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Mostrando postagens de junho, 2019

O DISCURSO POLÍTICO

O discurso político divide-se em duas dimensões: Ø          Uma prescritiva na qual se explicitam as áreas de interesse e as intenções acerca delas e o utra não-explícita, constituída por relações entre os sujeitos envolvidos na prática política, tanto nos momentos formais, como, e, principalmente, nos informais dessa prática. Dentro dos quais são trocados favores e valores, constituindo o conteúdo oculto deste discurso. Ambas dimensões geram uma terceira, essa, bem realista, que concretiza ou não o conteúdo discursivo – (in)materialidade que nos ajuda a discernir ação de retórica. Criado em: 24/06/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

RUMO AO FIM

Hoje sou eu que estou no lugar onde outrora estiveste – lugar subjetivo no qual a existência parece incomodar-nos. Com o mesmo olhar que tinhas e que, de repente, perdera-se em lonjuras vãs. Vagueando como caminhante em um deserto solitário, carregado de fardos compostos por cansaços existenciais que nunca pensei transportar. Dói em mim dores inimagináveis, mas que, pelo visto, são suportáveis, já que até aqui sobrevivi. Anseio por um conforto que parece nunca chegar, o que contribui, severamente, para aumentar o meu sofrer. São tempos de um sol inclemente e noites frias e sem luar. O transpirar é intraocular, mas, às vezes, é tão copioso, que chega a se exteriorizar. A frieza e a escuridão têm caráter universal e como tal, não fazem separação de gentes. Sigo então, a enfadados passos, rumo ao fim deste nebuloso ciclo existencial. Criado em: 26/06/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

VIVER EM SOCIEDADE

É encontrar nos inimigos a mais pura sinceridade; É encontrar nos marginalizados o sentido da aceitação; É descobrir nas retóricas diárias as verdades da cidade; É descobrir nos miseráveis a nobreza de espírito; É perceber em seu submundo anárquico o sentido da ordem; É perceber no descaso público o valor da consideração; É enxergar na obscuridade social a real clareza dos interesses políticos; É enxergar na sua civilidade a barbárie de suas ações; É sublimar o individualismo competitivo em detrimento da coletividade solidária. Enfim, é o simular de um paraíso humano. Criado em: 22/06/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

FALANDO DE ROSA

Da rosácea, as grandes e pequenas pétalas escondem o botão que aciona o gineceu. O beija-flor, da rosa escarlate, suga o néctar que eterniza a vida. Só beijar a rosa é suprir-se do que existe de mais sublime nela. É, juntos, cada um cumprindo a parte que lhe cabe, experienciar o prazer da natureza. Criado em: 29/06/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

OS NOVOS ENGAJADINHOS

Tem o discurso afiado, mas a sua atitude, apesar do pensamento alinhado, é a de quem responsabilidade nenhuma assume. Ah, mas que bela sorte! (no teatro assim diz!) Essa agora está posta em uma moçadinha engajada, cuja meta é acabar com as instituições vis. Entretanto, pelo que me recorde, com o que mesmo está preocupada? Talvez com o ditador asiático do sul ou do norte, que à democracia (globalização) disse não! Chamar-se-á ele Pol Pot, o revolucionário que ao mundo fez saber, através do Khmer, do genocídio de seu povo, para manter o seu projeto de poder. Ou quem sabe, com a guerra de Tróia, que por capricho de um rei traído, foi decretada. Revelando este que o poliamor não apoia, pois a sua honra é imaculada. Enfim, são tantas causas fomentadas e, logo, pela humanidade descartadas, que fica tranquilo uma escolher. Só não sei se por status convencionado Ou para, de fato, defender! Criado em: 16/06/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

ESPÚRIO JURAMENTO

Quando os laços ternos se romperam, foi cada um para um lado, sequer lembraram-se do que tinham largado em um canto da casa, a qual, tantas vezes, foi catedral para o afeto. Debaixo do criado mudo e perplexo, lá estava ele, constrangido e impotente, tentando se esconder do descaso de anos. Foi então, que um desconhecido chegou e o levou ao peito, partindo rumo ao orfanato, pois é lá que se deixam objetos sem valor sentimental e, dessa forma, o amor foi descartado, desligado daqueles que lhe juraram guarida eterna.   Criado em: 15/06/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

