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Mostrando postagens de outubro, 2020

AMOR FUNCIONAL

Ele amava você como um funcionário público ama o seu emprego e todo dia em que seguia rumo à repartição, fazia o percurso para lhe ver. Assinava o ponto e alheio ao ambiente costumeiro, saía sem se despedir. Rotina que seguiu até se cumprir o tempo da aposentadoria, para, depois, ter todo o tempo livre, liberto, para melhor viver!   Criado em: 31/10/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

MITOLOGIA ANCESTRAL

Hoje, celebração de Samhain, na floresta encantada, vi meus entes queridos regressarem para me acalentar. A comunicação livre entre o domínio do além e a terra dos mortais, nesse momento, permite essa significativa ajuda espiritual. Estes tempos hodiernos consomem, aos poucos e a cada dia, através das nossas frágeis mentes, as nossas almas. Os nossos antepassados, vindos do Oeste, ouvindo os clamores, agem como Cuculan ao resgatar Ferdiad, ferido em batalha. Nossos corpos decrépitos, transformados em verdadeiras ruínas humanas pela labuta fomoriana do viver moderno, necessitam de renovo. Portanto, com o apoio daqueles, como Partholan, adormeceremos e acordaremos, não mais como antes, porém rejuvenescidos e cheios de vigor para cumprir a missão existencial que o Cosmos nos delegou. Criado em: 30/10/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

EMBRIAGUEZ IRREFLETIDA

Devido ao fato de a mente está cheia, embriagou-se o coração. Ébrio, ouviu o que não diziam, falou o que não devia. No dia seguinte, a ressaca bateu forte, mas não tanto quanto o arrependimento de ter cedido a pedidos que ninguém fizera e de ter declarado, aquilo de que não tinha plena consciência, a quem não merecia.   Criado em: 30/10/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

SUTIL VIOLÊNCIA

Quem mais agride, aquele que espalma ou fecha o punho e desfere um golpe, ou que faz alguém sentir-se mal através de gestos e/ou palavras? A violência está presente: só na ação ou na intenção? Só em quem a pratica ou também em quem incentiva? A violência reside nas sutilezas do convívio cotidiano, quem não tem a sensibilidade aguçada, não consegue percebê-las e acaba por naturalizar todos os atos dela.   Criado em: 29/10/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

EXPANSÃO DA URBI

No sagrado bosque, afloram, em distintos momentos, a fauna e flora. É a minha essência incitada por legiões de seres de um estranho mundo. Urbi nefasta repleta de templos de vaidade, egoísmo e ambição. Na sua ânsia em sobrepujar os outros, incendeia o meu recanto divino. Evitando o confronto, transmuto-me para outro elemento natural, mas a sanha daquela é incontrolável, angustia-me não a contornar. Às carnes druidas, lançam-se as bestas-feras românicas a fim de exterminar todo o conhecimento secular de um povo. Contudo, a História também nos legará o reconhecimento eterno em forma de celebrações hodiernas.   Criado em: 28/10/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

ESPERANÇA RENOVADA

O que sei é que meu peito inflou com a esperança insinuada! Se isso será o suficiente para me lançar para o alto, só o tempo e as ações dirão. Mas, desde já, torço por um desfecho agradável para ambos, e o que me foi insinuado, faça-me voar novamente no vasto e temerário espaço aéreo da paixão.   Criado em: 24/10/2013 Autor: Flavyann Di Flaff  

DESDITA SOLIDÃO

Um dia, por um desses motivos inexplicáveis da vida, o espelho da alma se quebrou – a crença ecoou pela consciência. Não por acaso, o silêncio ao fazer sala para o amor, fê-lo se ressentir de acolhimento e, desse modo, optou por partir. Se aquela impôs tal desfecho, não sei dizer, mas o amor foi flanar em outras plagas mais atenciosas e receptivas. Assim, restou-me a melancolia como companhia, talvez por não usufruir do reflexo, devido ao espelho perdido. Então, pela impossibilidade de perceber a sua aparência, acabei apaixonando-me por essa triste figura – uma fuga para essa presente solidão.   Criado em: 19/10/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

REACIONÁRIOS CÍNICOS

Pseudorrepresentantes de determinadas minorias e/ou instituições sociais fingem não saber que brincam com fogo, quando bradam, impositivamente, seus discursos engajados àqueles que, do ponto de vista ideológico, deles diferem. No momento em que os seus discursos proliferarem nas bocas e mentes do povo deste país, em cada esquina, teremos uma Faixa de Gaza, onde um matará o outro por pura intolerância.   Criado em: 20/10/2015 Autor: Flavyann Di Flaff

ESPERANÇA LÍQUIDA

Sou semente querendo germinar, sou broto querendo vingar; sou tronco cortado, querendo reviver! Busco incessantemente o cheiro das águas, mas só encontro toxicidade. Olho ao derredor, nenhuma miragem para me iludir. Só a seca indiferença, um veneno para quem busca florescer! Apesar de tudo isso, o instinto de sobrevivência me mantém firme no propósito de renovar a vida, em um novo nascer aos auspícios revigorantes do cheiro das águas – esperança viva de mudança.   Criado em: 14/10/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

MOMENTO DECISIVO

                      Por que teimas em permanecer neste sepulcro caiado em que se tornou o templo que a ti conferi? Não desejas habitar aquele outro que está enfeitado de verdadeira felicidade. O mundo exterioriza as maldades que pensamos guardar para os outros, mas que só fazem mal a nós mesmos. Os medos assombram, de dentro para fora, o que antes era um templo de louvor. Deste, quase nada mais resta, a não ser apenas o aspecto, pois a essência, se ainda resiste, foi murchando, secando lentamente, até se fazer imperceptível a olhos nus de autoconfiança. Senhor, tu bem viste a luta interior que travei! Peleja renhida cujo inimigo bem me conhecia e usando desse conhecimento que possuía, abalou-me fortemente. Mal começara o embate, já estava a me entregar. Dias intermináveis de pressões psicológicas e emocionais idem, nos quais só pensava em fugir, porém, para onde, se em qualquer lugar o adversário estava. Era enfrentar ou sucumbir para todo o sempre! Decisão difícil a ser tomada, pois

