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EXPIA SÓ

Atirando pedras
na sua genealogia,
com o oportunismo da ação,
colhe os famigerados frutos.
Apontando o dedo
para as entranhas alheias,
indica a vereda predestinada.
De dissimulada pena
constrói as asas
para o utópico voo,
qual mítico Ícaro.
E com engenhosa verve
tece a pregação da autorrenovação
– proselitismo do eu-consegui-por-mim-mesmo –
o avesso de sua realidade.
Para si, e só para si, tudo isso
são dons infinitos,
até a hora de expiar!

Criado em: 19/09/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

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