No decorrer da vida, já transei muitas pessoas. Com algumas, foi erotismo puro; com outras, pornografia abjeta. Apelidava essas relações de amor, para que não chocasse e fosse aceita pela sociedade na qual me insiro. Assim, desvirtuou-se o amor, que tantos vultos e gerações lutaram para torná-lo excepcional. Transando, satisfiz o desejo que, naquelas ocasiões, consumia-me e me impelia para a satisfação irremediável. Depois de satisfeito, o descarte era feito. Com alguns, era de forma definitiva; com outros, intermitente. Depois de apagado, para acender o fogo, tinha-se que refazer todo o ritual. Gozando, fui gozado geral. Passados alguns anos, revi alguns conceitos. Quando pensei ludibriar a outros, enganava a mim mesmo. Então, descobrir que nunca amei, pelo menos, como sempre preguei. O Amor, por ser universal, não é satisfação instantânea, intermitência de empatia. Amor é regularidade, mesmo na ausência, na distância imprevista, na contemplação rara, nos silêncios do encontro,