Depois de mais uma briga, ele sai de casa, pois o ambiente privado, antes acolhedor, de uns tempos para cá, tem se tornado sufocante. Sem rumo, segue o fluxo, que, alheio a seu péssimo momento, conserva-se frenético. Acelera o passo com a clara intenção de fugir daquele momento, abandoná-lo, mas é em vão. Exausto, frustrado pelo utópico esforço, entrega-se ao desvario do sofrimento. Ali está ele, que, levado pelo mar urbano, chega à faixa litorânea e joga-se ao jogo automático das ondas. Sentado na faixa de areia, as lembranças vão e vêm provocá-lo. Nessa loucura, a subjetividade é irrelevante, o que importa é a certeza da onipresença da companhia. Então, começa a confessar a sua dor ao atento amigo, sem nem lhe perguntar o nome: – Não é engraçado como o tempo faz o sentimento esgotar-se em uma relação, sem que saibamos de quem é a culpa. Por nos sentir impotentes, pressentimos, apenas, o seu enfraquecimento, sem que jamais um ou outro admita o fim, pelo simples fato de não nos damos c
Que a solidão seja um encontro consigo mesmo para renovar a força interior, e, nunca, a medida exata do quanto estamos sós!