Certo dia, em um determinado rincão, aos
primeiros raios do dia, ouvi um alarido incomum. Mal acordara e tal som
açoitava os meus ouvidos sensíveis. Era pior do que o canto da Araponga! Não me
contive e fui ver do que se tratava. Corri a mão pelas travas e abri a porta. A
cena estava ali, bem nítida, na minha frente. Eram dois animais, topo de cadeia,
a se digladiarem insanamente. Fiquei perplexo, mas, seguindo a lógica natural
dos seres, entendi que lutavam por algo que até os homens lutam, a supremacia
em seu bando. Diferentemente dos homens, a plateia permaneceu silenciosa e
atenta, esperando o desfecho. Quando terminou, o derrotado seguiu rumo
ignorado, enquanto o vencedor urrava, a plenos pulmões, para que os seus
reconhecessem a sua vitória.
Depois, naquele teatro de guerra, só o silêncio imperou, e a normalidade das coisas e dos seres voltou ao seu ritmo cotidiano. Afinal, rei vencido, rei substituído! Fato que em nada alterava a vida plebeia, salvo a vida daqueles que se autodenominam vassalos do poder. Como a esses não me identifico, abri as janelas, preparei o café e fui viver a minha vida.
Criado
em:
27/05/2019 Autor: Flavyann Di Flaff
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