O grande provocador não se utiliza do
discurso, prefere abster-se da palavra, porque esta, quando proferida, dá
abertura para a réplica rápida e belicosa, como uma escaramuça em território
inimigo, o que induz a uma tréplica instantânea e feroz, envolvendo-o em um ciclo
inócuo e enfadonho. Em vez disso, o provocador utiliza-se da atitude invasiva,
esta, quando bem planejada e empregada, não dá nenhuma chance a objeções
ocasionais. Simplesmente, acontece e cumpre a sua função definida em um átimo.
Porquanto a ação provocativa impacta, afeta, impondo a sua mensagem
avassaladora, não só para um indivíduo em particular, mas para toda uma
sociedade. O seu causar é comparável à surpresa da caça ao perceber o predador
no mesmo instante em que esse se lançou sobre ela. O tempo parece congelar
nesse exato momento, e tudo ocorre em fração de milésimos de segundo, mediante
a inexistência de reação da presa.
Não que o discurso não exerça esse papel, penso que, como ele já é uma sequência lógica, o efeito é facilmente assimilado, visto que a reação é imediata. Ao mesmo tempo em que aquele provoca, incita uma resposta que pode ser consensual ou rispidamente contrária. Enquanto a conduta provocativa, convertida em comportamento resoluto, necessita de todo um processo mental para ser compreendida. Processo que passa pela absorção do impacto inicial (a surpresa), para, só depois, buscar possíveis referências acerca do significado do fato, o que proporciona o efeito supracitado.
Criado em: 01/09/2019
Autor: Flavyann Di Flaff
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