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Mostrando postagens de 2013

DESPERTAS DO LOGRO

                  Vontade dá e logo passa! Portanto, não venha expô-la como algo duradouro, apenas para persuadir quem ouve. De início, pode até convencer, mas depois de um curto tempo, em razão dos comportamentos contraditórios àquela, logo o castelo de areia será desfeito. Não venha dar, em doses homeopáticas, como a testar com migalhas aquele que está ao seu lado, aquilo que já foi dado como certo, assim que se entendessem. Porque essa atitude só fará abrir as portas para a dúvida, não a sua, que já fora exposta, porém a alheia. Ela entrando, não restará pedra sobre pedra e tudo que arquitetou, ruirá. Abre os olhos e a mente, enquanto ainda há tempo, porque, depois, será tarde demais. Lembre-se de que, de migalhas, só se alimentam os cães cujos donos, os nobres, vivem de banquetes infinitos, sempre compostos por uma enorme variedade do que comer. Criado em: 30/12/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

ESPONTANEIDADE DE CRIANÇA

Hoje, a criança que fui e que estava adormecida, despertou! Acordou e, mansamente, surpreendeu-me conversando com a Paixão, aquela mesma que, outrora, tinha me visitado. Ato pueril que me deixou desconsertado, mas logo retomei o prumo e pude perceber nos olhos daquele inocente ser um brilho distinto. Como em toda criança a espontaneidade é predominante e para não fugir à regra, lançou-se em meus braços, perguntando se podia brincar com aquela que me visitava. Tenso, tentei dissuadi-la, de alguma forma, naquele momento, de tal vontade. Não lembro o que falei, porém a fez aquietar-se e não tirou os olhos da figura ali presente. Nesse instante, o diálogo que mantinha, já tinha ido para o espaço, pois a criança se tornara o centro das atenções. Na sala, só os olhares falavam, nada mais se fazia predominante. Tirei-a do colo e a pus no sofá, então me dirigi à Paixão, em tom de breve despedida, já que logo nos encontraríamos a fim de continuarmos a nossa intermitente conversa. Em seguida, a

CRENDO NA PERMANÊNCIA DO SENTIMENTO

Em uma cabana – símbolo da pequenez e fragilidade do que há pouco começara a sentir – o pescador aguarda a passagem da tempestade que, outrora, era só uma previsão. O céu escureceu rapidamente, os raios silenciaram os modernos meios de comunicação e a distância da costa só aumentou. Dias se passaram e um tsunami parece ainda varrer os mares inconstantes da vida, sem dar chances de retomar, urgentemente, a rotina prazerosa que se desenhava. O pescador medita e encaminha preces de saúde e força àqueles que sentem fortemente a tempestade como se estivessem no olho do furacão, pede para que não desanimem, pois as lutas fortalecem ainda mais a mente e o coração, quando temos com quem contar depois das batalhas. A tempestade cessará, o mar se acalmará e as redes serão lançadas para trazer o alimento que fortalecerá o que já fora plantado. Assim crê aquele que antes pescava e, agora, fora fisgado. Criado em:  22/12/2013  Autor:  Flavyann Di Flaff

AGUARDANDO O MOMENTO CERTO

Silenciar-me-ei, apenas o pensamento permanecerá ativo. Aguardarei, a partir de agora, sem ânsia, apesar das expectativas medidas, o momento adequado. Sem que haja nenhum resquício do peso das responsabilidades cotidianas e, muito menos, das pressões de tudo fazer ao mesmo tempo. Nas tempestades, nada se estabiliza, só reina o caos e, para resolvê-lo, mobilizamos todos os nossos recursos físicos e emocionais, não restando espaço para o que, no transcorrer da tormenta, nos traga a calmaria. Da qual não somos contrários, porém, é pela premente necessidade de vencermos primeiro a luta, para que, enfim, tenhamos um ambiente propício para os nossos sentimentos. Criado em: 20/12/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

