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Mostrando postagens de setembro, 2019

CONVERSA AFIADA

Discutir sobre os nossos políticos, hoje em dia, com qualquer pessoa, é como falar de um vizinho insuportável em todos os sentidos atitudinais, porém, com a sensação factual de que o outro interlocutor é o próprio, ouvindo e recebendo as arguições com uma despudorada e apologética censura. Portanto, harmônico, o diálogo não será, já que transcorrerá por vias tortuosas até o seu encerramento, reverberando, ainda, por um indefinido tempo. Criado em: 29/09/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

SERENGETI INCANDESCENTE

Vem! Vamos sentar à beira do abismo, a visão fica sempre mais clara quando estamos fora da bolha. Veja como o inferninho repartido fica mais inflamado, flamejante, fruto do desvario coletivo. Cada um certo de estar em pleno céu – paraíso fabricado por pregadores da última hora, que, fomentando a paz, instigam a guerra. Esse caos é o cosmo mais que perfeito para o Construtor profanamente benevolente, disponibilizando as opções, concedendo a escolha para os seus – poder democraticamente reivindicado e conquistado. Veja os Senhores dos discursos-catarse – palavras milimetricamente adocicadas – certeiras para abelhas sedentas e acossadas pela ansiedade de uma exterminação, proporcionando o arguto propósito. Gado e gente encantados pelos mesmos fonemas, respectivamente, em frases e aboios feitos para conduzir por meio da sedução sonora. Neste Serengeti incandescente, apesar de diversos e distintos, pertencemos à mesma manada, cumprindo, todos, o mesmo ciclo da vida. Todavia, aqueles sen

DOS ÚLTIMOS HOMENS

Chego à conclusão de que estas dualidades antitéticas que sempre nos foram apresentadas, consistem, apenas, em um subterfúgio para omitir uma verdade. Ofuscando, iludindo o nosso discernimento, levando-nos a discutir, reiteradamente, a mentira da existência de forças opostas, defendendo irracionalmente uma à outra. Quando, na verdade, elas não passam de faces da mesma moeda – eis a “verdade” dos últimos homens.   Criado em: 24/03/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

ESPERANÇA PANGEICA

Nesta terra pátria, de pessoas conterrâneas e de filhos gentis, um destes é subentendido como estrangeiro. Deste solo pátrio, o sentimento de pertencimento é o que ainda resiste, apesar destes tempos estranhos, bicudos. E como saudade remete ao que se foi, o presente faz-se imperativo, enfatizando a mudança no ambiente. A esfera, antes em harmonia, agora tem clima molesto. Trafegar por vetustos caminhos, que tanto levaram a alegrias, vendo-os hoje como veredas impiedosas, causa profunda melancolia. Com solo desprezado pelos seus e a consanguinidade idem, resta ao filho gentil, com resiliência, aguardar que a consumação parafrástica de pangeia, revele novas fronteiras a seguir. Criado em: 24/09/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

NORMOSE CITADINA

Na selva, de pedra são os corações, ecoam gritos desesperadores – predador e presa travando a luta pela vida. Clareiras de curiosidade abrem-se por entre as densas folhagens de conceitos e comportamentos arraigados há séculos, são camadas e mais camadas, que, em um átimo de contemplação, sequencialmente, são desfeitas, para, no mesmo instante, fecharem-se em sua normalidade habitual. A perturbação gerada naquele meio no qual se propagou a onda sonora de desespero, ouvida a pouco, cessou na mesma velocidade, o que proporcionou o retorno da vida selvagem à rotina pacífica das aparências sociais. Criado em: 28/09/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

EXPIA SÓ

Atirando pedras na sua genealogia, com o oportunismo da ação, colhe os famigerados frutos. Apontando o dedo para as entranhas alheias, indica a vereda predestinada. De dissimulada pena constrói as asas para o utópico voo, qual mítico Ícaro. E com engenhosa verve tece a pregação da autorrenovação – proselitismo do eu-consegui-por-mim-mesmo – o avesso de sua realidade. Para si, e só para si, tudo isso são dons infinitos, até a hora de expiar! Criado em: 19/09/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

MUNDIN QUI APRECEIO

Vô pra capitá mai não! É um povim insquisito, qui veve aperreado, di besta quié, cuins pobrema dece mundão, isqueceno nas casa os cunserto, as arrumação, as rôpa suja e um mói di côsa pá fazê. Vô é vortá pá meu lugarzin, lá a vidinha é besta i assossegada, sem inxirido pá apoquentar. Lá o cumpadi se assenta na beira da istradinha a tarde todinha, e se arguem pregunta se a istradinha vai pá capitá, ele arrespondi qui não! Poi derna qui era pirai, nunca qui viu ela ir simbora. É dece mundin qui goxto, desapressado quinem ele só, e sem niua farta di mixirico dece mundão. Criado em: 16/09/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

