Pular para o conteúdo principal

O QUARTO MUNDO

A chuva cai torrencialmente na cidade! Os ventos uivam por entre as frestas da janela fechada e eu aqui, no meu tão conhecido e querido quarto, sentindo-me perdido nesse mundinho frágil − esconderijo de papelão −, onde na infância me escondia para se proteger dos monstros externos e que, hoje, já não me protege de coisa alguma.

Ouço burburinhos, parece som de cascalhinhos, poeira de segredos nunca revelados, mas sempre comentados nas rodas de escarnecedores. Quem por direito deveria saber, nunca os saberá, pois permanecerão nas entrelinhas de esporádicos diálogos surreais.

Esconderijo de papelão – mundinho frágil –, o meu aposento em nada se compara às fortalezas construídas pela hipocrisia, intolerância, dissimulação e, por fim, pela indiferença, que muitos erguem em seus quartos. De dentro delas monitoram as vidas alheias e, “inconscientemente”, expõem as suas, apesar de tentarem uma pretensa discrição. Posto que toda sujeira, por menor que seja, deixará sempre o seu indelével rastro.

Não tem para que se ater a tal pormenor, para tanto, deixo que as consciências daqueles que delas ainda são possuidores, julguem, condenem ou absolvam tais atos. Falo isso, não por conhecimento de causa, uma vez que não sei se fui vítima de algum desses “senhores feudais”, de concreto mesmo, só as especulações que atormentam o pensamento. No mais, vida real que segue fora do quarto, um mundo ainda isolado das coisas alheias, para muitos.

Criado em: 29/08/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

ANDAR NA LINHA

  Quem se disfarçar por entrelinhas, um dia, o trem pegará!   Flavyann Di Flaff      03/10/2020

ILUSIONISTA DO AMOR

  O amante é um ilusionista que coloca a atenção do outro no ponto menos interessante, levando o ser amado a se encantar com o desinteressante. Quando o amante se vai, o amado age como um apostador, que, diante da iminência da perda, se desespera e tenta recuperar o que já foi. Mas, ao invés de encontrar o amor perdido, encontra apenas o reflexo de sua própria carência, como quem busca ouro em espelhos quebrados. Restando, então, ao amado, o desafio de enfrentar o vazio, reconhecer a ilusão e descobrir, enfim, que o verdadeiro amor começa, quando cessa a necessidade de iludir ou de ser iludido. Criado em : 14/11/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

MUNDO SENSÍVEL

  E toda vez que eu via, ouvia, sorria, sorvia, sentia que vivia. Então, veio um sopro e a chama apagou.   Criado em : 17/01/2025 Autor : Flavyann Di Flaff