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Mostrando postagens de março, 2012

PARÁBOLA DO JULGAMENTO FINAL

      Um professor inicia a explicação dos dez tópicos mais importantes de uma matéria para vários e distintos alunos, ao término, passa um teste composto de duas questões. Sendo que, das duas, apenas uma deverá ser respondida e, logo em seguida, sai da sala, largando os alunos a sós. Deixando, implicitamente, para todos, que a singularidade é o que prevalecerá nessa avaliação, portanto não terão a devida importância as respostas iguais, uma vez que sinalizarão a falta de comprometimento com o que fora exposto. Criado em: 06/08/2007 Autor: Flavyann Di Flaff

A SOLUÇÃO

Mundo estranho de gente esquisita, onde o aglomerar de pessoas não significa concretamente que não estejam solitárias. Em uma casa duas almas coabitam, mesmo assim, continuam a se sentirem sozinhas. Cada uma com seus conflitos interiores, e apesar dos escassos diálogos, é bem verdade, nunca os revelaram uma à outra. Guardam, para si, como se fora uma forma de autocondenação. Solidões que, juntas, nunca se completam a ponto de se findarem. Pelo contrário, só vivem a se confrontarem, até chegar a causar uma angústia profunda nos seus possuidores. Dois templos vazios, devido a sentimentos, sonhos e esperanças frustradas. Habitáculos grandiosos, agora propícios à estadia perene da amargura. O tempo, nesse caso, mesmo passando lépido, não ajuda a cicatrizar e, muito menos, a amenizar tal fase sofrida. Apenas faz aumentar a sensação de que esse sofrer será eterno. Sem deixar rastros de rancores, uma vez que sempre foram feitos esforços para um bom entendimento, buscaram a solução d

FORÇA INTERIOR

Nesse instante, lágrimas rolam na face de alguém que sofre. Mais uma vida vazia, devido a uma existência sem sentido.  Para ele, as horas passam como a areia em uma ampulheta, apenas para cumprir a formalidade de marcar o tempo, nada mais. Tempo de aflição e de esperança perdida no qual cada girar dos ponteiros certifica mais uma dor sentida.  Esse alguém, chaga aberta no peito, agoniza solitário em um recanto qualquer desse país. Não há sistema de saúde no mundo que o faça voltar a ser são, pois quem convalesce não é o seu corpo, mas o seu espírito.  Por pensar que já é um caso perdido, ninguém o auxiliará. Caberá apenas a si mesmo, crer em uma cura e se esforçar para tanto. Tendo como mola impulsionadora, apenas a sua força interior. Todavia, estando ciente de que esta precisa ser renovada o mais rápido possível, para que o tal milagre da fênix aconteça. Criado em: 07/09/2007 Autor: Flavyann Di Flaff

DO JULGAMENTO HUMANO

Eis que alguém, de repente, começa a acusar o outro de eterno pecador, logo uma multidão se forma em volta de ambos. O provocador, empolgado com tamanha plateia, coloca novos pontos no conto das acusações que profere, enquanto o outro, em vão,  tenta expor suas explicações e justificativas,  posto que a urbe já demonstra ter feito a sua escolha. No fervor do insípido diálogo, visto que apenas um é senhor dos fatos, alguém sugere, como manda a lei, o apedrejamento público. Essa regra não serve para punir os donos de posses e de imenso prestígio nesta “nova” sociedade. Mas como outrora, surge um defensor a bradar em alto e bom som: quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra. Como, apesar de estarmos vivendo em novos tempos, a humanidade ainda não aprendeu com essa e tantas outras nobres lições dada por um mestre, o desfecho se fez diferente.  O silêncio fora o mesmo, mas eis que um passante atira a primeira pedra e o que se vê, em seguida, é o retrato fiel do quanto à humanid

REAPRENDENDO A SE APAIXONAR

Tenho que voltar aos tempos idos de namoro, como se voltasse aos tempos de criança! Afinal, quando enamorados ficamos, muitas vezes, ingênuos, bobos mesmo. Acreditamos em todas as juras e falsas promessas, feitas em momentos de rompantes, movidos meramente pelo tesão e/ou desejos avassaladores, mas sem presença verdadeira de sentimento. Esqueci-me de como é conviver a dois, de como é prazeroso descobrir ou redescobrir as coisas que agradam a ambos e de como faz bem a troca diária de gestos repletos de bem-querer. Quero reaprender a desejar imensa e intensamente alguém, porém, não esse tipo de desejo que logo vem à mente, quando estamos sexualmente sedentos. Falo da vontade de estar com alguém de forma plena, tendo a cumplicidade, a afinidade, o companheirismo, enfim, tudo o que é natural em uma relação verdadeira, coexistindo. Quero sentir de novo aquela sensação inexplicável de poder se interessar intensamente por alguém e, ao mesmo tempo, não ter a devida coragem de abordá-lo