NÃO DÁ MAIS PARA ESPERAR

  Até quando esperar? O tempo anda apressado nessas últimas décadas. Portanto, não dá mais para ficar sentindo a angústia da espera, fazendo do tempo algo vão. Quero, para ontem, o teu cheiro impregnando o meu olfato; quero, para hoje, saciar os nossos paladares com os sabores de nós dois; quero, para já, teus sussurros invadindo a minha audição. Por fim, com todo esse contato, sentir-te, sentirmos um ao outro, tato a tato.   Criado em:  18/12/2013  Autor:  Flavyann Di Flaff

DESFAZENDO ANTIGOS LAÇOS

Leve fico, não quando corto a corda, mas quando desfaço, com alegria e carinho, os laços que me prendiam àquilo que só tinha força para reter os passos, sem nada mais acrescentar àqueles que ficavam. Hoje, já seguimos caminhos conhecidos, porém rumo a destinos distintos, sem mágoas ou tristezas que firam nossos corações. Tendo plena convicção de que tudo fora uma troca de experiências, na qual um dos dois se doou mais, não por egoísmo do outro, todavia porque alguém tinha mais a repartir. Agora, sigo com empolgação e meta renovadas, não sei até quando, porém, plenamente confiante no que virá. Criado em: 15/12/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

LANÇANDO-ME À PAIXÃO

Agora é tarde, apesar de muito pensar, fechei os olhos e lancei-me no abismo nebuloso da paixão. Nada mais importa nesse instante, a adrenalina já me consome, o corpo sente a pressão de outro corpo junto. O olhar continua fechado, libertando a imaginação para os mais despudorados pensamentos − simulações de realizações plausíveis. Não tem como conter, a queda é lenta, o êxtase é a consequência de vários, distintos e pequenos atos a dois, e a ele chegaremos juntos, sem receios e com vontade, por querermos, como tínhamos combinado, mental e fisicamente, em um tempo desperdiçado no passado. Criado em: 15/12/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

EM ESTADO DE ENAMORAMENTO

Apesar de não sermos contemporâneos, é comum, quando estamos vivenciando este estado de êxtase, alçarmos voo, levados pelas asas frágeis de Ícaro. Posto que viver sob o signo da incerteza é a chave para melhor desfrutarmos este turbilhão de sentimentos-emoções, que é a descoberta contagiante do outro.  Teria algum encanto, sermos cientes de tudo, antes de experimentarmos? Não, nenhum! Então, como cego em tiroteio, lançar-me-ei rumo ao outro lado da rua. Não na esperança de logo alcançá-lo, são e salvo, mas pela adrenalina − prazer intenso e constante − que essa travessia me proporcionará. Mesmo não sabendo até quando, é bom sentir novamente o coração acelerar, as mãos gelarem, o corpo suar, a boca arder em beijos e, tudo isso, por um bom motivo. Uma vez que, se assim não fosse, não geraria inúmeras sensações agradáveis simultaneamente. Criado em:   14/12/2013   Autor:   Flavyann Di Flaff

CONHECER O OUTRO

O que é conhecer o outro, se não o estar atento às pistas que nos são dadas, de forma consciente ou inconsciente, durante uma intermitente convivência. A partir disso, então, juntá-las e, em seguida, analisá-las com paciência, interesse e bom senso. Para, só depois, emitir um veredicto, que em nada dará a você a certeza de ter achado uma boa companhia.   Criado em: 07/12/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

EVOLUÇÃO

Finalmente, depois de algumas estações, a formiga cria asas, tornando-se tanajura para se perder neste mundo vasto, onde escreverá uma nova história, assim que acasalar. Tudo o que passara até aqui, constituíra fases que, encerradas, cederão lugar para a que virá. Segue a tanajura o trajeto natural de sua espécie. As asas recebidas duram apenas o suficiente para chegar até o seu destino, que bem pode ser cair nas terras de seu pretendido ou nas garras de algum predador. Tudo isso é possível nesta nova aventura, já que, na cadeia alimentar, não passa de petisco para os seres que estão no topo. Por tudo que já fora traçado, retroceder é um ato descartado, pois seguir o estipulado faz parte de sua natureza. Vai seguir o destino já traçado, fazendo o que lhe é conhecido e aconteça o que acontecer, assumirá os riscos e as consequências desse ato. Criado em: 03/11/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

