Pular para o conteúdo principal

TEATRO DE GUERRA

Na Faixa de Casa para a rua, o barulho ensurdecedor dos fogos a estourar pelas mais diversas partes da área residencial impera.

Sem se importarem com crianças de colo, velhos, doentes e os cansados do cotidiano pela sobrevivência de cada dia e em nome de uma devoção tradicional, que em nada advoga em prol do comércio dessas "armas festivas", investem contra a paz e o sossego coletivos.

Da janela de um prédio residencial, vislumbro o cenário dessa guerra sacrossanta no qual a queima da vegetação, que fora tomada das nossas matas, gera um nevoeiro denso e de odor insuportável como gás lacrimogêneo de forças repressoras a nos impelir a não lutar pelo nosso direito de ir e vir, sem que soframos coação alguma.

Escaramuças de soldados intocáveis... que ECA! manipulados pelos Senhores do Caos que os protegem, seguem alimentando a cena dantesca com mais e mais artigos dissimuladamente infantis, porquanto possuem aspectos e consequências semelhantes a materiais bélicos. Aquelas são embaladas por uma trilha sonora – ecos das almas penadas do Inferno existencial – que as instiga à continuação do ato insano.

Refugio-me em vão, pois esse território é apenas uma fração − retrato fiel − do que ocorre em toda a região. Nessa guerra instituída religiosamente, não sofremos danos carnais, mas, por dias seguidos, somos vítimas psicológicas dela. Restando-nos, apenas, esperar que cesse, todavia cientes que a mesma cena se renova todos os anos.

Criado em: 23/06/2013 Autor: Flavyann Di Flaff

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LOOP FARAÔNICO

  De um sonho decifrado ao pesadelo parafraseado. A capa que veste como uma luva se chama representatividade, e a muitos engana, porque a vista turva. Ao se tornar conveniente, perde toda humanidade. Os sete anos de fartura e os de miséria, antes, providência pedagógica, hoje mensagem ideológica, tornando o que era sério em pilhéria. A fartura e a miséria se prolongam, como em uma eterna praga sem nunca ter uma solução na boca de representantes que valem nada. O Divino dá a solução, e esses homens nada fazem, deixando o povo perecer num infinito sofrer, pois, basta representar, para fortunas obterem. E, assim, de dois em dois anos, os sete se repetem, como num loop infinito de fartura de enganos.   Criado em : 1/6/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

ILUSIONISTA DO AMOR

  O amante é um ilusionista que coloca a atenção do outro no ponto menos interessante, levando o ser amado a se encantar com o desinteressante. Quando o amante se vai, o amado age como um apostador, que, diante da iminência da perda, se desespera e tenta recuperar o que já foi. Mas, ao invés de encontrar o amor perdido, encontra apenas o reflexo de sua própria carência, como quem busca ouro em espelhos quebrados. Restando, então, ao amado, o desafio de enfrentar o vazio, reconhecer a ilusão e descobrir, enfim, que o verdadeiro amor começa, quando cessa a necessidade de iludir ou de ser iludido. Criado em : 14/11/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

O JOGO DA VIDA

O jogo da vida é avaliado sob quatro perspectivas: a de quem já jogou e ganhou e desfruta da vitória, a de quem acabou de entrar, a de quem está jogando e a de quem jogou, perdeu e tem que decidir se desiste ou segue jogando. Quem jogou e ganhou, desfruta os louros da vitória, por isso pode assumir a postura que mais lhe convier diante da vida. Quem acabou de entrar no jogo, chega cheio de esperança e expectativas, que logo podem ser confirmadas ou frustradas, levando-o a ser derrotado ou a pedir para sair, permanecendo à margem, impotente diante da vida. Quem está jogando, sente a pressão da competição e, por isso, não se deixa levar por comentários de quem só está na arquibancada da vida, sem coragem de lutar. Quem jogou e perdeu, sente todo o peso das cobranças sociais pelo fracasso, por isso não se permite o luxo de desistir, pois sabe que tem que continuar jogando, seja por revolta, seja para se manter vivo nessa eterna disputa. Criado em: 20/11/2022 Autor: Flavyann Di Flaff