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RUMO AO FIM

Hoje sou eu que estou no lugar onde outrora estiveste – lugar subjetivo no qual a existência parece incomodar-nos. Com o mesmo olhar que tinhas e que, de repente, perdera-se em lonjuras vãs. Vagueando como caminhante em um deserto solitário, carregado de fardos compostos por cansaços existenciais que nunca pensei transportar.
Dói em mim dores inimagináveis, mas que, pelo visto, são suportáveis, já que até aqui sobrevivi. Anseio por um conforto que parece nunca chegar, o que contribui, severamente, para aumentar o meu sofrer.
São tempos de um sol inclemente e noites frias e sem luar. O transpirar é intraocular, mas, às vezes, é tão copioso, que chega a se exteriorizar. A frieza e a escuridão têm caráter universal e como tal, não fazem separação de gentes. Sigo então, a enfadados passos, rumo ao fim deste nebuloso ciclo existencial.

Criado em: 26/06/2019 Autor: Flavyann Di Flaff

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