Pular para o conteúdo principal

CAPRICHO DA NATUREZA

A flor estava exuberante! O jardim – velho conhecido – mantinha o mesmo cenário caótico, mas a flor, ah, aquela flor! parecia ter sido cingida pelos dourados raios do sol da manhã, tamanha era a sua beleza, agora, radiante a sua figura. Não fosse noite, mereceria um agrado daquele que, sem muitos rodeios, é merecedor do codinome beija-flor.
A Natureza tem lá os seus caprichos! Pela manhã, já passara, como de costume, a voar despretensioso pelo jardim, o colibri. Seus olhos há muito se debruçaram naquela que, hoje, era pura autoestima. Enamorado ficara, sem nunca a ter tocado. Então, movido por algo mais forte, mesmo tendo anoitecido, venceu a sua natureza e lá se foi ver a musa, porém, ao chegar no habitat dela, estremeceu. Não sei se por ser noite, na qual reina apenas as luzes artificiais, pensou ter visto uma terceira figura, o que fez com que o seu coração logo acelerasse e a sua mente viajasse, gerando um nó em sua garganta. Tinha pensado em falar tantas coisas, todavia já não era mais possível, e o caos se instalou em seu frágil ser, devorando as suas certezas, para, depois, vomitar dúvidas infindáveis em relação ao comportamento daquela a quem desejava. Tudo agora se tornou noite – escuridão eterna  enquanto durar essas cismas ou até que se esclareça o que parece nunca ter acontecido.

Criado em: 25/07/2014 Autor: Flavyann Di Flaff

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DAS BASES

  Como em um círculo vicioso, neste país, em todo sufrágio, percebemos, de forma descarada, a atuante presença do mirífico corporativismo das necessidades individuais. Elas subjugam, subvertem e relegam a utilidade coletiva das instituições a meros vínculos empregatícios, como nos tempos de outrora. Criado em : 06/10/2019 Autor : Flavyann Di Flaff

TOLICE

  Um dia, customizaram Deus, e conhecemos uma divindade submissa aos muitos e distintos caprichos de cada um dos seres humanos. Em seguida, customizaram a razão, e criaram o que não existia em seus pressupostos: a unanimidade. Então, ao defini-la, Nelson Rodrigues bem traduziu toda essa adaptação.   Criado em : 24/06/2021 Autor: Flavyann Di Flaff

O MUNDO PERFEITO

  O mundo tá em franca decadência! Tem religioso, celerado enrustido, prescrevendo penitência a quem se confessa invertido.   Tem conservador progressista e progressista conservador. Corolário de um teatro congressista pra engabelar o incauto eleitor.   Segue o bonde sem freio desse mundo ilusório. O que é determinado pelo meio é certamente provisório.   Vende o pão assado no forno, que há pouco ardia, o cidadão, pelo capitalismo, alienado, pra obter o seu pão de cada dia.   O mundo tá perdido! Tem legalista contraventor e contraventor legalista. Assim, o cidadão é iludido até onde alcança a vista.   Esse é o mundo perfeito para qualquer salvador que pretende ser eleito. Um mundo repleto de discursos “olho por olho, dente por dente”, que atendem a externos impulsos por uma igualdade aparente.   Criado em : 05/02/2024 Autor : Flavyann Di Flaff