No decorrer da vida, já transei muitas
pessoas. Com algumas, foi erotismo puro; com outras, pornografia abjeta.
Apelidava essas relações de amor, para que não chocasse e fosse aceita pela
sociedade na qual me insiro. Assim, desvirtuou-se o amor, que tantos vultos e
gerações lutaram para torná-lo excepcional.
Transando, satisfiz o desejo que, naquelas
ocasiões, consumia-me e me impelia para a satisfação irremediável. Depois de
satisfeito, o descarte era feito. Com alguns, era de forma definitiva; com
outros, intermitente. Depois de apagado, para acender o fogo, tinha-se que
refazer todo o ritual. Gozando, fui gozado geral.
Passados alguns anos, revi alguns
conceitos. Quando pensei ludibriar a outros, enganava a mim mesmo. Então,
descobrir que nunca amei, pelo menos, como sempre preguei.
O Amor, por ser universal, não é
satisfação instantânea, intermitência de empatia. Amor é regularidade, mesmo na
ausência, na distância imprevista, na contemplação rara, nos silêncios do encontro,
na doação desmedida.
No Amor, não há fogo apagado, não é preciso refazer o ritual, basta um sopro de vida no braseiro para reascender o fogo ancestral. Portanto, não devemos confundir Amor com desejo, pois este se renova ao passar, enquanto aquele se fortalece ao se doar. O primeiro é construído e cheio de nuances; o segundo é consumo, é descarte, é o fazer uso da carne.
Criado em:
21/01/2022 Autor: Flavyann Di Flaff
Comentários
Postar um comentário