onde passa, chamando a atenção dos olhos cristalinos do desejo. Sacia a todos, sem fazer distinção. Sedição do cosmos. No leito do regato, regateia afagos mil. Do rio, perene, temporário ou intermitente, recebe o necessário para fazer da noite uma festa. Do mar, não escuta as mágoas acerca do oceano, mas tira proveito de ambos, deitando-se em suas águas como se deita em uma rede, e se balança assanhada nas ondas do oceano e do mar. Do lago, desfruta da companhia tranquila, para, assim, refletir melhor. Das poças  −  filhas extraviadas da chuva passageira  − faz só provocação, brincadeira entre meninas vaidosas. Ao menor sinal do arrebol, a dama parte, lépida e fagueira, rumo à sua morada celeste. Criado em: 25/05/202

A JORNADA DA VIDA

A vida é algo indizível, extraordinário! Ao mesmo tempo em que parece eterna, foge-nos das mãos em ínfimos segundos. Alguns, mal chegam, já estão aptos para partir. Arvoramo-nos em aproveitá-la, tola pressa que atropela, com atitudes inadequadas, o programado ciclo da vida. Todavia, de nada adianta, porque há mais a ser visto além do que jamais poderá ser visto, e mais a fazer do que jamais poderá ser feito. Como também há mais para se encontrar do que jamais poderá ser encontrado. Para todos há muito para se conseguir, mais do que conseguiremos nesta existência e mais para se encontrar do que jamais poderemos encontrar. Nesse ínterim, alguns de nós cairão pela estrada e alcançarão as estrelas, enquanto os demais seguirão firmes, cada um do seu jeito e a seu tempo, rumo ao ápice dessa sublime jornada. Criado em: 22/05/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

RENDIÇÃO

Sinto-me entalado, como se um nó cego estivesse no pescoço! Excessos de coisas ouvidas e não discutidas a tempo, guardadas nos arquivos mentais que, fatalmente, serão acessados durante recaídas, antes intermitentes, agora tão constantes. Vaivém de ondas ao sopé da falésia, frágil montanha, que, erodida, se desfaz lentamente na rotina de relações patogênicas. Esse ir de encontro à rocha, corpo meu, faz-me cair no mar de angústias e sem respiro, sucumbo perante a dificuldade do existir. Criado em: 22/05/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

AFRODISÍACAS REMINISCÊNCIAS

       Meu caro, a água que conheci e por aqui passou, não é a mesma que agora banha o teu leito, apesar de estar em idêntico manancial. Reservatório de fluidos sentimentos, dos quais pensei ser possuidor, quando, na verdade, através deles, fui manipulado por uma entidade incorpórea, dotada de um instinto de lascivo predador, que, oco de sentimentos verdadeiros, tem como único intuito o de todos os seus desejos saciar. Hoje, sequioso por aquela água, sofro com as reminiscências dela. A cada reviver imaginário, minha voz falha, a respiração descompassa, o coração acelera, as pernas bambeiam, denunciando o desejo ainda latente, apesar de objetificado por aquela criatura, nesse meu carente ser.  O qual, incontido, todas as manhãs, banha-se no rio na vã tentativa de sentir tudo de novo, o que, pelo visto, não mais acontecerá. Criado em: 21/05/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

FATALIDADE ESTATÍSTICA

Durante o ocaso da vida, o peso dos pensamentos tende a fazer a cabeça baixar. Esse receptáculo é pequeno demais para tanta pressão suportar e transborda. Deixa, no seu menear, transparecer todo o suplício imposto. Tenta o indivíduo, em vão, erigir o metafísico,  para, através dele, suster o já realizado. Busca por entre os cacaréus emocionais, algo que o ajude  nessa operosa façanha. A gravidade não ajuda, deixando-o ainda mais inseguro, já que sempre o puxa para baixo,  aumentando a carga negativa. Angústia insana que o impele rumo ao caos existencial  – futura fatalidade estatística. Criado em: 21/05/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

REVELAÇÃO

À venda, colocas o teu desvalido amor. Um sinal de dor. Flavyann Di Flaff       20/05/2020

GRAMATICAMENTE AMOR

Amor para valer tem que ser verbo! Do contrário, mesmo como artigo de luxo, não passará de um substantivo comum, bem longe de ser um predicado aos olhos de quem observa analiticamente. Melhor será se vier a dois, locução adjetiva, como a confirmar que é de fato. Criado em: 20/05/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

FONTE DE ESPERANÇA

          Estando o desvalido à beira da estrada da vida, refugiou-se, do sol inclemente da indiferença social, à sombra fresca de uma espécie da natureza humana. Sentado, perdeu-se nos acalantos das horas vãs, e, assim, sem a devida noção do tempo e do seu inadequado existir, distraiu-se, jogando pedras ao léu. Alguém que por ali passasse, certamente, pararia e observaria a prosaica cena o tempo necessário para pensar no desperdício que era aquele momento. Entretanto, naquele aparente desleixo, algo natural para um marginalizado, havia um fio de esperança no qual as pedras atiradas ao léu se convertiam em moedas atiradas à Fontana Di Trevi, repletas de fervorosos pedidos de ressurreição. Criado em: 20/05/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

CONFIDÊNCIA

      De uns tempos para cá, tenho carregado, em minhas costas, tralhas diversas. Um acumulador inconsciente de fatos dissonantes às humanas atitudes por mim executadas, os quais não fazem barulho ao caminhar vida afora, já que estão convertidos em silêncios gerais. O que não me impede de gritar esse fardo em feições, gestos e afins − mímica de mágoas lancinantes. De cada um dos que me cercam, convivendo ou apenas observando, acompanhando o meu existir, levo um simbólico objeto de caráter pessoal, de igual, só o material de que são feitos, uma espécie de rocha rija, fria e cortante, que muito me incomoda o avançar, pois, a cada leve movimento, rasgam, chagam a minha alma, expondo o meu martírio àqueles indiferentes. Dessa minha via crucis, só saberão aqueles que fecharem suas bocas e ouvidos, entrando, assim, na mesma frequência do meu discurso – um diálogo silencioso entre o meu eu interior e o de quem assim se permitir – conversa entre dois velhos e sensíveis corações, sem a (on

SEDUÇÃO

Teu olhar,  como um garoto, maroto, travesso, que ao ver a colmeia dependurada em paz na árvore, age rápido e atira a pedra, com o intuito de atiça-la, para, em seguida, partir em disparada − peça premeditada. Fitou-me e incendiou o meu coração! Percebendo o feito do teu olhar em riste, riste maliciosamente e, sem do mel desejo provar, partiste faceira a se vangloriar. Criado em: 19/05/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

OS NOVOS DEUSES

Ao analisarmos os políticos através do ponto de vista da elaboração e execução de políticas públicas de Estado, verificamos que, ao longo de toda a nossa história, ratificamos, com o nosso voto, verdadeiros continuadores do descaso e da omissão com o bem-estar público. Eles se comportam como novos faraós que, ao assumirem o poder, só pensam em deixar as suas marcas pessoais, erguendo pirâmides que, infelizmente, não lhes servirão como sepultura. Posto que os seus séquitos elegem-nas como autênticos símbolos do altruísmo desses senhores divinos. Criado em: 18/05/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

AOS HUMANOS

       Existem aqueles a quem as dores do mundo tocam a alma e a quem elas apenas tocam a superficialidade de seus corpos, causando, o que é natural, um espanto inicial e só, demovendo-os à inércia. Porém esses podem fazer, de acordo com as suas conveniências, que tais dores pareçam deixá-los aflitos, convencendo até os mais céticos dos seres. Não são poetas, e parafraseando certa pessoa, digo que são fingidores, fingem tão completamente, que chegam a fingir que é dor, a dor que deveras sentiram do outro. A compaixão não veio para todos, contudo ela está à disposição, basta, para dispô-la, ter sinceridade no coração e nos atos para com o semelhante. Em uma época de extrema exposição de privacidades discutíveis, que aspiram, tão somente, o reconhecimento torpe da urbe cibernética, proliferam os altruístas likeanos, esses anseiam por arrebanhar, em quantidade, asseclas. Mesmo que, para isso, tenham que praticar o que não lhes convêm, já que contrariam os seus preceitos, verdadeiros r

