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Mostrando postagens de setembro, 2020

DESNUDANDO-TE

Toda vez que vejo o teu corpo despido em uma fotografia, tenho a nítida impressão de que desejas mostrar tudo, menos as tuas formas. Ao retirares a tua pele artificial – tecidos multicores e facetados –, queres que leiam as tuas particularidades e não o senso comum do que é feminino. O teu cotidiano se insere nas entrelinhas do não verbalizado, revelando as tuas intimidades indiscretas para os amantes das minúcias do viver. Quem para ti olhar, só com desejo, atesta a sua patologia ocular, já que nada mais verá a não ser o que está próximo, uma vez que enxergar o distante ficará imperceptível. Enquanto quem ver a ti, através da janela da alma, logo verá os relatos de alguém que conheceu e sabe as dores e o prazer de viver.   Criado em: 30/09/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

DAS VEZES QUE TE PERDI

Eu, sempre menino; você, incessantemente multifacetada! Quando a vi pela primeira vez, tinha a minha idade, galega do sorriso bonito ou com negros cachos a acompanhá-lo. Mais tarde, ao lhe ver, já era uma jovem de corpo formado, cabelos claros e sorriso encantador. Mudei de bairro, mas não ficamos distantes, pois, sem querer, foram os meus olhos ver você: Tinha o cabelo, duplamente, claro ondulado e aquele sorriso sedutor. Eu, eterno infante, por longos instantes, me perdi de você. Só noutro dia fui ver-lhe: Estava mudada, de madeixas aloiradas, corpo esguio e com aquele sorriso arrebatador. Eu tremi por dentro, a voz cessou, e só os olhos, impulsivos, com a sua figura flertou. Esta, nem os percebeu   e se os notou, fez pouco caso e seguiu. Depois de um tempo, voltou menina, só para selar a minha sina. Uma hora surgiu magrinha mion, cabelos curtos negros; noutra, baixinha bem-feita, cabelos negros cacheados e sempre com aquele sorriso delicioso. Nos dois casos, a todo momento atirada

SUBLIMAÇÃO

O ser humano é como um pássaro que tendo a sua natureza totalmente feita para voar, prefere, fugindo através da ilusão do que lhe é oferecido, permanecer no chão. O cocho com comida farta, a vasilha com água perene e o banho de luz artificial na bonita e sempre limpa casa, o faz pensar que está mais seguro. Mal sabe que, agindo assim, conformando-se, está negando as suas potencialidades e estagnando o seu talento, permanecendo eterno prisioneiro de crenças sociais negativas e limitantes.   Criado em: 26/09/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

SENHOR DE MIM

Quando nasci, banharam-me numa pia encardida e cheia de água morta, ali parada há anos. Depois vestiram-me com uma padronagem de séculos de existências, modelo absorvido de geração em geração. Aos meus olhos mostraram coisas absurdas, terríveis, que me faziam querer retornar à segurança perdida. Aos meus ouvidos, pouco ou quase nada falavam sobre isso, dissimulavam um mundo encantado, subvertendo a ordem lógica dos acontecimentos. Deram-me as mãos, em abundância, quando eu não precisava, deixando-as marcadas em meu corpo, e quando delas precisei, sempre que podiam, as negavam. Foram anos até despertar desse torpor, um acordar traumático, porém libertador! Hoje sei quem sou e o que devo fazer para tudo o mais conseguir realizar. Agora sou senhor de mim, nada que vier de fora entrará livremente em meu templo. Antes, passará por uma varredura e se algum mal encontrado for, descartado será. Portanto, tenho aprendido a preservar a serenidade dispensando toda e qualquer emoção ou sentimento