UMA NOVA E ÚLTIMA CHANCE

Hoje, um guerreiro, quase invencível, se despiu de sua armadura e levando as mãos à cabeça, retirou o elmo e caiu em copioso pranto (como uma carpideira em pleno ofício). Ele não fora um dos 300 espartanos, que morreram e foram eternizados. É apenas um dentre outros milhões de soldados, que vivem a se lamentar da má sorte que o destino lhes confiara. Já que durante os inúmeros combates enfrentados a derrota sempre fora iminente. A dor de seguidos fracassos em campanha lhe dilacera mais que quaisquer lâminas inimigas, uma vez que lhe fere a alma, e cicatrizes internas, em um combatente ativo, quase não saram de verdade, ficam a incomodar por todo o sempre. Esse guerreiro, homem já feito, chora, não por todas as derrotas sofridas, mas por uma em particular. Aquela que mudaria a sua vida, levando-o a um rumo seguro. Esta sim, é a derrota mais humilhante e que, até hoje, faz seu peito sangrar ao se lembrar dela. Ele é um constante ferido de guerra, fato que não o faz ficar for

DE UM AMOR PERDIDO

Involuntariamente escolhera o caminho dos desejos fugidios, pois quando se sentia saciado, o outro nada mais lhe acrescentava. Por muito tempo permanecera assim, com os olhos vendados, já que nada percebia, além do que o seu corpo sentia e lhe mostrava. Durante todo esse tempo, uma única vez, sentira algo diferente do habitual, uma coisa que não sabia como explicar e nem como lidar, já que nunca vivenciara tal situação. Preferiu pensar que era uma cisma passageira, não permitindo que a curiosidade e a empolgação o invadissem. O tempo passara lépido e, certa vez, estando sozinho a pensar, uma lembrança veio lhe perturbar. Era aquela mesma sensação que outrora o incomodara, só que agora, viera acompanhada pela imagem de alguém. Tinha uma vaga lembrança, mas a mente insistia em mostrar esse ser, como a querer resgatar uma página de sua vida, que se perdera lá atrás. Paulatinamente, como em uma sequência, fragmentos de fatos passados, vieram à tona, montando um contexto que não lh

DO GRANDE GUERREIRO

Uma vida sem lutas estraga qualquer jovem guerreiro, pois é sempre no fervor dos combates que se forjam e se aprimoram as habilidades de um combatente, que deve estar continuamente pronto para um possível conflito. Uma tranquilidade perene só é bem-vinda, quando já se foram vencidas todas as batalhas, aí então, é chegada a hora do descanso merecido do soldado. Quando as lutas não são algo presente na vivência do guerreiro, as suas habilidades não são testadas e assim, logo surgem pensamentos nocivos a sua constante concentração. São tantos e tão repetitivos, que chegam a fazê-lo fraquejar, deixando-o inseguro perante a qualquer insignificante situação do seu cotidiano. Nesse instante, ele percebe que começara um combate sem motivo aparente, apenas levado por sua inexperiência, fruto da inexistência de conflitos em sua vida. Nesse campo virtual de batalha, o guerreiro percebe que está sozinho, uma vez que essa é uma luta particular contra um inimigo bem pessoal, o medo, que com

DES[ESPERADO]INSPIRADO

Meu estado é grave, ou melhor, é gravíssimo! Acometido por uma fase complicada, motivada por fatores diversos e alheios, mas que podem causar consequências devastadoras em um ser sensível aos acontecimentos que tocam a alma. Ando sem ânimo, irritado e descrente de uma virada que altere essa fase. Pois percebo que os acontecimentos conspiram contra mim, já que andam se resumindo a mera rotina diária, que não é lá grande coisa, posto que é imensamente insípida, sem graça. Será que terei que chegar ao ponto de forçar uma situação para que a inspiração volte a me invadir? Será que terei que realizar a grandiosa mágica ilusionista de fazer desse meu mundinho de acontecimentos irrelevantes, em um coquetel Molotov para incendiar definitivamente a inspiração em mim? Diante de tais questionamentos, tenho a confirmação de que, realmente, estou desesperado, melhor definindo, desinspirado ao extremo. Toda essa situação desinspiradora me angustia! Tento, em vão, escrever textos concisos, co

RESGATE DA INSPIRAÇÃO

Essa imobilidade intermitente da pena do poeta dá pena, pois é o calar do som maior – a voz interior! É ela que brada com expressividade a angústia sentida e, muitas vezes, guardada; brada o amor almejado ou desprezado; a saudade pujante, enfim, as coisas do jeito que o coração e a consciência veem. Esse parar, “eterno enquanto dure”, parece antecipar a morte da inspiração que há muito já anda moribunda. Em alguns lampejos de sobrevida, umas poucas palavras surgiam, dando a falsa impressão de que, como a fênix − imortal que é −, ressurgiria mais viva do que nunca estivera. Neste penoso embate entre a vida e a morte, ninguém a socorrê-lo. Até a musa, uma companheira fiel (já não sei se é mais), o abandonara. Outros recursos também cessaram, uma vez que acontecimentos amorosos, políticos e do cotidiano, não mais ocorreram durante esse crucial momento. Fazendo-o, mesmo que a contragosto, ceder aos pensamentos de desesperança por parecer não existir mais saída, então o poeta baixa a ca

