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Mostrando postagens de setembro, 2021

ANGÚSTIA INTEMPORAL

  Balança sobre a minha cabeça, o pêndulo do Tempo! Simultaneamente, convenções sociais me cobram agilidade em múltiplas tarefas. Ambos me angustiam, pois sei que me consomem de formas distintas. Prazeres são disponibilizados para esquecer a vida que se leva, manipulada por aqueles dois fatores. Eles vêm em capsulas, em estado fluido ou viscoso, gasoso ou em pó, mas não são feitos para celebrar; são entorpecentes para a nossa consciência, castração para o despertar que liberta. Balança sobre a minha cabeça, o pêndulo do Tempo! Corrói-me a falta de tempo o ócio das obrigações diárias que me fariam são, livre das angústias projetadas por uma realidade imposta. Afinal, salutar seria o equilíbrio entre o desfrute e o ócio desse ser imaterial que compõe esta passagem terrena. Criado em: 30/09/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

A GRANDEZA ESTÁ EM SER PEQUENO

  A vida consiste em infindáveis mistérios, dos quais quase ou nada sabemos. Muitas vezes, acabamos por desvendar alguns por mero acaso, quando estamos a divagar sobre outras tantas coisas que nos cercam. Certo dia, estava eu a pensar na finitude do ser humano, quando me veio aquela máxima que diz: “A grandeza consiste em ser pequeno”. A partir daí, o pensamento fluiu como água no leito de um rio. Analisando a questão, em princípio, percebemos que são antagônicas; porém, com mais cuidado, vemos que também são convergentes. Estas grandezas escalares, grande e pequeno, remete-nos às duas fases do ciclo da vida. A segunda, à infância; enquanto a primeira, à velhice / maturidade. Notamos, então, que aquela máxima começa a fazer algum sentido. Contudo, ainda necessitamos de mais subsídios para melhor a compreendermos. Para isso, partimos da seguinte questão: Como ser grande, sendo pequeno? Em um mundo que nos cobra constantemente características inerentes a um super-homem, portanto,

REDE DE EXEMPLOS PATOLÓGICOS

    Depois do rompimento traumático, pegou uma prancha maneira e foi curtir, com ela, uma nova vibe . Dada a paisagens naturais, ela logo o encantou, e com esse novo objeto de sua paixão, seguiu a filosofia do popstar : ir na onda que mais longe o levar. Afinal, queria fugir da realidade que o seu reflexo reverso sabotou, e, assim, deu cutback , hang-five , hang-ten , transformando-se no melhor e maior exemplo de superação pessoal das redes. Foram dias de pura curtição! Sob o cavalo indomável da emoção, desfrutou momentos de prazeres fugidios, mas a cabeça – acusadora intermitente –, lembrava-o de que o coração era prisioneiro do passado. A vida do ex-Outro parecia fluir bem, também! Mas era só capa, hábitos nem sempre fazem monges. Estes, calados, escondem feridas que não cicatrizam, apesar dos que as têm, procurar a cura sempre ferindo alguém. O mundo gira, quem não sucumbira à dor, iludindo-se ao impô-la a quem estava são, sofre inevitável e merecido revés. Cai no jogo da dor su

IMPOTÊNCIA

Da janela da alma, vejo a menina castanha a soluçar dores infindas. Queria dizer-lhe palavras de consolo, mas a garganta profunda que nos separa, impede-me de pronunciá-las, entaladas ficaram lá. Queria confortá-la, porém as dores pareciam as minhas, e impotentes, meus braços permaneceram estáticos. As pernas idem, quando eu quis ir ao encontro dela. Então, assim, paralisado, sofri calado, sem poder ajudá-la.   Criado em: 20/09/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

GERAÇÃO PANDÊMICA

Não imaginava que tanto avanço tecnológico traria tamanho retrocesso ao ser humano. A cada novo lançamento, somos remetidos ao que temos de mais primitivo em nossa humanidade. A geração que se apresenta é imagem e semelhança de uma racionalidade patológica quase hegemônica na sociedade. Há, naquela, uma imensurável e generalizada insensibilidade à dor do outro, coisa que só víamos em alguns da nossa espécie. Uma geração alheia à realidade que a cerca, vivendo em um mundo de projeções do real, onde não existe a mínima noção de consequência dos atos cometidos, fruto da ilusão de uma terra sem lei, sem dor física ou psicológica, sem nenhum limite. O aprendizado por meio dessa experiência de estímulos desenfreados gera mudanças comportamentais relevantes, pois torna a parte animal de sua natureza como a mais dominante. A conivência e a omissão de muitos genitores aliadas ao uso descontrolado e abusivo das tecnologias estão produzindo uma geração de indivíduos extremados, seja na sua

RESGATE PUERIL

  Como é duro voltarmos a ser criança, depois de tantos fardos postos sobre os nossos ombros! Talvez, quando, cansados, pararmos um pouco e colocarmos a carga no chão; a meninice nos sorria e estenda a mão, dizendo-nos que o que levamos são apenas brinquedos quebrados, dos quais ainda não desapegamos; e que está na hora de consertá-los para termos de volta a felicidade. Distribuindo-os a todos que deles precisarem pelo caminho, resgatando, por meio desses mimos, a criança feliz que fomos um dia. Criado em: 16/09/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

