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Mostrando postagens de julho, 2014

SOB A TIRANIA DA IMPOTÊNCIA

Do reino de OTPA (Onde Tudo Pode Acontecer), chega o lépido mensageiro que, sem cerimônias, logo expõe o decreto: – Desde já, fica determinado que ninguém poderá concretizar os seus anseios, sendo permitido, apenas, possuí-los. Assim proclama a minha Senhora! Tendo isso falado, retirou-se. Naquele dia, lamentos preencheram os ares, não teve um único ser que não tivesse sentido a mesma dor. Desde então, a atmosfera daquele ambiente transfigurava-se, toda vez que recebia uma visita, esta, quase sempre, era a aspiração de algum residente. O clima ficava pesado e triste por imaginar alguém desejando imensamente o outro ser e não poder tê-lo consigo, apenas por capricho de uma figura tirana e que nada entendia de sentimento. A cada visita recebida, era como se cada habitante daquela aldeia perdesse um ano de sua existência, que por não poder ser divida com o outro, ficara sem sentido. Ali, naquela aldeia, existia um habitante que, desde aquele fatídico dia, dormia e acordava inconform

CAPRICHO DA NATUREZA

A flor estava exuberante! O jardim – velho conhecido – mantinha o mesmo cenário caótico, mas a flor, ah, aquela flor! parecia ter sido cingida pelos dourados raios do sol da manhã, tamanha era a sua beleza, agora, radiante a sua figura. Não fosse noite, mereceria um agrado daquele que, sem muitos rodeios, é merecedor do codinome beija-flor. A Natureza tem lá os seus caprichos! Pela manhã, já passara, como de costume, a voar despretensioso pelo jardim, o colibri. Seus olhos há muito se debruçaram naquela que, hoje, era pura autoestima. Enamorado ficara, sem nunca a ter tocado. Então, movido por algo mais forte, mesmo tendo anoitecido, venceu a sua natureza e lá se foi ver a musa, porém, ao chegar no habitat dela, estremeceu. Não sei se por ser noite, na qual reina apenas as luzes artificiais, pensou ter visto uma terceira figura, o que fez com que o seu coração logo acelerasse e a sua mente viajasse, gerando um nó em sua garganta. Tinha pensado em falar tantas coisas, todavia já não

DA VIDA

A Vida é uma mulher temperamental! Estamos juntos, literalmente, até que a morte nos separe. Testemunha ocular de tudo o que fazemos e/ou aprontamos, comporta-se como um estranho que a tudo observa, mas que em nada se intromete. Até que, num belo dia, quando decidimos dar um rumo certo a dita cuja, eis que surge o repentino desacordo. Queremos nos aliar a outro ser, porém ela, revanchista, mostra o fruto dos nossos descasos, e, sem razão, murmuramos, pois, no calor da desilusão, perdemos a capacidade de refletir sobre eles. Ah, mulher cruel! Por que não nos censurou, quando cometíamos os desatinos? Assim, poupar-nos-ia de tamanha e oportunista desfaçatez. Gesto pensado de uma mulher calculista cuja pretensão é só a de nos cercear a liberdade de escolher com quem bem quisermos viver. Contudo, escuta, já que bem lhe dizemos, você venceu agora, porém, a partir de hoje, mais atentos, não cometeremos os absurdos e, assim, terá que permitir o seguir natural das coisas, sem revanches, desfo