Ela surgiu do nada e o puxou pela mão até
um canto, falou trivialidades com os olhos fixos nos dele. Ele, garoto ainda, nada
percebera até ali e mostrou-se pávido diante dela. Um descuido e a garota some pelo
ambiente, porém sem perdê-lo de vista. Voltando faceira em um vestidinho branco –
noiva junina – aproximou-se, sempre fitando-o, e segurou em sua mão,
sussurrando amenidades, roçando os lábios em suas faces, já ruborizadas. Ele,
sempre garoto, agora aceso e enredado nessa danação, viu-se em um turbilhão de
sensações e sentimentos. Confusão causada por um pudor que não era seu, mas que
lhe fora convencionado ao longo do tempo, tornando-o impassível e incapaz de,
reciprocamente, reagir aos atos dela. Alguém a chama e, inconformada, joga-se ao
chão, feito criança pirracenta, sem querer partir antes de conseguir o seu
intento. Levanta-se, recompõe o porte e antes de obedecer ao chamado, leva o garoto
até um canto e rouba-lhe um beijo. Só então, nesse momento, é que ele percebe,
através do beijo – pedra bruta à espera do lapidador – que ambos despertaram
para o amor.
Criado
em:
31/05/2019 Autor: Flavyann Di Flaff
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