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Mostrando postagens de dezembro, 2022

NÓS DOIS

  Nas curvas do teu corpo, ignoro os avisos e sigo imprudente; no meu corpo cavernoso, aguças o teu lado predadora.   Guiados por um ardente desejo, violamos assim todas as leis, transitando no campo dos instintos sem as amarras de convenções sociais.   Satisfazendo as vontades efêmeras que agora nos consomem, porque somos perecíveis sendo carne.   Fechados os botões, murchado a rosa, finda a noite apoteótica.   Criado em: 30/12/2022 Autor: Flavyann Di Flaff

"CULTURA GOURMET"

  Queremos cultura, mas não de todo tipo, feito às pressas, descartável em forma e conteúdo, sem nenhum objetivo nobre. Do tipo que entorpece, distrai, aliena, desprezível forja de seres débeis e impotentes diante da vida. Não! Não queremos essa “cultura gourmet”  – entretenimento disfarçado –  que nos torna escravos dos desejos e aceita, do hedonismo, a bajulação e o reconhecimento efêmeros. Queremos aquele tipo que conforta, cura e fortalece o ser e a alma, despertando a consciência, livrando-nos dos grilhões da ignorância e da subserviência, produzindo, em um sistema que convenciona, como regra, a conservação dos lugares pré-estabelecidos socialmente, a vontade de ascender em nós. Criado em: 18/12/2022 Autor: Flavyann Di Flaff

AFETADO PELA POESIA

  Dobrando rapidamente a esquina do Tempo, sou assaltado pela Poesia. Pela emoção, ela me pega de jeito. Inicialmente, permaneço estático, retrato da impotência diante do inevitável. Revolucionária, arranca de mim tudo que não lhe serve, despindo-me das insignificâncias que julgava serem valores. Audaz, enche-me de coragem, numa espécie de mais-valia, pois, sem aquelas, eu nada mais valia, uma vez que nada mais possuía. Refeito, possuidor agora de toda a potência da Poesia, sigo espalhando amor, pregando e fazendo justiça por onde eu for.   Criado em : 11/12/2022 Autor: Flavyann Di Flaff

REGRESSAR PARA VOAR

  Às vezes, precisamos regressar... Pisarmos novamente na velha casa para exorcizarmos os antigos fantasmas que nos atormentam até hoje, atravancando, inviabilizando o nosso florescer. Procurarmos por nossas asas perdidas em algum cômodo desse lugar, talvez cortadas e esquecidas por alheias vontades ou por nossos ingênuos medos. Para, ao sentirmo-nos, enfim, leves, como se o nosso corpo fosse levitar, voarmos para além das fronteiras limitantes de nossas inseguranças. Criado em: 09/12/2022 Autor: Flavyann Di Flaff

EM BUSCA DA ORIGEM PERDIDA

  Depois de séculos de apagamento identitário, a necessidade de saber quem são faz-se premente. Cadê os anciões, senhores da cultura ancestral? E os seus filhos, mantenedores dessa herança? Todos se foram! Restaram apenas os netos, novos convertidos, que dos antigos nada reconhecem, pois só ouviram falar. Pesquisar, conhecer, aplicar, tempo para isso não há, já que o imediatismo é sedutor. Parecer ser é mais prático que ser. Então, a cultura pop é convertida em segura referência de antigos valores. Confisca-se o enredo, faz-se a alquimia da derme e surge o paquiderme ancestral. Consegue-se, com isso, a instantânea reconstrução identitária para a ansiosa massa desfigurada. Porém, quem muito rápido e fácil ascende, tende a uma súbita queda. Criado em: 06/12/2022 Autor: Flavyann Di Flaff