SÚPLICAS

Que eu não atraia os olhos que nunca me viram; Que eu não ouça as palavras que nunca foram para mim; Que eu não sinta as mãos que nunca me tocaram; Que eu não anseie os lábios que nunca me beijaram. Por fim, que eu não deseje quem nunca me desejou! Criado em: 02/11/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

DE UM DEVANEIO

Hoje mergulhei naquela antiga foto e me senti criança encantada diante de uma bela flor. Faltaram-me palavras – pura redundância − porque muitas palavras ainda eram inéditas à época para mim. Um ser em plena construção, assim eu era, enquanto você já debutava naquela ocasião. Alguns anos de existência nos tornavam distantes, anos vividos de forma distinta, não pelo fato de sermos de sexos opostos, mas pelo ambiente familiar e o em que vivíamos, em que estávamos inseridos na época. Caminhos separados, não só pela distância, porém pelas situações, lugares, hábitos; enfim, por fatos, ocorrências, que nunca conspiraram para promover um eventual encontro nosso.  Retendo-me, fascinado diante da sua jovial figura, imagino que, se este encontro tivesse ocorrido, nada do que agora os meus sentimentos atribuem, aconteceria. Você era jovem e eu, criança, nesse caso, no mínimo, eu seria ignorado e nem repararia no que acontecera. Ontem criança e hoje um adulto, ambos enfeitiçados por alguém

DIAS DA CRIANÇA QUE FUI

Hoje, fui ao porão do meu ser e revolvi o baú das minhas memórias pueris. Lá encontrei as imagens das inúmeras quedas que sofri, bem no sentido literal desse verbo, pois quando se é criança, a gente sofre por ação e não por reflexão – isso já é coisa de adulto, com suas quedas metafóricas. Caímos da árvore, do balanço, da cadeira, da cama, da bicicleta etc., mas sempre tínhamos, nessas horas, o eterno anjo da guarda, a nossa mãe. Vasculhando, achei as representações da criatividade que fervilhava a minha mente, ainda em formação. Foram inúmeros brinquedos criados no fervor da vontade de brincar, lembro-me dos rolimãs que buscava no sítio do meu avô para fazer os patinetes e, neles, acelerar na praça. Dos carrinhos feitos não só de lata de óleo de comida, arame, madeira, aspas de metal e rodinhas de sandálias Havaianas, mas também dos feitos com as latas de Leite Ninho, arame e cordão. Por fim, dos feitos com garrafas plásticas de água sanitária, arame e um pedaço de plástico fixado p

TOMADA DE CONSCIÊNCIA

Adentrando na casa, sua velha conhecida, apesar das claras evidências do que já é passado, sente tudo como um presente vivo. A poeira encobre os móveis – receptáculos de sentimentos −, mostrando que há muito foram abandonados, perdendo o brilho de outrora. Segue caminhando por entre os cômodos, pedaços de momentos (re)vividos, vendo tudo no seu respectivo lugar, retrato infiel do que era real. Nesse instante, bate uma saudade do que findou, sinal de uma tomada de consciência do que ocorreu, contudo ainda necessita ser formalizado. Esse retorno consciente não lhe torna imune às consequências que virão, entretanto o faz mais forte para tudo suportar. Sendo visita naquele ambiente, não demora e deixa a casa onde tantas emoções foram vividas, dividindo dias, meses e anos com uma companhia que, nesse instante, ausente estava. Qual o significado de esse não estar? Algum teria, e resolveu não divagar, já que isso era típico do outro, assim, foi-se sabendo que logo voltaria. Criado em: 3