GLADIADOR MODERNO

                                    Estava à toa na vida e decidiu engrossar a fileira dos paladinos da moral e dos bons costumes! De extremo sedentário se tornou proativo na busca por causas nobres. Matou o homem mal para livrar o mundo da maldade; discriminou o preconceituoso para acabar com o preconceito; fez guerra para acabar com quem guerreava contra a paz; roubou dos ricos que roubavam dos pobres, coitado! Oprimiu o opressor que afligia, para combater a opressão; saqueou lojas para baixar o preço das passagens; humilhou quem humilhava, para acabar com as humilhações; alinhou-se aos canalhas para culpar os crápulas; defendeu a bandeira contra a corrupção enquanto emprestava dinheiro a juros absurdos; usou de inverdades para desqualificar os mentirosos. Assim, foi engajando-se em lutas inglórias, mas que o enchiam de orgulho, como a tantos outros iguais a ele. Lutas que em nada alteravam o cenário, pelo contrário, tais reações juntamente com as ações combatidas, só alimentavam o c

SIMBOLOGIA DA LÁPIDE

Quando nascemos, mais uma estrela surge no universo! Depois, a vida terrena segue a nos impor fardos a cada etapa. Sorrimos, sofremos, murmuramos, choramos, findamos. Nesse momento, na lápide da morada derradeira, a nossa estrela só aparece para marcar o início da caminhada. Porque, mal entramos no prumo, a cruz nos é imposta e por nós levada até o findar da trajetória, ficando marcada, para sempre, no epitáfio de cada um. Revelando, enfaticamente, a dureza da existência humana. Mas, se de alento nos serve, quem na vida a sua cruz carrega, a sua redenção assevera.   Criado em: 20/09/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

CONDENADO À PAIXÃO

O desejo chegou e feito um levado da breca, atirou tentações como pedrinhas na minha janela, só para me provocar. Até que a abri e fui dá-las atenção, olhei-as desapegado, como quem não dá bola para tanta excitação. Mas, quando, que tolo fui, fechei a janela guilhotina para delas me livrar, perdi a cabeça e por elas me deixei conquistar.   Criado em: 19/09/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

PRATICIDADE ADOTADA

Ele, como sapatos que aguardam quem os leve a passear pela vida afora, esperava por alguém que pegasse na sua mão e o levasse para conhecer a vida, com seus doces e amargos, altos e baixos. Mas que decepção, ninguém apareceu! Então, permaneceu ali, estático, esquecido em portas sapatos, abandonado em prol dos mais surrados. Já que estes eram mais fáceis de lidar – praticidade em conviver.   Criado em: 19/09/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

DESCOBERTA DA MALÍCIA

Não fique triste, um dia a inocência estará perdida! O amor, antes puro, será maculado; o riso, antes de alegria, será de ironia; os olhos, antes de ternura, serão de cobiça; o afeto, antes gratuito, será interesseiro. Esse dia, sempre há de chegar, portanto, não se desespere. Apenas digira, assimile e ressignifique essa desconstrução e se erga, para seguir o tempo determinado de sua existência. Conserve a sua essência e, a partir dessa mudança, use da malícia adquirida, vencendo as batalhas da vida.   Criado em: 17/09/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

ÀS VOLTAS COM QUE O MUNDO DÁ

Eu só quero ir para casa! Não aguento mais tanta indiferença. Mais um ano e eu piro.   Parem o mundo, quero só voltar para casa! Estou só na multidão.   O mundo deu voltas, as pernas vacilaram e quando quis descer, não era a terra que me viu nascer!   Agora, para onde vou? Desconheço essa terra de alheias pessoas.   Continuarei a me entorpecer com as voltas que o mundo dá. Quem sabe, um dia, para a terra   que me viu crescer, conseguirei voltar!   Criado em: 17/09/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

ARES DE MUDANÇA

folhas decaídas ventanias outonais puro renovar   Flavyann Di Flaff       17/09/2020

PEDAGOGIA DO CONVIVER

Quando encontramos, conhecemos e nos relacionamos com alguém, nos são dadas duas oportunidades: uma para aprender e outra para ensinar. A primeira acontece, quando estamos abertos e livres de qualquer receio, preconceito ou pudor, enquanto a segunda, quando temos a convicção do que sentimos pelo outro, tendo a paciência devida para perceber os erros e apontar o caminho para a melhoria da relação. Senão, esta opção servirá apenas como pretexto para impor gostos pessoais, findando o que mal começou.   Criado em: 17/09/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

