Pular para o conteúdo principal

DAS VEZES QUE TE PERDI

Eu, sempre menino;
você, incessantemente multifacetada!
Quando a vi pela primeira vez,
tinha a minha idade,
galega do sorriso bonito
ou com negros cachos a acompanhá-lo.
Mais tarde, ao lhe ver,
já era uma jovem
de corpo formado,
cabelos claros e sorriso encantador.
Mudei de bairro,
mas não ficamos distantes,
pois, sem querer,
foram os meus olhos ver você:
Tinha o cabelo, duplamente, claro ondulado
e aquele sorriso sedutor.
Eu, eterno infante,
por longos instantes,
me perdi de você.
Só noutro dia fui ver-lhe:
Estava mudada,
de madeixas aloiradas,
corpo esguio e com aquele
sorriso arrebatador.
Eu tremi por dentro,
a voz cessou, e só os olhos,
impulsivos, com a sua figura flertou.
Esta, nem os percebeu 
e se os notou, fez pouco caso e seguiu.
Depois de um tempo,
voltou menina, só para selar a minha sina.
Uma hora surgiu magrinha mion,
cabelos curtos negros;
noutra, baixinha bem-feita,
cabelos negros cacheados
e sempre com aquele sorriso delicioso.
Nos dois casos, a todo momento
atirada, matreira, impaciente.
Eu, inexperiente, tímido ao extremo,
mestre da sublimação dos instintos da carne,
como puritano me comportei
e as asas do meu desejo podei.
Vendo a minha ação,
você alçou voo para longe de mim.
Fiquei, por um longo tempo,
sem a sua plurifacetada presença,
o que me deixou triste e desesperançado.
Segui descrente de uma nova oportunidade,
porém o meu destino, em relação a você,
devido a minha desfeita,
ainda não estava consumado.
Passados alguns anos,
ressurge encantada:
Com cabelos loiros, pele clara,
corpo de mulher, sorriso de menina.
Foi sedução à primeira vista,
e entrei no jogo sem nada saber,
só me importava que era você,
o resto deixei por acontecer.
Jogamos por meses,
dando a um e ao outro provar,
provocando, sem as vontades todas saciar.
Jogo duro de gato e rato,
quando um vencia,
o outro não deixava barato.
Nessa disputa, sem muito vir à tona,
as cartas já estavam marcadas,
quando pensei ter ganho, fui à lona,
enquanto ela seguia, de novo, pela estrada.
 
Criado em:
26/09/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ANDAR NA LINHA

  Quem se disfarçar por entrelinhas, um dia, o trem pegará!   Flavyann Di Flaff      03/10/2020

ILUSIONISTA DO AMOR

  O amante é um ilusionista que coloca a atenção do outro no ponto menos interessante, levando o ser amado a se encantar com o desinteressante. Quando o amante se vai, o amado age como um apostador, que, diante da iminência da perda, se desespera e tenta recuperar o que já foi. Mas, ao invés de encontrar o amor perdido, encontra apenas o reflexo de sua própria carência, como quem busca ouro em espelhos quebrados. Restando, então, ao amado, o desafio de enfrentar o vazio, reconhecer a ilusão e descobrir, enfim, que o verdadeiro amor começa, quando cessa a necessidade de iludir ou de ser iludido. Criado em : 14/11/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

MUNDO SENSÍVEL

  E toda vez que eu via, ouvia, sorria, sorvia, sentia que vivia. Então, veio um sopro e a chama apagou.   Criado em : 17/01/2025 Autor : Flavyann Di Flaff