COISAS DO CORAÇÃO

Já se diz, há séculos, que ninguém é dono de ninguém e que nada é para sempre! Portanto, esse negócio de sair por aí dizendo que fulano ou sicrana me perdeu é puro engodo para atrair apoio emocional à causa perdida. É retórica de quem ainda não se conformou que, nesta vida, tudo é passageiro, restando, apenas, as marcas indeléveis na memória de cada um, que tanto podem ser boas ou ruins, dependerá, na ocasião, do ponto de vista e do sentimento dos envolvidos. É típico do ser humano, quando uma relação termina, seja de que tipo for, falar horrores dos que decidiram partir sozinhos noutra direção, e depois que o mundo dá voltas, acabar se envolvendo, de novo, com aqueles que partiram e foram execrados. Essa ação é denominada de “ cuspir no prato que comeu ”, portanto, solteiros(as), recentes ou não, acalmem-se e vivam as oportunidades que a vida proporciona, porque as que já se foram não voltam mais. Contudo, as coisas do “coração” são imprevisíveis, de repente, aquelas voltam refeitas

DE UMA BATALHA PERDIDA

Só podia fazer parte do séquito de Lúcifer – o mestre da dissimulação! Dessa forma, o Cavaleiro tentava entender os últimos acontecimentos. Queria imaginar outras coisas que justificassem tamanha urdidura em que foi envolvido, mas tudo caminhava somente àquela justificativa. Como pôde? Por que dissimular? Por que não usar de honestidade? O Cavaleiro se questionava, pressionado pela dor que agora sentia. Era duro crer que tudo fora tramado pelo seu fiel escudeiro, uma pessoa acima de qualquer suspeita. Agora, a máscara caiu e não dá mais para remediar o estrago deixado em seu ser, resta-lhe suportar e superar a perfídia sofrida. Superação lenta e dolorosa, pois, em seu peito, agora arde o fogo da vingança, e se o destino – sempre senhor das coisas – o tivesse aludido pelo menos uma vez, teria enfiado a lâmina de sua espada até sentir bater o cabo na carne do infiel. Assim, por toda a confiança que depositara naquele e que fora relegada a nada, lavaria a sua honra para todo o sempre. De

EXPONDO A [SUA] NATUREZA

Deixes a beleza das flores encantar a paisagem, sem que haja por trás desse natural encanto uma intenção de quinta, só para atrair presas incautas e fragilizadas. Não alies palavras, reconhecidamente, doces e persuasivas, às flores incólumes ao anseio carnal dos homens predadores, se apenas procuras uma aventura. Cedo ou tarde, o teu verdadeiro interesse será exposto e o malogro não tardará. Pois, quem na sua essência é predador, mesmo que use disfarces, não conseguirá esconder, por muito tempo, a sua natureza. Criado em: 19/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

COISA DE CRIANÇA

Brinquedo esquecido, logo substituído por um novo. Brinquedo comprado, devido à persuasão contínua de um senhor da lábia. Homem dissimulado de palavras ternas e encantadoras. Canto de sereia aos ouvidos do cliente desejoso. Esquecido dos fortes e antigos laços com o brinquedo ofertado de coração. Criança perversa que, com pressa, negligenciou a presença do brinquedo, outrora amado. Brinquedo abandonado, parado, vendo a vida passar. Tristeza tamanha, dor sem fim, pois, noutro lado daquele mundo, criança necessitada não pode brincar. Brinquedo não pode comprar, mas se a criança perversa o brinquedo desprezado doar, a felicidade vai até à outra criança, assim que o brinquedo desejado chegar. Criado em: 11/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

DA ESPERA DE TODOS OS DIAS

Esperar cansa! Esperar tendo a certeza de que nenhuma alteração acontecerá, é ainda mais desanimadora. Esperar como coisa que foi esquecida num canto, não produz a mesma expectativa que se sente, quando se espera por aquele que deseja chegar. Essa sim, é a espera que alimenta todo aquele que aguarda a chegada prometida e cumprida. Esperar por nada é como morrer à míngua, alimentado, apenas, pela pretensa e dissimulada promessa de um retorno que nunca acontecerá. Antes procurar outro rumo, que perecer desse mal. Criado em: 12/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