BUCHAS DE CANHÃO

    Voltamos vivos da guerra, mas estilhaçados por dentro! As nossas mentes como prisioneiras perpétuas dos acontecimentos vivenciados nos campos lamacentos das batalhas. Em pássaros metálicos voávamos seguros de quase tudo, porém, no solo, fomos esmagados como formigas. Jogo de gato e rato! Os dias eram nossos, os caminhos estavam nas palmas de nossas mãos. Quando a escuridão surgia durante as noites eternas, como fantasmas a nos atormentar, eles chegavam sorrateiros e sempre levavam alguns de nós para o além. Impotentes, atirávamos a esmo, por puro reflexo ou desespero, e ao amanhecer, nenhum deles ao chão, só depois da contagem é que dávamos falta dos nossos irmãos. Já era tarde, perdemos eles, perdemos a todos, perdemos a nós mesmos! Escorraçados, deixamos toda a nossa parafernália bélica para trás. Restou-nos quase nada para levar, apenas dores, marcas e desonra. Por fim, fomos guerreiros impassíveis e voltamos restos de sobreviventes do inferno, condenados para sempre como desv

PANTANAL

Quis correr dali com todas as suas forças, mas diante da impotência que o tomou, estático ficou! Sentia o calor acariciar a sua sensível pele, carícias que se tornaram gestos viris de submissão. Por dentro, tremia, não de gozo, porém de pavor! À medida que o queimor aumentava, percebia-se oprimido. Sem ter como resistir, caiu de joelhos diante dos olhos tristes de Gaia, lamentando a sua breve existência. Logo o opressor se apossou do seu corpo, consumindo-se, refletiu e ponderou o seu trágico fim. Então, não mais o lamentou e se entregou de corpo e alma, pois viu nesse mal um bem maior. O seu corpo, agora, consumido pelas chamas, será transformado em fumaça, tornando-se etéreo, eternizando-se no tempo e no espaço.   Criado em: 15/09/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

A LEI DA ATRAÇÃO

                             Andava solitário e sem ânimo para a vida! Imaginava que sua situação emocional não colaborava para uma perspectiva de mudança. Sem esquecer da financeira, que nunca fora das melhores. Mas, a partir daquele dia, como em um passe de lógica, decidiu que, se não podia mudar as coisas como estavam, pelo menos, mudaria o estado delas. Então, começou a mentalizar só estados positivos para tudo aquilo que dizia respeito à sua vida. Passados alguns dias, o que parecia improvável aconteceu! Ele percebeu as coisas mudarem, o que parecia não ter solução, de repente, foi resolvido. Finalmente, entendeu o funcionamento das Leis do Universo e, desde então, começou a pedir, mentalizar e visualizar tudo o que desejava para si, como se já estivesse desfrutando. Foi quando projetou o encontro com aquela garota que há tempos desejava. Encontrou-a por acaso ao caminhar pela rua central do bairro onde morava. Estava deslumbrante! Até mais do que de costume. Trajava um vestidinho

AMIGO DISSIMULADO

                          Em vão vigia a sentinela, pois o inimigo há muito se encontra infiltrado no território. Longos e tenebrosos serão os dias e as noites, até que ele cumpra com a sua insana missão. Sob um perfeito disfarce, aproxima-se do senhor da fortaleza e com a frieza costumeira, aguardará, pacientemente, a hora exata para agir. Até lá, será servo respeitoso e prestativo, nada fará de estranho, para que não levante suspeitas. Distribuindo sorrisos e mesuras, ganhará a confiança de todos. Aquele senhor segue alheio às intenções daquele que se mostra prestimoso por demais, nem imagina que, em breve, será vitimado por essa tão dissimulada criatura. Já diz a Lei da Convivência: Quem de muitos e distintos se cerca, acabará, um dia, por ser enganado. Criado em: 13/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

