Pular para o conteúdo principal

CAPRICHO DA NATUREZA

A flor estava exuberante! O jardim – velho conhecido – mantinha o mesmo cenário caótico, mas a flor, ah, aquela flor! parecia ter sido cingida pelos dourados raios do sol da manhã, tamanha era a sua beleza, agora, radiante a sua figura. Não fosse noite, mereceria um agrado daquele que, sem muitos rodeios, é merecedor do codinome beija-flor.
A Natureza tem lá os seus caprichos! Pela manhã, já passara, como de costume, a voar despretensioso pelo jardim, o colibri. Seus olhos há muito se debruçaram naquela que, hoje, era pura autoestima. Enamorado ficara, sem nunca a ter tocado. Então, movido por algo mais forte, mesmo tendo anoitecido, venceu a sua natureza e lá se foi ver a musa, porém, ao chegar no habitat dela, estremeceu. Não sei se por ser noite, na qual reina apenas as luzes artificiais, pensou ter visto uma terceira figura, o que fez com que o seu coração logo acelerasse e a sua mente viajasse, gerando um nó em sua garganta. Tinha pensado em falar tantas coisas, todavia já não era mais possível, e o caos se instalou em seu frágil ser, devorando as suas certezas, para, depois, vomitar dúvidas infindáveis em relação ao comportamento daquela a quem desejava. Tudo agora se tornou noite – escuridão eterna  enquanto durar essas cismas ou até que se esclareça o que parece nunca ter acontecido.

Criado em: 25/07/2014 Autor: Flavyann Di Flaff

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LOOP FARAÔNICO

  De um sonho decifrado ao pesadelo parafraseado. A capa que veste como uma luva se chama representatividade, e a muitos engana, porque a vista turva. Ao se tornar conveniente, perde toda humanidade. Os sete anos de fartura e os de miséria, antes, providência pedagógica, hoje mensagem ideológica, tornando o que era sério em pilhéria. A fartura e a miséria se prolongam, como em uma eterna praga sem nunca ter uma solução na boca de representantes que valem nada. O Divino dá a solução, e esses homens nada fazem, deixando o povo perecer num infinito sofrer, pois, basta representar, para fortunas obterem. E, assim, de dois em dois anos, os sete se repetem, como num loop infinito de fartura de enganos.   Criado em : 1/6/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

ILUSIONISTA DO AMOR

  O amante é um ilusionista que coloca a atenção do outro no ponto menos interessante, levando o ser amado a se encantar com o desinteressante. Quando o amante se vai, o amado age como um apostador, que, diante da iminência da perda, se desespera e tenta recuperar o que já foi. Mas, ao invés de encontrar o amor perdido, encontra apenas o reflexo de sua própria carência, como quem busca ouro em espelhos quebrados. Restando, então, ao amado, o desafio de enfrentar o vazio, reconhecer a ilusão e descobrir, enfim, que o verdadeiro amor começa, quando cessa a necessidade de iludir ou de ser iludido. Criado em : 14/11/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

O JOGO DA VIDA

O jogo da vida é avaliado sob quatro perspectivas: a de quem já jogou e ganhou e desfruta da vitória, a de quem acabou de entrar, a de quem está jogando e a de quem jogou, perdeu e tem que decidir se desiste ou segue jogando. Quem jogou e ganhou, desfruta os louros da vitória, por isso pode assumir a postura que mais lhe convier diante da vida. Quem acabou de entrar no jogo, chega cheio de esperança e expectativas, que logo podem ser confirmadas ou frustradas, levando-o a ser derrotado ou a pedir para sair, permanecendo à margem, impotente diante da vida. Quem está jogando, sente a pressão da competição e, por isso, não se deixa levar por comentários de quem só está na arquibancada da vida, sem coragem de lutar. Quem jogou e perdeu, sente todo o peso das cobranças sociais pelo fracasso, por isso não se permite o luxo de desistir, pois sabe que tem que continuar jogando, seja por revolta, seja para se manter vivo nessa eterna disputa. Criado em: 20/11/2022 Autor: Flavyann Di Flaff