COISAS DE QUEM PERDEU O BONDE DA HISTÓRIA

O que perdi? O que não posso ver? O que não ouvi? O que não percebi? O que não é para saber? O que fazer diante de tudo isso? Alguém pode me dizer? Criado em: 11/09/2013 Autor: Flavyann Di Fla ff

FINAL INDESEJADO

Como o agricultor sertanejo que, só com um olhar breve no céu, sabe se o plantio vai vingar ou não, pressinto a seca mortal no campo outrora fértil das relações! Como o jogador que antevê o próximo lance, prevejo a má sorte à espreita do que virá! Como a fera faminta que prevê o bote certeiro na presa desatenta, sinto que qualquer ação, neste momento, será vã! Tudo isso concorre para comprovar o que, há muito, já ocorre subliminarmente. Sinto-me só, pois apenas a Incerteza ronda faminta ao redor, implantando o terror no que já se encontra frágil, quase sem vida. Ser vítima daquela é só questão de tempo e este acelera seus passos rumo ao desfecho esperado, mas não desejado por quem, um dia, pensou ser eterno. Criado em: 11/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

POR UM DESCANSO COM AFETO

Neste presente, o que desejo é ter um porto verdadeiramente seguro para aportar minha nau − corpo cansado − e descansar da jornada no vasto Mar da Vida, local de inúmeras batalhas diárias. Sinto-me esquecido, abandonado pelo Destino, este, que sempre nos reserva situações imprevisíveis. Sou todo dor e "toda dor vem do desejo de não sentirmos dor", portanto, só desejo agora, descansar o corpo exausto, abastecendo-me de todo afeto possível de ser doado e retribuído. Porque nem só de pão vive o homem, mas de todo o afeto que ele puder dar e receber! Criado em: 07/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

O QUARTO MUNDO

A chuva cai torrencialmente na cidade! Os ventos uivam por entre as frestas da janela fechada e eu aqui, no meu tão conhecido e querido quarto, sentindo-me perdido nesse mundinho frágil − esconderijo de papelão −, onde na infância me escondia para se proteger dos monstros externos e que, hoje, já não me protege de coisa alguma. Ouço burburinhos, parece som de cascalhinhos, poeira de segredos nunca revelados, mas sempre comentados nas rodas de escarnecedores. Quem por direito deveria saber, nunca os saberá, pois permanecerão nas entrelinhas de esporádicos diálogos surreais. Esconderijo de papelão – mundinho frágil –, o meu aposento em nada se compara às fortalezas construídas pela hipocrisia, intolerância, dissimulação e, por fim, pela indiferença, que muitos erguem em seus quartos. De dentro delas monitoram as vidas alheias e, “inconscientemente”, expõem as suas, apesar de tentarem uma pretensa discrição. Posto que toda sujeira, por menor que seja, deixará sempre o seu indelével rastro

O TORTURADOR

Em um dia nublado, ela saiu comigo – companhia sempre incômoda – para cumprir com a rotina diária. Eu nada murmurava, apenas alguns ais saíam abafados da minha boca, enquanto ela me incomodava durante todo o percurso. E assim foi durante todo o transcorrer do dia. Companhia que nunca desejei! Na verdade, nunca imaginei que teria o desgosto de conhecê-la e, muito menos, de conviver com ela. Mas tudo foi acontecendo lentamente, a ponto de não reconhecer os sinais de sua chegada. E quando chegou, foi de sola em minha vida! Sem nada falar, aboletou-se no meu peito desiludido e fez estrago. Tanto, que até hoje ainda fere o meu peito de incertezas, inseguranças e de não-sei-mais-o-quê! Insatisfeito por não merecer tal desagradável criatura, vou maquinando um desfecho certeiro para esse martírio. Determinado, saio à rua em busca de um profissional na arte de eliminar figuras indesejáveis. Andando por lugares frequentados por gente de toda espécie, acabo por ser abordado por um intermedi

