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Mostrando postagens de outubro, 2013

DE UM DEVANEIO

Hoje mergulhei naquela antiga foto e me senti criança encantada diante de uma bela flor. Faltaram-me palavras – pura redundância − porque muitas palavras ainda eram inéditas à época para mim. Um ser em plena construção, assim eu era, enquanto você já debutava naquela ocasião. Alguns anos de existência nos tornavam distantes, anos vividos de forma distinta, não pelo fato de sermos de sexos opostos, mas pelo ambiente familiar e o em que vivíamos, em que estávamos inseridos na época. Caminhos separados, não só pela distância, porém pelas situações, lugares, hábitos; enfim, por fatos, ocorrências, que nunca conspiraram para promover um eventual encontro nosso.  Retendo-me, fascinado diante da sua jovial figura, imagino que, se este encontro tivesse ocorrido, nada do que agora os meus sentimentos atribuem, aconteceria. Você era jovem e eu, criança, nesse caso, no mínimo, eu seria ignorado e nem repararia no que acontecera. Ontem criança e hoje um adulto, ambos enfeitiçados por alguém

DIAS DA CRIANÇA QUE FUI

Hoje, fui ao porão do meu ser e revolvi o baú das minhas memórias pueris. Lá encontrei as imagens das inúmeras quedas que sofri, bem no sentido literal desse verbo, pois quando se é criança, a gente sofre por ação e não por reflexão – isso já é coisa de adulto, com suas quedas metafóricas. Caímos da árvore, do balanço, da cadeira, da cama, da bicicleta etc., mas sempre tínhamos, nessas horas, o eterno anjo da guarda, a nossa mãe. Vasculhando, achei as representações da criatividade que fervilhava a minha mente, ainda em formação. Foram inúmeros brinquedos criados no fervor da vontade de brincar, lembro-me dos rolimãs que buscava no sítio do meu avô para fazer os patinetes e, neles, acelerar na praça. Dos carrinhos feitos não só de lata de óleo de comida, arame, madeira, aspas de metal e rodinhas de sandálias Havaianas, mas também dos feitos com as latas de Leite Ninho, arame e cordão. Por fim, dos feitos com garrafas plásticas de água sanitária, arame e um pedaço de plástico fixado p

TOMADA DE CONSCIÊNCIA

Adentrando na casa, sua velha conhecida, apesar das claras evidências do que já é passado, sente tudo como um presente vivo. A poeira encobre os móveis – receptáculos de sentimentos −, mostrando que há muito foram abandonados, perdendo o brilho de outrora. Segue caminhando por entre os cômodos, pedaços de momentos (re)vividos, vendo tudo no seu respectivo lugar, retrato infiel do que era real. Nesse instante, bate uma saudade do que findou, sinal de uma tomada de consciência do que ocorreu, contudo ainda necessita ser formalizado. Esse retorno consciente não lhe torna imune às consequências que virão, entretanto o faz mais forte para tudo suportar. Sendo visita naquele ambiente, não demora e deixa a casa onde tantas emoções foram vividas, dividindo dias, meses e anos com uma companhia que, nesse instante, ausente estava. Qual o significado de esse não estar? Algum teria, e resolveu não divagar, já que isso era típico do outro, assim, foi-se sabendo que logo voltaria. Criado em: 3