HEGEMONIA PATOLÓGICA

A satisfação material espelha-se na brevidade alucinógena do desejo, posto que ele surge e se esvai em um átimo de tempo, para, em seguida, ressurgir sob outra forma ou nomenclatura. O que tenho lido nas entrelinhas de preocupados desabafos sobre a moderna condição humana, tão açodada pelo materialismo, é a ausência da interação interpessoal de outrora. Essa perda não foi da noite para o dia, ocorreu através de um longo e pernicioso processo, já que sólida era aquela troca de humanidades. Hoje, o materialismo, apoiado pelos desvarios de desejos indômitos, domina a nossa breve existência, impondo uma hegemonia patológica em um momento único para cada criatura, no qual deveriam coexistir, apenas, a natureza humana e o espírito. Criado em: 15/09/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

TERRA DE ENGENHOS RAQUÍTICOS

E o semeador cuidou da terra com o mesmo amor zeloso e despretensioso que indivíduos, nos dias de hoje, têm um para com o outro em uma relação, do tipo “... é só oi e tchau!”. Assim procedeu, até que se certificou do momento propício para a semeadura – ritual que marca a certeza do que colherá. Ato que há muito planejara, ensaiara e, hoje, executava com maestria, ainda na surdina da madrugada dos temas requentados recentemente. Terra fértil, onde em se plantando, tudo dá! Já que ainda mantém a pureza dos habitantes primevos. Salve, salve a política de preservação desse ambiente! Que de tão ingênuo é afeito a semeaduras duvidosas, manipuladas em sua gênese. Tabuleiro de argutas estratégias, nas quais tem destaque o plantio de frutos alucinógenos, capazes de dobrar a massa terrena, continental em sua dimensão física, mas raquítica de engenho. Criado em: 15/09/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

REMORANDO

Não tinha estrutura e a que existia, era coletiva. Não fazia sala, pois era ação insalubre, do tipo querer agradar a quem pouco se importa com isso. Em porta, de porta a porta, fechou-as para os quartos – outrora lugares de sossego –, hoje, paisagens apocalípticas, abrigos inacessíveis aos meros mortais – transeuntes de uma escada, que tanto pode levar ao céu quanto ao inferno existencial. Construção de portais, de acesso ou de fuga, para um terraço com vista, limpa ou turva, do mundo, real ou idealizado, dependendo do estado emocional daquele que o visitar. Estruturas restritas, finitas, limítrofes do cosmo e do caos, o destino que lhes for escolhido, contrariando, seja qual for a decisão, o direcionamento único de seus idealizadores: o abrigo à convivência harmônica entre cada uma de suas partes. Criado em: 12/09/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

O INOMINÁVEL

Quem vem lá!? A distância impede-me de visualizar. Por enquanto é só um vulto disforme a caminhar pela mesma via, todavia, em sentido contrário. Esse trajeto faço toda vez que necessito renovar as forças, e o saudosismo é quem me socorre. O afastamento ainda persiste, não ajudando a dar forma precisa ao, ainda, obscuro ser. Porquanto segue a imprecisão no definir da figura, que ruma ao esbarro inevitável. O tempo parece não passar, apesar da ampulheta viravoltear mil vezes, prolongando a tortura dessa aflitiva, forçada e finita coexistência. A impotência diante do turbilhão  de emoções patológicas, que tão breve convívio causa, é imensurável para qualquer um, imagine para quem o vivencia. Por fim, a distância física diminui. Eis que já é perceptível o que  antes era só um vulto. Sou tomado por um assombro: Aquele que se mostrava apartado, longe de mim, como um estranho, algo indefinível, fora uma cria minha! Criado em: 13/09/20

CULPAS REFLEXIVAS

Nas cidades tropicalientes, os citadinos imputam-se as mais hediondas faltas. Comportamento comparável a dos calcetas que, dentro de um mundo específico, confusos por seus tormentos pessoais, esquecem de suas condições e imputam-se as mais hediondas faltas.   Criado em: 17/08/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

INDIOSSINCRASIA

Houve um tempo em que uma marchinha de carnaval descrevia o ingênuo desejo do índio, e ela assim dizia: "... índio quer apito, se não der, pau vai comer !". Mas o tempo, as pessoas e seus desejos mudam. Hoje, os índios já fazem manifestações públicas pelos mesmos direitos que os "civilizados" possuem, afinal, os nossos primeiros habitantes já deveriam ter sido tratados como cidadãos brasileiros há muito tempo. Os povos indígenas querem apenas o direito ao acesso à saúde, à educação e à segurança! Não devemos esquecer que eles evoluíram e também desejam ter acesso à tevê a cabo, internet e ao crédito financeiro, assim poderão ter a ascensão capitalista. Então, agora, é: Indígenas querem cidadania, se não der, pau vai comer! Rodovias serão bloqueadas, reféns serão feitos e as cidades serão invadidas por manifestações. Criado em: 14/09/2012 Autor: Flavyann Di Flaff