AMOR SAMBA-CANÇÃO

Sei que Freud disse que a linguagem é o lugar do ocultamento, que o verdadeiro desejo por ela relatado não se revela. Sei também, que uma ação vale mais do que mil palavras. Mas eu que sou das Letras, não posso furtar-me de expressar, sem recalques ou dissimulações, o que sinto. As ações advêm de palavras bem-ditas em encontros casuais que, depois, transformam-se em encontros marcados, culminando em um relacionamento. Portanto, pausa no intelectualismo, pois, hoje, sou todo sentimento e para isso provar, vou a todos contar o que se passa comigo. Não sei mais o que faço para sair desse embaraço que está o nosso amor. Já recitei Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes, Pablo Neruda. Já cantei Lupicínio, Noel e Cartola, mas não abriu, em Rosa, a pedra que em seu peito traz − materialização da insensibilidade que agora o habita −, esse que já foi o refúgio da paz e do qual esta paixão por Rosa me tirou. Ah, pelo visto, Rosa, a nossa história de amor vai dar em samba! Samba-canção cuja letra fa

LIVRE PARA VOAR

Ele que sempre podara suas asas, para, assim, não se sentir tentado a partir e deixar o que há muito o encantara. Hoje, já não se sente bem recebido e angustia-se pela hesitação alheia em assumir o que os gestos já denunciam. Olhar nos olhos já não tem mais o mesmo encanto de outrora, pois falta reciprocidade. Soa como canto fúnebre o som da voz que outrora embalava seus sentimentos. Decidido, deixará suas asas crescerem e quando estiverem completas, alçará voo. Não sabe o rumo, mas estará ciente de que deixará para trás o que nunca lhe fora ofertado de verdade. Criado em: 23/08/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

DESPERTANDO PARA UMA SOLITÁRIA REALIDADE

Ele sonhou tão intensamente, que tudo parecia real! Via-se pequeno diante da rosa que cativara. Já não tinha olhos para outra, dedicara-se com imenso ardor ao cultivo daquela que o encantara. O tempo passava e ela parecia cada vez mais bela. Fazia o impossível para vê-la exuberante. Assim, as primaveras iniciais foram de esplendor. Logo depois, vieram as estações inadequadas e a rosa se desfolhou, murchando. Apesar do zelo contínuo, não percebia nenhuma vontade interior na rosa em se renovar. Então, sentiu que a perda se anunciava e isso já era caso encerrado. A dor de ver esvair-se o que antes era pujante o fez acordar do sonho e se deparar com a solitária realidade. Criado em: 23/08/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

ACEITANDO O FIM

O que dói mais na gente? Saber que o ente querido já partiu ou se ele ainda está moribundo? Em ambos os casos, a impotência nas nossas ações é fato consumado. Se já partiu, nada mais poderemos fazer, e se está moribundo, pensamos e tentamos fazer algo, porém, mesmo assim, ficaremos com a sensação de que não fora o suficiente. Machuca mais o fato de saber que quem está próximo fica indiferente e não ajuda. Entretanto, não se esquece de nos criticar, acusar, julgar e de nos condenar por sofrer por dois. Resta-nos, resilientes, dar um tempo, refletir e reconhecer que já não há mais nada a fazer, a não ser despedir-se daquele que se vai aos poucos, e renovar o espírito para os que virão, aceitando, enfim, o que fora escrito e cumprido pelas partes envolvidas até ali. Criado em: 11/08/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

