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BUCHAS DE CANHÃO

   

Voltamos vivos da guerra, mas estilhaçados por dentro! As nossas mentes como prisioneiras perpétuas dos acontecimentos vivenciados nos campos lamacentos das batalhas. Em pássaros metálicos voávamos seguros de quase tudo, porém, no solo, fomos esmagados como formigas.

Jogo de gato e rato! Os dias eram nossos, os caminhos estavam nas palmas de nossas mãos. Quando a escuridão surgia durante as noites eternas, como fantasmas a nos atormentar, eles chegavam sorrateiros e sempre levavam alguns de nós para o além. Impotentes, atirávamos a esmo, por puro reflexo ou desespero, e ao amanhecer, nenhum deles ao chão, só depois da contagem é que dávamos falta dos nossos irmãos. Já era tarde, perdemos eles, perdemos a todos, perdemos a nós mesmos! Escorraçados, deixamos toda a nossa parafernália bélica para trás. Restou-nos quase nada para levar, apenas dores, marcas e desonra. Por fim, fomos guerreiros impassíveis e voltamos restos de sobreviventes do inferno, condenados para sempre como desvalidos do sistema.

Criado em: 16/09/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

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