SONO DOS JUSTOS

Hoje, a consciência e o coração estão leves! Não se dorme tranquilo, quando existe algo pendente, ainda por resolver. Mas quando damos conta do que causa essa insônia e, decididos, partimos para uma solução, não ficamos mais sob esse julgo. Então, libertos, de consciência, coração e alma leves, começaremos a dormir o sono dos justos.   Criado em: 13/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

ENCARAR A REALIDADE

Para quê fugir, se o inevitável já bate à porta! É mais fácil encará-lo com compreensão e serenidade, pois não adianta retrucar o que já foi dito em palavras adormecidas pelo passado e em ações concretas no presente.   Criado em: 13/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

VISIONÁRIO CONSCIENTE

Como um voyeur que sabe ver mais além, hoje, eu tenho a visão a partir da mente! Durante muito tempo, com o auxílio do sentido da visão, só via a superfície da vida que levava. As sensações que o meu corpo físico recebia a partir do que via, passavam-me a nítida impressão de que tudo o que era negativo campeava ao meu redor e interferia no meu fluxo existencial. O que me impunha um estado de excitação profunda, angustiando-me incessantemente. Gerando ondas de males psicossomáticos que afetavam o meu bem-estar. Demorei para entender que o que via, não era fruto do mundo exterior, mas daquilo que eu produzia interiormente, e não era nada saudável, pelo contrário, continha toda uma carga danosa. Desde então, comecei a perceber que precisava mais que vê e enxergar. Tinha que visionar positivamente todos os meus novos pensamentos. Só assim, conseguiria superar as derrotas passadas e antecipar o prazer das vitórias futuras. Dessa forma, aprendi a desfrutar, em minutos de visão, o que levaria

BAGAGEM DE VIVÊNCIAS

  O mochileiro leva consigo apenas o necessário, nada em demasia e que não tenha utilidade. Pois, para se conhecer novos lugares, não precisamos possuir inúmeros apetrechos, basta que tenhamos curiosidade e disposição suficientes para conhecer cada canto de onde se chega. Porque depois de certo tempo, partiremos e só levaremos o aprendizado adquirido na convivência dos que ali habitam. Um monte de experiências que não ocupa espaço, mas preenche o nosso ser de lições essenciais. Criado em: 12/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

DURA CERTEZA

  O passado teima em me iludir com as lembranças das coisas boas que ficaram nalguma faixa do tempo. Porém, o presente é sempre enfático, com a sua realidade nua e crua, a todo o momento a influenciar o futuro, que espera ansioso por existir. Então, se o futuro é construído por atos concretos do presente, não serão lembranças que o erguerá.   Criado em: 12/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

INEXPLICÁVEL COEXISTÊNCIA

Que alquimia é esta que muda a essência das coisas? O que era sólido sentimento, um dia, vira poeira de lembranças difusas! O olhar antes ardente, agora se faz gélido! E os braços que antes enlaçavam, agora expulsam! Algo incompreensível para quem cria, a partir da realidade das coisas visíveis e audíveis, o seu mundo particular.   Criado em: 12/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

QUESTIONAMENTOS

O que mudou? Foi só o tempo? O vento? As estações? O pensamento? O ponto de vista? O movimento? A força? A velocidade? Os hábitos? Ou mudamos nós?   Criado em: 12/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

SILÊNCIO MORTAL

Escuto ao longe o toque de silêncio! Alguém que, neste instante, não está mais nesse mundo, recebe a homenagem derradeira. Coincidentemente, algo que tanto prezava, não mais reside em nós. Foi-se, massacrado pelo silêncio que diverge daquele que homenageia, pois fere e mata.   Criado em: 12/09/2013  Autor: Flavyann Di Flaff