A VERSÃO

A Sociedade como autônoma cria suas convenções para o convívio, sempre que possível atualizando-as. A versão da justiça é a injustiça; A versão do privado é o público; A versão da democracia é o autoritarismo; A versão do convívio pacífico é o tempestuoso; A versão da ordem é a desordem; A versão social é misantropia; A versão da direita é a esquerda; A versão da transparência é a obscuridade; A versão da diversidade é a uniformidade; A versão da civilidade é a barbárie; A versão da realidade é a simulação. Ficando claro que a versão ou inversão das convenções, é para a Sociedade, algo normal, corriqueiro. Criado em:  15/06/2019  Autor:  Flavyann Di Flaff

CONVERSÃO TARDIA

Quando fui D’Arc, Depois de cultuar e obedecer, Você me incendiou E em cinzas fez-me perecer. Quando fui Templário E cumpri as missões confiadas, Desprezo e perseguições, Sob o mando real e papal, Em forma de acusações De blasfêmia e heresia, foram iniciadas, Pondo fim à ordem que pertencia. Quando fui da Vinci, Depois de conceitos e criações, Como a Galileu Galilei, Você me perseguiu com coerções. Quando fui humano, pecador, Você veio, por um preço, Expiar, ser o meu redentor. Quando fui atormentado por provações Diversas e distintas, Você propôs inúmeras intercessões Através dos seus santos especialistas. Quando enfim despertei Para os desmandos de suas ordens, O tempo já era o presente, não mais o ontem. Hoje você pode até me julgar, Desprezar e até praga rogar, Mas não poderá, através de ofício, Que de santo nada tem, Ordenar a seus sicários O extermínio de minha vida. Criado em: 14/06/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

EM UM REINO DISTANTE

Enquanto o interesse da realeza não tiver como primícias o bem-estar da plebe, desprezarei todo e qualquer incitamento às suas idílicas cruzadas. As cruzadas promovidas pela realeza não são em benefício da plebe, mas em seu próprio. Tendo como intuito, tão somente, o aumento de suas posses e de seu poder. Aqueles que defendem, em batalhas verbais acaloradas e quase sangrentas, os interesses egoístas da realeza, achando que dela fazem parte, não passam de vassalos – coisas descartáveis como panos de bunda. Tem vassalo que seguindo a simplória e submissa lógica dos bons serviços prestados, pensa ser membro da família real e que, por isso, tem o dever de defendê-la da indignação da turba. Os bastidores da nobreza, que muitos veneram, é o retrato da vida cotidiana do povaréu. Criado em: 11/06/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

CONSCIÊNCIA LIBERTADORA

Hoje, passados anos do nosso encontro, vejo mais claramente o que ocasionou o fim da relação. Até então, culpava-me por isso, sem que tivesse a lucidez necessária para rever essa autocondenação – algo que só veio com o tempo. Tempo que, inicialmente, fora de longos momentos de uma sensação de impotência, depois, de autoflagelação, até chegar à superação do ocorrido e seguir adiante, afinal, a vida segue. Você desabrochou, virou mulher, amante, esposa, mãe. Segui rumo distinto, porém, também fui amante, todavia, sem criar laços, sem fundar porto nem cais. Passado o tempo, refletindo na época de hoje, longe e livre dos fatos passados, vejo que o que nos tornou incompatíveis, não foi o meu hesitante sentimento, mas a diferença entre ele e o que havia em você. Porque enquanto em mim era sentimento, em você só havia desejo – vontade louca da iniciação. Sentimento é zeloso e paciente, já o desejo, esse é impulsivo – quer logo ser saciado. Então, ao menor sinal de hesitação minha, o dese

DIA DOS NAMORADOS

Tínhamos todo tempo para nos amar e, inconscientes disso, aproveitávamos ao máximo. Aos poucos, todo o tempo era, unicamente, para nós dois. Assim estabelecemos esse tempo, só para estarmos a sós. Agora, resta-nos apenas um dia para nos lembrarmos do amor de outrora, porquanto, dele, resquício nenhum restou. Diluiu-se, imperceptivelmente,  de hora em hora,  no tempo que passou. Criado em: 12/06/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