MUNDO ENCANTATÓRIO

            A vida fora da tela é morta, dentro dela, é cheia de vida. Nessa pequena tela, as pessoas são livres para fazerem o que bem quiserem e entenderem. A banalização da vida em si é ratificada a cada acesso ao Mundo do Nada, não faz sentido lutarem, só para viver o tédio da mesmice da existência real. Dessa forma, trancam-se em seus quartos para fugirem da realidade, mergulhando, através de seus guarda-roupas tecnológicos, no Nada. Lá, vivem situações, todas elas previsíveis, customizadas ao gosto do freguês, em vez de aventuras, justamente por não serem espontâneas.      Quando voltam à realidade, é como se as horas não tivessem passado e ninguém sentisse falta delas. Então, entediadas, retornam constantemente ao Nada para reencontrar seus amigos encantadores. Juntos, viverão aventuras que lhes farão experimentar sensações reais, porém sem as consequências típicas de cada uma delas, o que lhes tornarão insensíveis diante da convivência social real, em um círculo viciante e dest

TRANSFORMAÇÃO

O que mudou? Foi só o tempo? O vento? As estações? O pensamento? O ponto de vista? O movimento? A força? A velocidade? Os hábitos? Ou mudamos nós?   Criado em: 12/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

DIVERGÊNCIA SILENCIOSA

  Escuto, ao longe, o toque de silêncio! Alguém que, nesse instante, não está mais entre nós, recebe a homenagem derradeira. Coincidentemente, algo que tanto prezava, esvaiu-se, não mais reside em nós. Foi-se, massacrado pelo silêncio que diverge daquele que homenageia, pois fere, separa, isola, cala e mata.   Criado em: 12/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

CASTELO DE AREIA

O passado teima em me iludir com as lembranças de coisas boas que ficaram nalguma faixa do tempo. Mas o presente é enfático, com sua realidade nua e crua, sempre a influenciar o futuro, que espera ansioso por existir. Então, se o futuro é construído por atos concretos do presente, não serão lembranças que o erguerão.   Criado em: 12/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

RESSACADOS

  Depois da imersão na estupidez dos prazeres mundanos desse feriadão nacional, acordamos diante de uma realidade imutável, entorpecidos pela ressaca dos diversos e distintos discursos embriagantes de um país ideal. Todos proferidos por pseudossalvadores da pátria, verdadeiros párias da democracia.   Criado em: 08/09/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

FARSA OPOSICIONISTA

Quanto ao nosso viciado sistema político, não devemos ser ingênuos. Cá entre nós, os políticos da oposição querendo parecer críticos ferrenhos dos da situação, apesar de usufruírem dos mesmos privilégios que aquele sistema lhes oferece, é um verdadeiro tapa na cara da sociedade. Enquanto fingem ser oposição, bombardeiam os que estão no controle da máquina pública, através do universo midiático, com exigências impossíveis de serem atendidas, do tipo: Emprego para todos, manutenção de um Estado totalmente assistencialista, entre outras. O que causa indignação não é tanto a impossibilidade de vê-las atendidas, mas o fato de ver que os opositores, na verdade, não querem que elas sejam realizadas, para que, assim, eles tenham o que prometer na próxima eleição. A política pressupõe um mundo que não é o ideal, onde seres humanos não são ideais e a realidade não é como desejamos. Não há política sem diálogo, sem negociação e concessão; em resumo, sem o famoso “toma lá, dá cá” e as suas inú

DESINTELIGÊNCIA

  Com o avanço e consumo acelerado das novas tecnologias, temos visto, simultaneamente, o crescente adoecimento das relações sociais em seus mais diversos e distintos tipos. Não se faz necessário elencar todas as patologias aqui, mas uma, em especial, nos chama a atenção, e é justamente a que diz respeito ao comportamento social. Esse, se não proporcionar uma interação saudável através de atitudes idem, pode gerar inúmeros problemas para o próprio indivíduo e para os que o cercam. Podemos citar, por exemplo, o que ocorre com algumas pessoas aficionadas que "maratonam" séries, jogos e influenciadores digitais de atitudes questionáveis. O que sucede é comparável à apreensão comportamental que os animais recém-nascidos fazem dos adultos em uma realidade cotidiana, a qual proporciona um aprendizado de mundo baseado nos exemplos visualizados. No caso das pessoas, a apreensão é feita através dos exemplos vistos nas telas digitais (no mundo da representação/simulacro do real), o

APAGAMENTO SOCIAL

Houve um tempo que imperava o termo “polivalente”, depois, foi substituído pelo “especialista” e, mais recentemente, pelo “colaborador”. Este termo, a médio ou longo prazo, será responsável pelo apagamento da relevância representativa de muitos profissionais celetistas que contribuem para a manutenção da sociedade em que vivemos. Chegará o dia a que não teremos mais professores, médicos, advogados, bancários, dentre tantos outros, da forma como até hoje os conhecemos. Todos eles serão conhecidos, apenas, como meros colaboradores do sistema ao qual pertencem. Portanto, teremos os colaboradores do Sistema de Educação, do Sistema de Saúde, do Sistema Judiciário, do Sistema Financeiro etc. Legitimando, dessa forma, aquela máxima subliminar do mundo dos negócios que pensa, quando a crise aperta, que todo colaborador é só mais uma peça substituível e um número na estatística social, seja para o bem, seja para o mal da mesma sociedade em que ele está inserido. Criado em: 02/09/2021 Autor