RESOLUÇÃO INADIÁVEL

Hoje acordei com uma sensação estranha, angustiante. Das duas, uma: já aconteceu ou vai acontecer algo ruim. Seja o que for, estou pronto! Daquilo que não faz mais sentido, melhor abrir mão! Uma espécie de liberação mútua que a todos alivia. Não tem mais porque de ter receios, pois a pedra, há muito, foi "cantada" e aguardar um reverso é se enganar de novo. O tempo urge e não devemos desperdiçá-lo com esperas vãs! Vamos logo decidir, pois não temos tempo a perder. Quando a hora chegar, nada de explicações longas ou meias palavras, pois o discurso direto exige que se vá logo ao cerne da questão. Porque quem vive de rodeios é o peão! Pensei em me esconder, fugir para bem longe! Mas, para onde, se a consciência é uma alcoviteira fiel das coisas que nos incomodam. Portanto, melhor enfrentar e a tudo resolver! Criado em: 12/09/2013  Autor: Flavyann Di Flaff

FESTA PRIVÊ

Hoje nos pegamos sedentos um pelo outro! Ânsia por carinhos e carícias mais ousadas, daquelas de pôr qualquer desejo em erupção. Cena premeditada em caras e bocas, gestos e efeitos fantasiados. Abraços calorosos, selinhos intermitentes, beijos à francesa, úmido, apressado ou devagar, mordiscado ou sugado. Mãos andarilhas que pelos corpos vagueiam, tateando montes e planícies, gerando calor interior por meio de leves atritos. Movimentos impulsivos, às vezes, constritos, mas sempre de acordo com a intenção do momento. Abrem-se as bocas ávidas por expressarem desejos em gestos infantes, logo se lançam em mamilos e aréolas rosáceas – beija-flores a sugar o néctar do prazer infindo. Acelera a reação em cadeia, atomizando o que parecia passageiro, evoluindo para a ereção de verga e vulva, numa atração fatal! Esta, logo foi consumada, pois, como penetras, um entrou no outro, curtindo a festinha exclusiva em longos e deliciosos gozos guturais.   Criado em: 08/09/2020 Autor: Flavyann Di Fl

APARELHAMENTO DA IMPUNIDADE

                                    Houve um tempo em que os inimigos eram condenados à força. Todo um aparato era constituído para que desse segurança institucional ao ato. Testemunhas escolhidas a dedo... de ouro, juízes im... parciais, reunião de provas in... contestáveis. Tudo isso preparado, exclusiva e temporariamente, para perseguir e punir os contrários à realeza. Na ponta de lança desse dispositivo legal, aparece o carrasco – aquele que aciona o cadafalso –, a única peça do aparelho oficial que mal pensa, só executa o que a sua função exige. Depois da execução (ou execração?) pública dos inimigos, como numa limpeza a jato, a nobreza – subproduto do discurso politicamente correto – retorna à sua rotina, e todo o aparato é desmontado, peça por peça, sem muito alarde, para que só reste na memória da plebe a figura do carrasco. Este leva toda a culpa das execuções, enquanto os verdadeiros responsáveis pelos julgamentos falseados seguem impunes vida afora, e os condenados renasce

HOLOGRAFIA

   Hoje foi o dia de relembrar os tempos idos! Época de aventuras, nas quais o coração viveu emoções indescritíveis ao lado de outro. Foram tantas risadas e lágrimas divididas, que deixaram marcas indeléveis. Os olhos, como laser, miram e vasculham o vazio na tentativa de encontrar uma passagem para o pretérito, mas o máximo que conseguem, é vê-la passar diante deles toda sorridente em um vestidinho que a deixava ainda mais jovem e bela. De repente, ela abre os seus carnudos lábios e parece sussurrar o nome dele. Ah, aquela voz! o coração acelerou e, em um movimento reflexo, estendeu a mão na esperança de segurar a dela. Como se assim fosse ser levado ao seu encontro, porém nada aconteceu, apesar de ela estar ali na sua frente de braço estendido. Foi quando fitou aquele olhar sedutor e viu a frustração recíproca daqueles que se viam, no entanto não podiam mais estar juntos. Então, com seu marcante olhar e um delicado aceno, partiu para nunca mais voltar! Criado em: 07/09/2020 Autor: