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Mostrando postagens de agosto, 2019

PENOSA CONQUISTA

A nau dos desesperados navega além-mar! Nela, destinos por se cumprir, sonhos por se realizar ou se frustrar. Ventos açoitam as velas e a nau segue rumo ao desconhecido, algo idealizado por alguns poucos determinados tripulantes, enquanto o restante o teme. "Vai nau dos murmúrios e agouros!", assim a parte fraca da tripulação segue a vociferar, gemendo desculpas infinitas. Tua sorte, ó nau, é que a parte forte luta, empenha-se por varrer essas águas tormentosas que assolam o navegar, já que nada a impedirá de conquistar o prêmio que a espera. Criado em: 31/08/2014 Autor: Flavyann Di Flaff

ABSTRATA SUBSERVIÊNCIA

O que convencionamos, ao longo de toda a história da civilização humana, a administrar por influência da insana lógica da necessidade e/ou da utilidade das coisas e das pessoas, principalmente, nestes tempos de modernidade, é patologia existencial, não possui nenhuma referência daquilo a que denominamos Tempo. Cronos é o fluir da vida cumprindo o seu ciclo natural. Enganamo-nos, consumindo-nos como rastilho de pólvora, implodindo-nos a cada instante em que pensamos ter desperdiçado esse ilusório tempo. Abstração tratada como humanimalzinho virtual que carece de cuidados idênticos aos dispensados às criaturas concretas e animadas, tanto que alimentamos aquela moradora, de receptáculo distinto – relicário devotamente guardado – dando-lhe corda ou compacta e contínua energia encapsulada, só para que continue a nos iludir com sua subserviência. Criado em: 31/08/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

CONSEQUÊNCIA DO AMADUCRESCER

A chuva cai torrencialmente na cidade! Os ventos uivam por entre as frestas da janela fechada. E eu aqui, no meu tão conhecido e querido quarto, sentindo-me perdido nesse mundinho frágil − esconderijo de papelão – onde, na infância, escondia-me, protegendo-me dos monstros externos. Contudo, agora, devido ao passar dos anos existenciais, já não me protege de mais nada.   Criado em: 30/08/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

GARFOS

Há pouco tempo um sujeito com estampa de bom moço propôs mudanças impactantes na vida de seus compatriotas, que, indignados, homogeneizaram a revolta em um único item: coletes amarelos. De certo também se sentiram traídos, como tantos outros mundo afora. Apesar de promover o aumento no preço dos combustíveis fósseis juntamente com as reformas fiscais e sociais propostas pelo seu governo, impactando diretamente as classes trabalhadoras e médias, já bastante afetadas pela redução do poder de compra e pelo aumento do custo de vida, especialmente, nas zonas rurais e áreas periurbanas (conhecemos isso), não se fez de rogado e manteve-se irredutível. O confronto entre a máquina repressiva de seu governo e a massa afetada foi inevitável, a impressa, ávida por pontos a mais na audiência, a tudo acompanhou e noticiou. O bom e bem casado moço, sem resolver os seus problemas internos, que já repercutiam no cenário internacional, vislumbrou, em uma causa universal, a oportunidade de sair do

APRENDIZADO CONTÍNUO

Meça as tuas palavras, poeta! Pois na ânsia de expor tuas vontades, sentimentos e pensamentos, poderás ver tuas singelas e sinceras palavras deturpadas. Não por incompreensão de sentido, mas pelo querer obsessivo de materializá-las em ações que não são as tuas, porquanto inventadas por outrem. Teces tua teia de sentidos com prudência, não queiras agir como a metralhadora no campo de batalha, apesar das palavras também serem igualmente mortais, todavia essa não é a tua intenção. Segues teu aprendizado, já que na vida ele é constante! Reténs o que te acrescenta e expurgas o que não constrói base sólida. Vivas cada momento como a ti é solicitado, não queiras mudar o que já é pronto, apenas acrescentes àquele que se mostra incompleto. No mais, é vida que segue, em marcha lépida e incansável! Criado em : 29/08/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

BUSCANDO CONFORTO

Estou cansado e meus pensamentos divergem desse meu estado físico. Saio à procura de um recanto que acolha e renove as minhas energias, mas só encontro confronto. A labuta segue intensa e contínua, mesmo com hora marcada para findar. Resta-me lutar até o fim e, depois, rezar para que uma alma cristã e solidária possa acolher a este corpo cansado de tantas batalhas. Criado em: 29/08/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

PRESO AO PASSADO

Certo dia, sai ele à porta de sua residência e vê a Vida passando. Ela, toda faceira, pergunta-lhe: − Vamos caminhar em frente? Ele, por impulso, responde que sim! Ela ri e segue-o. Ele dá o passo, mas logo para. Ela, sem entender, pergunta:   − Por que parou e não me acompanhou? Ele, cabisbaixo, responde com tristeza: − Não posso! Ainda tenho que desatar algumas amarras que me prendem ao que se foi. Ela, então, sem muita cerimônia, vai-se apressada pela estrada afora.   Criado em: 29/08/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

VIAGEM À PROVÍNCIA

Fiz uma viagem ao interior, seguro de que encontraria intactas paisagens pueris. Isso fez-me dar autonomia a emoções pujantes, consequentemente, de difícil controle. Mas bastou-me vislumbrar os primeiros traços do panorama interiorano, que elas se refrearam, quase ao mesmo tempo que a ação ocular. Pelos indícios, aquelas paisagens primevas não mais existiam, e se existiram, foram apenas na oratória de algum saudosista com síndrome de Peter Pan. Aquele interior parecia não mais nos pertencer! Tantas coisas modificadas, reversões de valores que foram prescritos amorosamente ao longo de gerações, tudo consequência das inúmeras e distintas influências sofridas no decurso do tempo compartilhado alhures. Estranhamento estranho! Indignação artificial forjada sob o manto do não-querer-aceitar, fatalidade anunciada. Ah! Quanto colaborei para tão drástica mudança? De quem tanto me acerquei para dar tão obtuso traço? Estava eu cônscio ou alienado das vindouras consequências? Como me eximir do cun

