Pular para o conteúdo principal

INDÍCIOS DE UMA TRAGÉDIA

O porto, antes, seguro, fez-se terra firme! A intrépida nau das emoções e sentimentos há muito sumiu do mar e se aboletou no estaleiro das coisas previsíveis. Reflexo do tenebroso costume em que se converteram as ações iniciais, antes cheias do brilho da novidade.
O tempo passou e, com ele, as estações mudaram. O que antes dava frutos, hoje só tem espinhos. A fonte que outrora jorrava gênesis, agora só lágrimas de apocalipse. Mas segue a costela de Adão a nada se fazer entender – inquisidora hipócrita de pecados  pois também são seus.
A terra, antes, firme, fez-se movediça! A garantia de reciprocidade ao que seria ofertado, aos poucos, fragilizou-se. O que era basilar, desfez-se em grãos de descontentamento mudo, iludindo o par, já que a estrutura continuava intacta.
Nesse faz-de-conta surge a Esfinge, só para cumprir com o seu ofício especificado há milênios, entretanto a sua presença, claramente, tinha ares de zombaria. Uma vez que a tristeza devorava lentamente uma das partes envolvida, apesar desta decifrar o enigma.
É certo que a tragédia tem seus moldes, contudo é inevitável a perplexidade diante daquele que os executa, principalmente, quando o conhecemos bem de perto. O reconhecimento é fato, a peripécia, algo demorado a se perceber e a catástrofe, inevitável. Assim, aquela se anuncia no horizonte tranquilo de uma vida pacata que virou hábito para os dois.


Criado em: 29/06/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LOOP FARAÔNICO

  De um sonho decifrado ao pesadelo parafraseado. A capa que veste como uma luva se chama representatividade, e a muitos engana, porque a vista turva. Ao se tornar conveniente, perde toda humanidade. Os sete anos de fartura e os de miséria, antes, providência pedagógica, hoje mensagem ideológica, tornando o que era sério em pilhéria. A fartura e a miséria se prolongam, como em uma eterna praga sem nunca ter uma solução na boca de representantes que valem nada. O Divino dá a solução, e esses homens nada fazem, deixando o povo perecer num infinito sofrer, pois, basta representar, para fortunas obterem. E, assim, de dois em dois anos, os sete se repetem, como num loop infinito de fartura de enganos.   Criado em : 1/6/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

ILUSIONISTA DO AMOR

  O amante é um ilusionista que coloca a atenção do outro no ponto menos interessante, levando o ser amado a se encantar com o desinteressante. Quando o amante se vai, o amado age como um apostador, que, diante da iminência da perda, se desespera e tenta recuperar o que já foi. Mas, ao invés de encontrar o amor perdido, encontra apenas o reflexo de sua própria carência, como quem busca ouro em espelhos quebrados. Restando, então, ao amado, o desafio de enfrentar o vazio, reconhecer a ilusão e descobrir, enfim, que o verdadeiro amor começa, quando cessa a necessidade de iludir ou de ser iludido. Criado em : 14/11/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

O JOGO DA VIDA

O jogo da vida é avaliado sob quatro perspectivas: a de quem já jogou e ganhou e desfruta da vitória, a de quem acabou de entrar, a de quem está jogando e a de quem jogou, perdeu e tem que decidir se desiste ou segue jogando. Quem jogou e ganhou, desfruta os louros da vitória, por isso pode assumir a postura que mais lhe convier diante da vida. Quem acabou de entrar no jogo, chega cheio de esperança e expectativas, que logo podem ser confirmadas ou frustradas, levando-o a ser derrotado ou a pedir para sair, permanecendo à margem, impotente diante da vida. Quem está jogando, sente a pressão da competição e, por isso, não se deixa levar por comentários de quem só está na arquibancada da vida, sem coragem de lutar. Quem jogou e perdeu, sente todo o peso das cobranças sociais pelo fracasso, por isso não se permite o luxo de desistir, pois sabe que tem que continuar jogando, seja por revolta, seja para se manter vivo nessa eterna disputa. Criado em: 20/11/2022 Autor: Flavyann Di Flaff