HIPERREALIDADE

Das opções forjadas e postas, fizeram-me escolher... A escuridão que convence à claridade que engana. O não que convence ao sim que engana. O feio que convence ao belo que engana. O individualismo que convence ao coletivo que engana. A prisão que convence à liberdade que engana. A fome que convence à comida que engana. A guerra que convence à paz que engana. O discurso que convence à ação que engana. O projeto que convence à propaganda que engana. O rito que convence ao mito que engana. A mentira que convence à verdade que engana. O perdão que convence à culpa que engana. A ganância que convence ao   altruísmo que engana. Por fim, a realidade que convence ao real que desengana. Criado em: 09/06/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

SIMPLISMO POLÍTICO

Os discursos políticos são recheados de imediatismos, simplismos e fórmulas prontas para questões amplas e complexas. São como manchetes de capas de revistas fitness, que dizem: “BARRIGA CHAPADA, AGORA! Ou SARADO EM 30 DIAS!”, quando, na verdade, deveriam dizer que para se obter esse corpo tão desejado, faz-se necessário que a pessoa frequente uma academia, no mínimo, de três a cinco vezes por semana, com treinos de duração entre 40 min e 1 h, durante cinco anos, alimentando-se de maneira saudável e que, mesmo seguindo essa rotina, talvez não consiga obtê-lo. Criado em: 08/06/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

PLANIFICAÇÃO

Pedirás? Tu te atreves? Pergunta o meu aflito coração. Respondo que sim! Mas não como os pedintes de Trevi, que, jogando o vil metal, anseiam por este desejo realizar: O breve retorno à terra papal, suplicando a um deus do mar. Eu, diante da figura planificada, anseio por ver a minha chaga expiada. Por isso, pedirei, não o que desejo, porém, só o que realmente necessito: O perdão benfazejo, através de súplicas ao Cristo.   Criado em: 19/05/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

CONDICIONAMENTO DA MASSA

Lamentavelmente a massa é condicionada a entrar em brigas que já foram decididas nos bastidores, uma vez que, nelas, certos temas para conquistarem ou não os seus objetivos, independem da vitória ou da derrota, basta, simplesmente, que saiam da obscuridade e venham à luz, expostos em constantes debates, de preferência, acalorados. No final, as disputas servem apenas para mantê-los em evidência e propagá-los no seio da sociedade. Resumindo: Enquanto os componentes da massa brigam entre si, o tema em questão já foi incorporado à sociedade em um sutil e corrente processo de naturalização. Criado em: 02/06/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

PORTEIRA FECHADA

Jamais descobrirá o que se esconde por de baixo das folhas apodrecidas caídas das árvores alheias no bosque da vida cotidiana. Jamais saberá qual trilha tomar rumo ao discernimento das coisas, simplesmente, por achar que de tudo já sabe, que deste tem plena consciência. Ignorando, totalmente, o fato de que habita em um mundo de porteiras fechadas.   Criado em: 31/05/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

PRIMÍCIAS DA VIDA

Ela surgiu do nada e o puxou pela mão até um canto, falou trivialidades com os olhos fixos nos dele. Ele, garoto ainda, nada percebera até ali e mostrou-se pávido diante dela. Um descuido e a garota some pelo ambiente, porém sem perdê-lo de vista. Voltando faceira em um vestidinho branco – noiva junina – aproximou-se, sempre fitando-o, e segurou em sua mão, sussurrando amenidades, roçando os lábios em suas faces, já ruborizadas. Ele, sempre garoto, agora aceso e enredado nessa danação, viu-se em um turbilhão de sensações e sentimentos. Confusão causada por um pudor que não era seu, mas que lhe fora convencionado ao longo do tempo, tornando-o impassível e incapaz de, reciprocamente, reagir aos atos dela. Alguém a chama e, inconformada, joga-se ao chão, feito criança pirracenta, sem querer partir antes de conseguir o seu intento. Levanta-se, recompõe o porte e antes de obedecer ao chamado, leva o garoto até um canto e rouba-lhe um beijo. Só então, nesse momento, é que ele percebe, atrav