ESTÓRIA DE UM MUNDO

No grande continente, a vida parece fluir no ritmo natural, sem contratempos artificiais. Os seres que nele habitam, apesar de serem da mesma etnia, idolatram distintos deuses. Anseiam, portanto, cada um, a hegemonia de seu ídolo. Para tanto, fomentam, entre seus pares, dissensões construídas à base de apelos às emoções e às crenças pessoais em detrimento à positiva influência dos fatos objetivos que ocorrem na grande aldeia. Essa disputa interna fragiliza a salvaguarda de todo o continente diante das recorrentes investidas daqueles que dali são forasteiros. HISTÓRIA DO MUNDO... No ano de 2003, os Estados Unidos realizaram uma ocupação ao território iraquiano sob a alegação de que o presidente Saddam Hussein mantinha um arsenal de armas químicas que ameaçavam a paz mundial. Mesmo não provando a existência do arsenal bélico iraquiano, o governo norte-americano conseguiu promover o julgamento e a posterior condenação do ditador Saddam Hussein. [...] De acordo com alguns anal

FRUTOS DA TECNOLOGIA

A tecnologia com seus avanços nos proporciona o comodismo e a praticidade tão necessárias à nossa vida moderna. Tanto que, quando “esquecemos” dos problemas que afligem nossa própria vida, adentramos no mundo virtual, especificamente, nas inúmeras e distintas redes sociais em busca de perturbações afins para nos sentirmos inseridos em um contexto de engajamento coletivo. Enquanto, de forma hipócrita, apartamo-nos da busca pelo equilíbrio de nossa conjuntura particular. Criado em: 24/08/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

EPIDEMIA MIDIÁTICA

A publicização do privado chegou a um ponto tão absurdo, que o que era da privada, tornou-se apelo do Executivo aos cidadãos para que, ao utilizá-la, façam como um dever cívico em prol da preservação ambiental. Já o que era íntimo “entre paredes”, tornou-se marketing pessoal, trampolim para a alta esfera dos formadores de opinião (socialites temporãs), autodenominados de influenciadores dig(n)itais, um tipo de epidemia midiática. E assim caminhamos, enquanto humanidade. Criado em: 24/08/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

ANIMAL DE REBANHO

Celebremos! Celebremos esses tempos esdrúxulos, cabedal da transvaloração das leis vigentes, decálogo da nova ordem social.   A ignorância distorce no homem a devida percepção de suas dores, seja em sua dimensão, seja na sua origem, limitando-as a e em si mesmo, e atribuindo-as unicamente a outros, isentando-o completamente. A ignorância torna o homem em um ser sugestionável, fácil de se apascentar. Cônscio disso, o douto – atormentado que é pelo seu níveo conhecimento –, fará do homem néscio o seu padecente predileto, através de uma recorrente enxurrada de confusões habilmente escritas, sobrecarregando e não dando margens à dúbia e parca capacidade lógica do néscio em intentar alguma coisa a essa escaramuça verborrágica. Sucumbido, logo integrar-se-á à nova classe social, que tanto tem crescido com o advento da tecnologia. Celebremos a era dos seres acéfalos! Aqueles tipos que vagam perdidos por entre factoides, devido à incapacidade de discernir o que é verdade –   o fato propriament

À CONSTRUÇÃO DIALÉTICA ATUAL

A casa concreta fora esfacelada pela retórica de inescrupulosos seres. Distorceram as suas divisões, pois deram-lhes destinos contrários aos que pertenciam. Falsearam a sua vocação social, dando-lhe aptidão promíscua. Conspurcaram o seu modelo, atribuindo-lhe aspectos questionáveis. Com sandices, confundiram todos, sem que restasse um único interessado em meio a tanta confusão dialética que pejorativamente confunde, engana; capaz de perscrutar a verdade debaixo de tantos obscuros argumentos. Não só à casa concreta restou o ocaso, a indiferença; como também à verdade, que nunca poderá ser dita. Uma vez que desabrigaria a uns poucos da fortaleza da Impunidade – proteção erguida sob os auspícios de condenações vindouras.   Criado em: 24/08/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

ARMAÇÃO DO MUNDO

A moldura do mundo está ao alcance de nossas mãos, que, guiadas por desejos fugidios, acessam as artes abstratas dos outros, entorpecendo-nos em relação ao concretismo maledicente das que igualmente criamos. Moldura do mundo – (Sub)representação da realidade. Vitrine do mostrar-se como não se é, refúgio momentâneo do não-querer-sentir, catedral do querer-ser-o-que-não-é. Moldura do mundo – esboço ingênuo do ente perfeito – que, sempre embasado na fraqueza individual em não seguir uma lógica racional de vida, permanecerá em um intermitente poderia-vir-a-ser. E nesta frustração de cada um, o coletivo desalento dá lugar à condenação de si mesmo através do julgamento público do outro. Com esses movimentos, cores e tessituras encorpadas, às vezes, (in)conscientemente formuladas, damos vida a inúmeras e distintas artes pessoais, que pela moldura do mundo parecem-nos improváveis, irreais. Criado em: 11/08/2019 Autor: Flavyann Di Flaff