AMOR INCONDICIONAL

Pudera ter o mesmo amor que uma mãe sente ao perceber que as suas entranhas estão sendo devoradas por sua cria e, apesar disso, compraz-se, ante o bizarro espetáculo, com a imensurável dor que sente, só por saber que o seu rebento sacia a fome que o atormenta.   Criado em: 13/09/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

INTERPRETAÇÕES DO EU

Das versões que existem de mim, apenas ouvi dizer de algumas. Destas versões de mim estou em acelerado conhecimento. Dentre elas, existe a dos parentes, sejam próximos ou distantes. A daqueles que não me querem bem, a dos entes queridos, a dos que pensam conhecer-me, a do feirante – de quem sou freguês. A dos colegas de escola, da rua e de pelada; a dos ex-amores – repleta de distinções e contradições. Por fim, a dos que fingem ser amigo, irmão e confidente. De todas elas, a que mais me agrada, é a versão por mim mesmo! Repleta de imperfeições e pormenores, os quais só eu sei perceber, porém é a mais verdadeira delas!   Criado em : 10/09/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

ERMITÃO

Se fosse possível, a partir da semana que vem, adoraria transformar-me em um capiau e morar numa tapera no mais recôndito cantinho do mundo, coexistindo, apenas, eu e a natureza. Eu, junto com o meu silêncio interior, e ela, com os seus sons divinos e confortadores, sem nenhum tipo de intervenção danosa para a harmonia entre ambos. Assim, permaneceria como um verdadeiro ermitão transitório! Criado em: 08/09/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

O TEMPO DA COLHEITA

Vai, tira a tua máscara social! Ornamento que a anfitriã da festa te impôs para que pudesses participar, porque, apesar do convite enviado, aquela foi o bilhete de entrada – condição sine qua non . Revela-te! Mostra os teus anseios, as tuas paixões, tudo em desmedida conta, ilimitada, fruto do teu descontrole – cavalo sem cela e sem arreios. Deixa o prazer ser o teu fiel conselheiro nesta hora, o garanhão dominante no harém de tuas inúmeras e distintas veleidades. Aquele que desvelará vastas paisagens dionisíacas sob promessas sempiternas de um perene regalo de leite e mel e, nunca, de labor e fel. Neste deleite, fazes a semeadura respectiva, certo da colheita recompensadora! Convicto de que os frutos vindouros serão a continuidade dos aprazíveis instantes desfrutados. Mas não ocupes, tu, as horas de tua existência com tão insinuante pensamento! Atentas, apenas, com o seguir reto dela – vereda inexorável para os que se extraviam –, refazendo o que assim necessitar. Uma vez que a colhei

DECRÉPITA E RANZINZA

A imprensa, na maioria das vezes, é como uma pessoa decrépita e ranzinza, que só oferece, cotidianamente, comida requentada para todos que a visitam.   Criado em: 01/09/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

O ATO PROVOCATIVO

O grande provocador não se utiliza do discurso, prefere abster-se da palavra, porque esta, quando proferida, dá abertura para a réplica rápida e belicosa, como uma escaramuça em território inimigo, o que induz a uma tréplica instantânea e feroz, envolvendo-o em um ciclo inócuo e enfadonho. Em vez disso, o provocador utiliza-se da atitude invasiva, esta, quando bem planejada e empregada, não dá nenhuma chance a objeções ocasionais. Simplesmente, acontece e cumpre a sua função definida em um átimo. Porquanto a ação provocativa impacta, afeta, impondo a sua mensagem avassaladora, não só para um indivíduo em particular, mas para toda uma sociedade. O seu causar é comparável à surpresa da caça ao perceber o predador no mesmo instante em que esse se lançou sobre ela. O tempo parece congelar nesse exato momento, e tudo ocorre em fração de milésimos de segundo, mediante a inexistência de reação da presa. Não que o discurso não exerça esse papel, penso que, como ele já é uma sequência lógica,

DESVELANDO A NOVA REALIDADE

No Templo da Pós-Modernidade, onde os vendilhões fazem a devassa nos incautos, a balbúrdia de seus frequentadores causa desorientação àqueles que passam ao largo. Pousados em suas portas, os neoanjos ofuscam, com seus opulentos e artificiais discursos, a verdade de suas intenções, como se os que ali adentram, vivessem, constantemente, sob uma forte cortina de fumaça, deixando-os inaptos a dimensionar a realidade em que, logo, estarão entranhados. Dentro da construção grandiosa, a parafernália tecnológica, com seus ruídos dissonantes, compõe a sua ode altissonante à Pós-Modernidade. For Hall, todos que dessa sociedade fazem parte, definem-se historicamente, desprezando o ser-biológico, satisfazem-se na identidade líquida, formada e transformada, continuamente, sob a influência de alheios sistemas culturais. Ádito da sacrossanta recentissimorum modorum saecularia, construído industrialmente e endossado por segundas e aguerridas intenções. O que pregam em seu interior, são princípio