DA VERDADE

A verdade é aquilo que já sabemos, porém a ignoramos.   Flavyann Di Flaff       12/11/2020

RESISTÊNCIA FRAGILIZADA

Que melancolia é esta que paira sobre a minha cabeça como a simbólica pomba branca do espírito santo, porém, em vez de emanar a energia que renova e dá forças, leva-me a um passado derrotista e me abate, prostrando-me. Luto para não ceder, é uma luta hercúlea, renhida, desleal, na qual o inimigo é virtualmente mais forte. O dia assim vai findando... com essa peleja me consumindo, sugando as minhas forças, que parecem ser as últimas de minha fragilizada resistência... e caio num pranto silencioso seguido por pensamentos confusos, numa montanha-russa de angústias involuntárias que, aos poucos, chega ao fim junto com esse dia.   Criado em: 08/10/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

EM DEFESA DAS NOSSAS RESERVAS

                                Por muito tempo, sofremos influências e interferências europeias nas mais distintas áreas institucionais. O fato que se passou e agora vou contar-lhes, não passa ao largo disso. Eram meados da década de 30, quando, lá pelas bandas do nordeste brasileiro, o açúcar estava em alta e toda cidade prosperava junto, um rapaz resolveu, por convenções da época, iniciar a sua vida sexual em uma casa apropriada para tão relevante fase de um futuro homem. Nessa ocasião, as pensões de moças desfrutáveis se proliferavam e seguiam o ritmo das classes sociais. Tinham as de nível rasteiro, para os trabalhadores braçais; as de nível intermediário, para os agenciadores de mão de obra e, por fim, as de nível alto, para os senhores de engenhos, cheios de dinheiro para gastar. Estes chegavam a dar mimos para as suas moças prediletas. Mas o nosso jovem não vinha desse berço, nascera sobre uma cama de vara e aos cuidados de uma velha parteira, portanto cobres eram o seu fraco.

O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA

A leitura, através dos livros, deu-me asas que me levaram ao olimpo do conhecimento. Deslumbrei-me com tamanha gama de informações, um horizonte infinito acerca de um mundo secular. Contudo, foi-me cobrado um alto preço por tal conquista: cair em si! A partir de então, o peso de tudo saber me encheu de especulações angustiantes, o que acelerou a queda. De forma vertiginosa, fui caindo em si até o impacto com o real me fazer consciente a respeito da urgente necessidade de mudar a minha realidade. Se assim eu não agir, tudo o que conheço como lazer, não passará de uma contínua fuga, uma vez que, ao retornar à minha vida cotidiana, só encontrarei um grande e infinito vazio, posto que as coisas, nela, continuam do mesmo jeito, cheias de problemas. O que, aparentemente, seria a solução, foi apenas mais uma fantasia entorpecedora, geradora de prazeres fúteis e momentâneos – uma droga que nada cura e só causa o vício. Diante dessa tomada de consciência, decidi mudar para o melhor de mim, desl

ABUSO IMPROVISADO

Cansado das lutas diárias, não consegui dormir, então fui deambular para desacelerar o pensamento. Já andava por um bom tempo, quando, ao passar por uma rua, ouvi um débil ruído. O que me fez cessar o passo e olhar ao redor na intenção de identificar a fonte daquele, mas nada visualizei. Retomei os passos e o olhar para frente e prossegui, porém não fui tão longe. De repente, abordou-me com a brutalidade típica de quem quer impor a sua vontade! Já me pegou e puxou pelo braço até me levar a um veículo, improvisadamente, esquecido em um quarteirão mais adiante. O cenário fora cooptado para o evento que estava a acontecer, a noite se encontrava muda e em luto fechado; a artificialidade brilhante se ausentou dali, cúmplice, e a presença de vida parecia uma pálida lembrança àquela hora naquele local. Com um leve sorriso nos olhos, a pessoa que me conduzia coercitivamente, parecia antecipar, na mente, o sórdido prazer que sentiria enquanto o interminável momento daquela ingrata surpresa aind

ANDAR NA LINHA

  Quem se disfarçar por entrelinhas, um dia, o trem pegará!   Flavyann Di Flaff      03/10/2020

PAÍS DA MÃE JOANA

          “[...] Vivemos dentro de uma bolha, que eu chamo de bolha democrática, onde tudo funciona perfeitamente. [...] Mas mudar de governo não significa mudar o poder, e este é o drama da democracia. [...]” (José Saramago) As três únicas coisas que mexem e deixam a CANALHA POLÍTICA deste imenso país ouriçada correspondem, respectivamente, à CRIAÇÃO DE NOVOS PARTIDOS, às ELEIÇÕES e, de forma implícita, a terceira está contida nessas duas. Pois estando filiado a algum partido e ganhando uma eleição, a oportunidade de ASSUMIR O POSTO DE DONO DO ERÁRIO PÚBLICO é certa. O nosso país é tão democrático, que novos partidos são criados ao apagar das luzes do prazo estabelecido pelo TSE. Criar partidos políticos nesta nossa democracia é como criar uma nova quadrilha... junina, uma vez que para ocupar a rua é necessária uma lista com inúmeras assinaturas dos moradores do bairro. A democracia por aqui é tamanha, que os pressupostos senhores do erário público criam e aprovam as leis que os