FANTASIA DE CARNAVAL

Jamais pensara que certo conjunto de acontecimentos inesperados, os quais, denominamos desde quando pensávamos em querer entendê-lo, de destino. Pudesse também, reger o que não existe ou o que não passa de um mero croqui da realidade cotidiana. Eu mesmo não teria pensado em data mais propícia que esta, para que o enredo fluísse tão harmoniosamente com o momento presente. Mas o tal destino, quis reviver antigas estórias momescas, onde personagens se apaixonavam por outros em festas coloridas e alegres. Nesse atual período de festa pagã, folião que não sou, permaneci em meu retiro doméstico. Por reflexo, como a querer passar o tempo ocioso, adentrei no mundo irreal da Internet, onde, inconscientemente, nos fantasiamos com codinomes diversos e distintos. Então, nada mais oportuno, que estar a caráter e, lá fui de Arlequim do amor, visitando os salões virtuais (chats) onde outras tantas pessoas com suas fantasias (codinomes) estavam. Findei por conhecer alguém que se escondia

DE UMA PAIXÃO INACABADA

Ainda hoje lamento o que entre nós não acontecera. Angustio-me em pensar que não experimentara o seu beijo, não sentira o calor do seu abraço e não vivenciara o sentimento, que, naquela época, aparentávamos ter. Hoje sou todo arrependimento, retrato de quem não soube aproveitar a rara oportunidade dada pelo destino! Então, o que fazer para sarar essa ferida, que mais parece um câncer a corroer-me a alma em um sofrimento contínuo? Muito tentei me curar, deitando em leitos estranhos com indivíduos idem, mas que apenas geraram os efeitos enganosos do analgésico, que nos dá a ilusória sensação do alívio definitivo, maquiando a doença ainda pulsante dentro de nós. Esquecer alguém que insinuara e deixara algo por realizar, despertando, assim, desejos que só cessariam se saciados, é muito complicado para um ser, constantemente, em estado rotativo de solidão e de carência. Por isso, é que, até hoje, sofro ao saber alguma notícia sua, pois sei que jamais voltará à minha convivência diá

UMA PAUSA PARA RENOVAR

Nesse momento de ausência, no qual a falta de inspiração foi a causa principal, mas não a única. A vida segue em ritmo normal, estado esse, que, às vezes, entedia, porque é sempre bom que algo abale as suas estruturas por certo período, já que a mesmice leva ao comodismo, que, por consequência, incentiva o ócio do mecanismo de reação existente em cada um. Um tsunami até que cairia bem nesse mar de tranquilidade em que se encontram certas vidas. Calmaria ruim e aparente, pois não representa a realidade cotidiana, sempre repleta de necessidades inerentes ao viver humano. Entretanto, nada que uma agitação como aquela não possa reverter. Visto que é na provação, que o homem se fortalece e se assim não for, significa que ele já caiu em ruína. Estando todos em aflição, teremos que assumir a responsabilidade,  assim como fez o titã Atlas,  de pôr nossos mundos nas costas para não os ver desabar e se espatifarem no chão do fracasso. Estimulando, dessa maneira, a nossa força interior e

UMA HOMENAGEM A VOCÊ COMO PRESENTE

Quando nascemos, a alegria foi em dobro, pois era uma gestação de gêmeos. Fora exatamente nessa data, há alguns anos, que conhecera a pessoa mais especial de toda a minha vida. Mesmo sem ter ainda o discernimento das coisas, pois estava em estado de estranhamento desse novo lugar, já sentia o imenso amor que desse ser emanava. Ao longo de uma convivência maravilhosa, terna e enriquecedora, fui descobrindo que a sua estatura, em nada refletia a imensidão de pessoa que era. Eternamente engajada no seu “dever” de mãe, já que não havia o peso de uma obrigação, mas sempre de satisfação e de realização. Foi constantemente zelosa para com os seus rebentos, sem nunca faltar com o amor, a atenção e a educação, criando todos com igualdade. Chega um tempo na vida, em que os filhos têm e precisam se apartar dos pais, atitude necessária para o crescimento de todos. Todos sofrem, porém é a mãe que sempre sente o aperto maior no coração, mesmo ciente que isso é a regra da vida. No meu ca

LIBERTAÇÃO

Sempre lutei e relutei em tirar do pensamento a tua figura, pois ainda resistia em mim um pouco da esperança em consumar aquele beijo que ficou no ar. Isso sempre se fez presente nas inúmeras vezes em que escutava falar de ti ou via uma foto tua. Hoje já não estou tão seguro de que devo mantê-la na lembrança, uma vez que reconheço que as nossas realidades são bem distintas e não mais me atreveria a novamente fazer parte da tua. Percebo que já não satisfaria os teus anseios, visto que eles sofreram enormes mutações. Desde já, terei que prometer a mim mesmo, que não mais me abalarei, quando ouvir o teu nome ou vir alguma foto tua. Tudo isso, só para dissipar essa falsa esperança que eu tanto alimentava e me prendia a algo que já não mais fazia sentido. Libertando, assim, todo o meu ser para um novo caminhar. Criado em: 25/12/2006 Autor: Flavyann Di Flaff