OLHOS DE METÁFORA

        O jardineiro, no seu labor diário, contempla o nascer e o morrer das plantas. Por anos a fio e por executar essa tarefa repetidamente, nunca teve um outro olhar para aquela sequência existencial do reino Plantae. Perdia assim, oportunidades diárias de entender a vida de uma forma mais profunda, longe daquela habitual superficialidade em que vivia. Certo dia, quando estava a exercer o seu automático labor, um passante cessou o seu passo e ficou a observar a cena que, diante dos seus metafóricos olhos, acontecia. O jardineiro nada entendeu e prosseguiu na sua tarefa, afinal, queria terminá-la logo, para, em seguida, partir para outro jardim e, assim, ignorou o atento observador. Esse lhe foi recíproco, pois o que prendia a atenção dele eram as frágeis flores que caíam, intermitentes, aos montes, dando mais trabalho e tirando o tal profissional do sério. O passante logo se lembrou de um grupo de crianças, que, longe dos pais, sentiam-se livres para cometerem as mais inimagináv

AVISO

Chega e compartilha queixas, medos e problemas. Lixo na lixeira. Flavyann Di Flaff      15/05/2020

NULIDADE

A roupa do orgulho nunca coube em mim e, hoje, consumido pela melancolia, do meu corpo esquálido ela sente asco. Todos a mim são avessos: Não me veem mais os passantes, não me cumprimentam os vira-latas, não me visitam os ongistas, não me ajudam os altruístas likeanos. Tornei-me invisível aos olhos parciais dos humanistas. Sou zero à esquerda dessa sociedade consumista-pseudossocialista.   Criado em: 14/05/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

NATURALMENTE

Ah, quanta solidão suporta um coração à flor da pele!? São tantas ausências sentidas, que chegam a doer. Todavia, não me ajuntarei ao bando de desesperados que partem, tresloucadamente, rumo a qualquer insinuação de aconchego. Não! Não vou ser mais uma vítima da carência afetiva. Ainda resta uma porção de sentimento em mim e ela se chama amor-próprio. Permanecerei buscando o equilíbrio, orientando o açodado desejo carnal. Logo, naturalmente serei visto com olhos de encantamento e o encontro será inevitável, mágico. Bom para ambos! Criado em: 14/5/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

O MAIS DO MESMO

A eleição de 2018, em nosso país, foi o cair das máscaras das vertentes polarizadas e de seus asseclas. O falar daqueles que apontam os outros como “gado”, é comparável ao berreiro de rês que aparenta estar desgarrada, quando, na verdade, ainda continua dentro do rebanho, autoexcluída em um grupo dito questionador, visando a uma contramanipulação ao discurso, no momento, hegemônico. Portanto, como pudemos ver, ouvir e confirmar, devido ao resultado do pleito em questão e pelo tom da repercussão gerada e preparada com cuidado, de forma gradual, por forças que oscilam de acordo com seus escusos interesses, o atual cenário é, de novo, aquilo a que conhecemos e chamamos de “mais do mesmo”, o que, infelizmente, perdurará até à eleição de 2022. Criado em: 14/5/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

PARA SEGUIR ADIANTE

Hoje, do tempo perdi a noção! Pelos espaços da mão pesada do cotidiano se esvai a minha existência, essa, totalmente, desprovida de estímulos. Nau à deriva desde que partiste e o timoneiro mestre, tempos depois, acompanhou-te. Foi-se o tempo em que o meu porto seguro era o teu abraço! Época na qual os bons conselhos ouvidos, eram as tuas reprimendas; os ensinamentos para a vida vinham de tua postura exemplar; a trilha sonora do meu existir era a tua terna voz; o perfume do desabrochar dos meus dias era o teu cheiro; o preceito regente em meu viver eram os teus cuidados; a minha maior dor era desagradar-te e, por fim, a época na qual sempre te presenteei com o meu respeito, a maior prova do meu amor por ti. Contudo, retomar o controle, apesar de relevantes ausências, faz-se necessário, para que possa seguir adiante. Criado em: 09/05/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