FIM DO AMOR

Ah, Amor, como me foi caro aceitar que te perdia! Vendo-te agora nesta urna funerária, relembro os momentos que tivemos contigo. Como toda novidade, causaste imensa euforia em nossos corações por um bom tempo, até que... confuso, não consigo identificar o exato momento em que começamos a te perder. Talvez, quem sabe, tenha sido quando começou a imperar os desejos individuais em detrimento da felicidade coletiva. Mas, agora, do que adianta remoer o passado, se jaz inerte e para sempre no peito daquela, que, também, um dia, te acolheu. No teu funeral, Amor, só eu estava inconformado, porque aquela, nem lágrimas de crocodilo derramou, apenas se deu ao trabalho de fingir sofrer. Na verdade, abatida estava, mais por não saber escolher um entre tantos que “conhecera” – encontros surreais − do que pela falta que tu farás. Diante disso, que te lancem logo no jazigo do Cemitério do Esquecimento, pois não aguento mais tanta dissimulação. Que fechem logo o sepulcro caiado, para que a tua prese

COLABORAÇÃO FINAL

Foi indo... indo... ndo... do... o... Foi-se! Degolando a esperança de ainda permanecermos siameses. Vimos assim, que a tecnologia é divisora de águas, de mares, de relações! Enfim, fomos vítimas do que não queríamos, mas que, contraditoriamente, contribuímos para acontecer! Criado em: 09/08/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

INDÍCIOS DE UMA TRAGÉDIA

O porto, antes, seguro, fez-se terra firme! A intrépida nau das emoções e sentimentos há muito sumiu do mar e se aboletou no estaleiro das coisas previsíveis. Reflexo do tenebroso costume em que se converteram as ações iniciais, antes cheias do brilho da novidade. O tempo passou e, com ele, as estações mudaram. O que antes dava frutos, hoje só tem espinhos. A fonte que outrora jorrava gênesis, agora só lágrimas de apocalipse. Mas segue a costela de Adão a nada se fazer entender – inquisidora hipócrita de pecados  –  pois também são seus. A terra, antes, firme, fez-se movediça! A garantia de reciprocidade ao que seria ofertado, aos poucos, fragilizou-se. O que era basilar, desfez-se em grãos de descontentamento mudo, iludindo o par, já que a estrutura continuava intacta. Nesse faz-de-conta surge a Esfinge, só para cumprir com o seu ofício especificado há milênios, entretanto a sua presença, claramente, tinha ares de zombaria. Uma vez que a tristeza devorava lentamente uma das par

HOMENAGEM À LUA DE ONTEM E SEMPRE

Ontem, ela me apareceu do nada! Sem aviso prévio, sem insinuações anteriores, apenas apareceu, e ali, estaticamente linda, com o olhar de luz a me fitar, sorriu radiante. Sem reação − estado típico de menino diante de uma mulher − tudo desejei fazer, mas nada fiz. Apenas fiquei ao bel prazer do encantamento que ela me causara. Então, eu, reflexo do que li, senti-me como um príncipe, porém pequeno diante da formosura de sua prateada face.  Lembre-se de que será responsável pelo que cativar, um pequeno príncipe me segredou! Então, revelo o meu pedido: quando esse apogeu se desfizer, que não se esqueça de sempre velar meu sono, minha linda e super lua. Criado em: 24/06/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

TEATRO DE GUERRA

Na Faixa de Casa para a rua, o barulho ensurdecedor dos fogos a estourar pelas mais diversas partes da área residencial impera. Sem se importarem com crianças de colo, velhos, doentes e os cansados do cotidiano pela sobrevivência de cada dia e em nome de uma devoção tradicional, que em nada advoga em prol do comércio dessas "armas festivas", investem contra a paz e o sossego coletivos. Da janela de um prédio residencial, vislumbro o cenário dessa guerra sacrossanta no qual a queima da vegetação, que fora tomada das nossas matas, gera um nevoeiro denso e de odor insuportável como gás lacrimogêneo de forças repressoras a nos impelir a não lutar pelo nosso direito de ir e vir, sem que soframos coação alguma. Escaramuças de soldados intocáveis... que ECA! manipulados pelos Senhores do Caos que os protegem, seguem alimentando a cena dantesca com mais e mais artigos dissimuladamente infantis, porquanto possuem aspectos e consequências semelhantes a materiais bélicos. Aquelas são e