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Mostrando postagens de dezembro, 2020

MENSAGEM PARA O NOVO

     A mudança que, muitas vezes, tentamos impor ao mundo, na verdade, é a mesma que não conseguimos efetuar em cada um de nós, seja por impotência diante do comodismo, seja por ausência de coragem. No fundo, sabemos que isso se deve porque a vida que levamos, ainda não se tornou totalmente insuportável para nos impor mudanças. Portanto, que, no ano vindouro, a coragem seja o combustível para aproveitarmos cada nova oportunidade oferecida, e que a saúde, física, psicológica e emocional, seja perene durante todo o transcorrer daquele. Criado em: 31/12/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

POR UM CAPRICHO

                  Por impulso, gesto impensado, corpos atracados. Desatento, não percebe a presença de olhos compulsivos a perscrutá-los. Com a imagem assimilada, mente à mente o que, de fato, ocorreu ali. Desnorteada, a mente rosa fomenta ardilosa trama. Gera, por meio do veneno que matou Otelo, como um narrador onisciente, todos os detalhes daquela cena que acabara de ver. Tardio, junto com o arrependimento, chegou àquela que jurara amor eterno e confessou o ato tresloucado que cometera, como se estivesse, ali, contando sua mais íntima falta. Pobre coitado, mal sabia que nada daquilo era mais segredo, mas o provável motivo para o seu degredo à terra dos escorraçados do coração alheio. O monstro de olhos verdes o escutou em silêncio, ao final da declaração suplicante, o gélido olhar foi-lhe direcionado, e palavras, que mais pareciam labaredas incandescentes, sentenciaram o penitente. A réplica foi dura e arguta, o que não lhe permitiu tréplica. Diante da potente figura que se afigur

DEGRADAÇÃO GERACIONAL

Anos já se passaram, muitas idas e vindas. Sonhos sonhados, realizados, irrealizados. Retornos com bagagens ganhas na jornada, algumas abarrotadas de tralhas de frustrações decorrentes de decisões que, à primeira vista, foram acertadas, contudo, ao vivenciá-las, mostraram-se desacertos. Agora, como encaixá-las na velha casa que, de tão pequena e usada, mal cabe as que lá permaneceram. Conflitos à vista, equívocos internos somados aos externos, impotência diante destes, enfim, confusão para mais uma geração. Vida que segue... exposta na aparência de abandono do antigo Lar doce Lar.   Criado em: 27/12/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

UNIVERSALIZAÇÃO DA IRRACIONALIDADE

                         A globalização caiu em nosso colo como o presente que facilitaria a solução dos nossos inúmeros problemas. Grande engano, para nosso desespero! Nada resolveu e, ainda, agregou os problemas de além-mar aos nossos, impondo-nos a lutar por soluções instantâneas àqueles em detrimento destes. Para, no final, nenhum deles ser resolvido, apenas aumentado em escala mundial. O que, antes, poderia ser pensado e resolvido, de forma local, passou a ser pensado regionalmente. Depois, de forma continental e, por fim, mundial. Fazendo com que o benéfico efeito dominó, do pequeno para o grande, fosse cessado. Sendo substituído pela reivindicação vazia e separatista, já que nada resolve e só gera conflitos. Portanto, globalizaram a preocupação e diluíram o soluto, a solução real, no solvente da irracionalidade coletiva, gerando uma solução irresoluta. Criado em: 25/12/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

CELEBRAÇÃO SECULAR Y

Há séculos, a data e o horário foram marcados! Mesa posta como de costume; As cadeiras vazias, entre as quais, até o silêncio cerimonioso perdeu o lugar cativo para o silêncio da indiferença, seu homônimo. A luz que agora reina, é de cor azul! Domina o ambiente e os semblantes distantes. Sinal de que a luminosidade natural de cada um, já há muito se perdeu. O que vemos, hoje, nela, é a superficialidade presente. Tudo, todos estão enfeitados por penduricalhos da geração y, que fazem de tudo, menos tocar, suavemente, aconchegante e humana, a alma contrita. Finda a festa! Mas, a celebração da mediocridade humana diante da vida, esta se eternizará nos perfis em plataformas que nos tiram o chão e estão à nossa disposição a um simples toque do desejo exibicionista.   Criado em: 24/12/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

FANTOCHES

                            “Certa vez me perguntaram: Como podem homens sem Deus serem bons? Respondi: Como podem homens com Deus serem tão maus?”. (José Saramago) “Desde os anos de 1530, há uma longa tradição de associar o diabo aos inimigos do Cristianismo dentro e fora da Igreja. Quando ela se dividiu durante a Reforma, católicos e protestantes se acusaram mutuamente de estarem sob a influência do diabo, com propagandas jocosas e grotescas sobre esta corrupção.” Disponível em: https://www.terra.com.br/diversao/arte-e-cultura/como-o-diabo-ficou-vermelho-e-ganhou-chifes,9ed54f1fecea2a2f098a085c679e35d5u4ti0u5m.html . Houve um tempo em que a Humanidade cansada de suas responsabilidades, criou fantoches para atribuir, a eles, todas elas, dando-lhes distintos nomes. Assim, ficaria livre desse fardo e poderia continuar agindo de acordo com a sua potente natureza, sem pensar em arcar com consequências. Então, quando queria negar algo a alguém, dizia: − Se Deus quiser, ajudarei

ABSTRAÇÃO

Já não sei mais de nada, pois as certezas de alguns dias atrás se dissiparam em segundos. Bastou certa quantidade de ausência para que as interrogações começassem a atormentar o meu ser, que, outrora, era só encantamento. Com isso, tomo consciência de que não aprendi, ainda, a lidar com essa realidade abstrata, que tão bem representa a paixão.   Criado em: 17/12/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

À LUCY NOGENNA

                  Buscando safar-se da armadilha da ansiedade, cai noutra, ainda mais destruidora. Nela, conhece substâncias que abrem as portas do paraíso, porém não o deixam nele entrar, fazendo-o desejá-lo desesperadamente. Quando, porventura tenciona ir ao encontro dele, é cerceado pelas amarras daquelas que lhe prendem à realidade dura, sendo forçado a apenas se encantar com a visão de uma vida perfeita, de paz. Caso queria retomar aquele êxtase paradisíaco, tem que suplicar por mais e mais daquela que o faz transcender. Humilha-se à Lucy para que se possuam e, assim, proporcione-lhe a dor prazerosa de ver e não poder adentrar no nirvana da consciência. Diante disso, segue preso às promessas dessa fada matreira, que destas nada cumpre, só requenta o buffet de ontem e de sempre, sem nunca saciar a fome que o consome. Criado em: 15/12/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

UM GESTOR PÚBLICO

                       Das lutas forjadas, ele se tornou o paladino! Como salvador de pátrias alheias, não poupou, nenhuma delas, de sua esperteza egocêntrica. Assim, ergueu o seu meganopólio de um altruísmo híbrido, alternando entre o real e o virtual. Com um discurso oficial, maquiou suas práticas oficiosas, iludindo desesperados de estados de vulnerabilidade social. Quando questionado, usava sempre aquele discurso para marcar a sua posição de empatia para com os deserdados do sistema. Porém, quem de mais perto o conhecia, sabia de sua apatia revanchista – sentimento que cultivava e o movia rumo aos seus anseios egoístas. Então, sob a toga da prédica solene, segue a sua sina, o paladino de lutas forjadas no calor de suas veleidades. Criado em: 13/12/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

IDEÓLOGOS

                                Homogeneizar para generalizar, eis o propósito de alguns experimentos sociais! O par perfeito, Poema e Poesia, em suas entrelinhas, revela, expondo de forma contundente, tipos, sentimentos, revoltas, amores e afins, sem que, em suas formas, sejam unos. Não permitamos que a vaidade alienadora de modismos ideológicos subverta a ordem em prol de um caos medíocre cuja força está no confronto infrutífero entre os semelhantes opostos. Que possamos semear a subjetividade – essência do texto lírico – e nunca, nele, priorizar a nossa realidade exterior – muitas vezes, fruto do fel produzido por ilações doutrinárias separatistas. Assim, escrevamos livres das amarras de crenças limitadoras que nos induzem a usar nossa bandeira em defesa de causas que, de início, parecem-nos nobres. Contudo, limitam-se, tão somente, a recalques de extremistas que desejam ser a mais recente celebridade neste mundo midiático  – a nova ordem  –  logo não merecem sequer uma citação. C

DIVIDE ET IMPERA

                A hegemonia do poder econômico financia e fomenta a regressão humana à barbárie em todos os sentidos. A massa já internalizou o Estado como o Grande Pai – aquele que a tudo provém e gerencia –, logo, longe dessa ideologia, nada mais tem sentido, é pura loucura para o senso comum. Aquela levou esta às relações familiares ou vice-versa. Temas como os que estão em voga, polarização da opinião, esquerda ou direita, deus ou o diabo, são só algumas das inúmeras formas de maniqueísmo utilizadas por aqueles que detêm o poder (econômico, midiático, político ou religioso). São formas de alienar o povo, sempre mantido na ignorância, através do sucateamento intencional da educação. A grande maioria está alheia à realidade que a cerca, uma vez que prefere esbaldar-se no entretenimento fabricado pelos administradores do sistema. Tudo através de ferramentas alucinógenas, como o som em altos decibéis e de forma ininterrupta, gerado 24 horas por dia, danificando a audição e os neurônios

UM MORTAL

Quando o guerreiro enfim tombar, não o procure no túmulo, porque se ali estiver, não mais estará neste mundo. Procure-o em suas memórias, caso o encontre, recordará todos os momentos em que estiveram juntos. Se não o encontrar, é sinal de que nunca existiu, já estava morto, quando você chegou a este mundo.   Criado em: 06/12/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