DE UM PRETENSO CHURRASCO

Numa certa comunidade, dois velhos e conhecidos amigos se encontraram. Como de costume, cada um quis saber notícias do outro, tudo transcorrendo em tom jocoso, isso fruto da intimidade que a relação de anos construíra. Durante a demorada despedida, um convite fora feito, o que, de pronto, fora aceito. A fim de relembrar os bons tempos de convivência, tudo fora combinado a contento e, em seguida, despediram-se. Ambos eram vistos como exceções naquela comunidade, visto que gozavam de uma condição social acima da média dos que ali moravam, fato que lhes proporcionavam o prestígio, a estima entre todos, dando-lhes certo poder. Por isso, a notícia do churrasco teve repercussão imediata no meio do povaréu. O burburinho causado pela proximidade do evento, dividiu os moradores daquele denso agrupamento de casas. Enquanto uns falavam que seria do balacobaco, outros que era desnecessário e inadequado para o local, diante da realidade social pela qual a maioria vivia, seria uma afronta àquela

NO MUNDO DO REI ENCANTADO

Com o fim das cruzadas, empreendimento para solucionar um mal e reconquistar as liberdades perdidas, tornou-se figura comum entre as autoridades das cortes e seu aparecimento concorreu para aumentar o imaginário popular. Vestia uniformes espalhafatosos, com muitas cores e acessórios bizarros, que mais se assemelhavam com guizos dependurados. O truão de tanto representar e se apresentar nas cortes, notou, inteligente que é, que, quando atuava, conseguia atrair a atenção de todos para si. Desse modo, tomara consciência de que causava o mesmo efeito que o flautista de Hamelin, os discursos dos preletores religiosos e o encantador de serpentes. Em vista disso, certo dia, ainda sonolento, pensou que podia ser soberano e ter todo o reino em suas mãos, à disposição de suas caprichosas esquisitices. Em sua mente, começou a arquitetar formas de conseguir seu onírico intento, afinal, imaginação não é um item em falta em sua natureza. Assim, decidido, partiu da bolha real para os recônditos

CINICALISTAS

Certo dia, assistindo à reportagem sobre a greve de motoristas no Rio de Janeiro, na qual vi um representante do sindicato contrariando o óbvio, que seria apoiar e fomentar as reivindicações desses, já que ele exigia que os seus membros voltassem ao trabalho. Lembrei-me dos bons tempos em que os sindicatos eram clandestinos, tempos de pura paixão pelas causas dos trabalhadores. Entretanto, depois que foram regulamentados e formalmente reconhecidos, ganhando força nas lutas por melhorias salariais e afins, foram invadidos por um bando de oportunistas e aproveitadores, que os transformaram em meros trampolins para a vida política e/ou para receber as benesses de partidos que estão no poder, mesmo que, para isso, como dito, sejam contrários aos interesses daqueles que deles dependem para conquistar direitos, constantemente, vilipendiados. Criado em: 09/5/2014  Autor: Flavyann Di Flaff

ARAPUCA

Quando se é um solitário, o mundo é só para os seus desejos. Aspira-se tudo aquilo que parece palpável à efêmera solicitude do ser. Contudo, quando, por capricho do coração, cai-se no laço da sedução do amor intenso, mesmo depois de recear sobre essa armadilha escancarada, o mundo, outrora só seu, é subjugado aos desejos caprichosos de quem o aprisionou. Assim permanece, até que seu presente carcereiro por outro se interesse. Criado em: 08/05/2020 Autor: Flavyann Di Flaff