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Mostrando postagens de junho, 2013

INDÍCIOS DE UMA TRAGÉDIA

O porto, antes, seguro, fez-se terra firme! A intrépida nau das emoções e sentimentos há muito sumiu do mar e se aboletou no estaleiro das coisas previsíveis. Reflexo do tenebroso costume em que se converteram as ações iniciais, antes cheias do brilho da novidade. O tempo passou e, com ele, as estações mudaram. O que antes dava frutos, hoje só tem espinhos. A fonte que outrora jorrava gênesis, agora só lágrimas de apocalipse. Mas segue a costela de Adão a nada se fazer entender – inquisidora hipócrita de pecados  –  pois também são seus. A terra, antes, firme, fez-se movediça! A garantia de reciprocidade ao que seria ofertado, aos poucos, fragilizou-se. O que era basilar, desfez-se em grãos de descontentamento mudo, iludindo o par, já que a estrutura continuava intacta. Nesse faz-de-conta surge a Esfinge, só para cumprir com o seu ofício especificado há milênios, entretanto a sua presença, claramente, tinha ares de zombaria. Uma vez que a tristeza devorava lentamente uma das par

HOMENAGEM À LUA DE ONTEM E SEMPRE

Ontem, ela me apareceu do nada! Sem aviso prévio, sem insinuações anteriores, apenas apareceu, e ali, estaticamente linda, com o olhar de luz a me fitar, sorriu radiante. Sem reação − estado típico de menino diante de uma mulher − tudo desejei fazer, mas nada fiz. Apenas fiquei ao bel prazer do encantamento que ela me causara. Então, eu, reflexo do que li, senti-me como um príncipe, porém pequeno diante da formosura de sua prateada face.  Lembre-se de que será responsável pelo que cativar, um pequeno príncipe me segredou! Então, revelo o meu pedido: quando esse apogeu se desfizer, que não se esqueça de sempre velar meu sono, minha linda e super lua. Criado em: 24/06/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

TEATRO DE GUERRA

Na Faixa de Casa para a rua, o barulho ensurdecedor dos fogos a estourar pelas mais diversas partes da área residencial impera. Sem se importarem com crianças de colo, velhos, doentes e os cansados do cotidiano pela sobrevivência de cada dia e em nome de uma devoção tradicional, que em nada advoga em prol do comércio dessas "armas festivas", investem contra a paz e o sossego coletivos. Da janela de um prédio residencial, vislumbro o cenário dessa guerra sacrossanta no qual a queima da vegetação, que fora tomada das nossas matas, gera um nevoeiro denso e de odor insuportável como gás lacrimogêneo de forças repressoras a nos impelir a não lutar pelo nosso direito de ir e vir, sem que soframos coação alguma. Escaramuças de soldados intocáveis... que ECA! manipulados pelos Senhores do Caos que os protegem, seguem alimentando a cena dantesca com mais e mais artigos dissimuladamente infantis, porquanto possuem aspectos e consequências semelhantes a materiais bélicos. Aquelas são e

O CORVO

Numa tarde singular de maio, o corvo, encoberto pelas sombras dos acontecimentos, vislumbra dois vultos a confabular coisas de alcova – ensaios de alguma traição. Permanece estanque, observando e ouvindo todo aquele falar confuso, pois, da língua dos homens, nada entendia. Mas como se recordasse um tempo ido, veio à memória flashes de quando cativo na casa de alguém que, levado por uma superstição, o libertou. Tal lembrança veio, não por ter sido maltratado, enquanto cativo, mas por ter ouvido uma sonoridade e um cheiro peculiares à sua memória animal. Não tinha familiaridade com os papagaios, de semelhante, só o fato de serem da classe das aves. Mas o período de convivência imposta e contínua, fez com que aprendesse a distinguir aquele específico som e cheiro, pois os mesmos representavam o nome do seu carcereiro e o aroma de alguém que muito frequentava a casa do mesmo. Portanto, ao ouvir aquele som e sentir familiar aroma, percebeu que se tratava de alguma trama malévola contra o