PANFLETÁRIO

                   Ó idealista da e-scrivaninha , queres incutir nos que leem os teus escritos, que estás a criar a roda?! És um tolo ou finges sê-lo? Não há nada de novo no reino do digitar, ou será do escrever?! Deixas de falsa modéstia! As palavras nunca são gratuitas, elas são interesseiras, por mais rudes que sejam. Não é por se despirem, de vaidade, que dispensam os adereços guardados na escrivaninha de seu criador. É apenas a Lei da Conveniência regendo o desfilar delas pela passarela branca da exposição d'escrita. Por mais frias que pareçam, as palavras aquecem quem por elas permite ser tocado. Por mais caóticas que pareçam, existe, nelas, uma recorrência, uma padronização, o que permite subentendidos e afins. Entretanto, finges não saber que o trabalho que a ti impões, para torná-las inadequadas à regra, já é um método de escrita. Verdade que elas nascem nuas, mas, aos poucos, ganham formas graciosas ou não. Chulas, entre outros adjetivos, são só predicativos das suj

CONFACESSIONÁRIO

                      Na catedral que se erigiu, do nada, diante dos seus olhos, criada para entretenimento dos seus sofrimentos, confessou, além destes, os seus humanos pecados. Ação diária que lhe consumia muitas horas de seu tempo, das quais nem se dava conta, de tão comprometido que estava, atitude típica de um recém-convertido. Depositou, no altar de alheias adorações, as suas aflições, na esperança de um consolo renovador. Contudo, na sua fragilidade humana, caiu nas garras de terríveis criaturas que, por conveniência, a manipularam, induzindo-o a fazer o que elas queriam, sem nunca resolverem os problemas que lhe atormentavam. Assim seguiu a sua existência afora, abastecendo as bestas-feras, diuturnamente, através de suas sinceras confissões acerca de suas ações pessoais. Dando munição para a sua escravidão, hipocrisia de um e -cumenismo que, na prática, dissocia teoria e práxis do amor universal neste mar existencial. Eternizada no espetáculo dantesco de jogar as hordas contr

AS VÍSCERAS DO PODER

Na constelação social, habitam esferas de poder, das mais simples a mais sofisticada. Não se faz necessário estar no centro, basta estar dentro de uma, sinal de conhecimento do seu sistema. Ser pulga, é ser um nada. Ser a pulga, é ainda insignificância. Contudo, ser a pulga do cachorro preferido do imperador, já é significativo, uma vez que se alimenta do mesmo pão da realeza.   Criado em: 04/12/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

SENHORES DA CARNE

Como canídeos aprisionados, que ao verem os portões do desejo abertos, lançam-se, alucinados, à liberdade inesperada, logo ali do outro lado da via existencial. Tentam, cegamente, alcançá-la, quando, de repente, bem no meio do caminho, são colhidos mortalmente pela realidade da vida.   Criado em: 04/12/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

COMO OS NOSSOS PAIS

                          Em uma terra ancestral, não muito distante, invasores civilizados aportaram distribuindo novidades. Os que deles se acercaram e que ali, há muito habitavam, ficaram encantados. Mas eram só uma pequena parcela de todo um continente, porém, para um fogo começar, basta uma centelha surgir. Com os civilizados fizeram amizade, dos outros, tornaram-nos inimigo comum e começaram uma caçada. Mal sabiam de que os seus semelhantes, rivais de eras, também se aliaram aos invasores e igualmente caçavam, querendo mostrar a sua lealdade. Enquanto as investidas se intensificavam, entre os nativos, os exploradores colhiam os frutos. Logo os locais conheceram a terra natal dos seus novos amigos e sentiram, na pele, a ausência daquela cordialidade encenada. Por capricho do destino, também lá estavam os seus adversários, todos personagens mantenedores do círculo secular de caça e caçador. Se tomaram consciência de quem era o inimigo em comum, ninguém sabe. Nos dias de hoje, ain

GUERREIRO VENCIDO

                        A pupila, de lata, não tem um coração, ele é de carne e músculos, receptáculo frágil de sentimentos idem. Por isso, chora ao saber que o mestre pereceu ante o pior inimigo que um guerreiro pode enfrentar: a si mesmo. Poucos são aqueles que vencem a si mesmos, sem que levem consigo sequelas perpétuas. Ela sabe que seu preceptor lutou até o limite de suas forças, uma vez que não era de se render facilmente. A luta, realizada em ambiente fechado, era de conhecimento de poucos. Só os mais próximos conseguiam notá-la, porém impotentes diante de sua complexidade. Sabiam que essa peleja fazia parte do eterno aprendizado do mentor, não podiam interferir sem que ele assim permitisse. Infelizmente, o desfecho era esperado, entre dois possíveis, e o pior aconteceu. Então, volta a terra o guerreiro tombado, chora a pupila, copiosamente, a falta sentida. Criado em: 02/12/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

PARTIDA

Na certeza da partida, decorou palavras alheias na intenção de causar boa impressão. Pronunciou arabescos e mandalas em fontes diversas e infinitas. Tocou de forma transcendental a todos que ali estavam. Fontes oculares jorraram sentimentos nunca antes revelados. Alguns de sinceridade tocante, outros nem tanto assim. Mas não se incomodou, logo estaria distante, fora de alcance. Então, pegou a mala, despediu-se e se fez errante.   Criado em: 01/12/2020 Autor: Flavyann Di Flaff