Houve um tempo em que os inimigos eram
condenados à força. Todo um aparato era constituído para que desse segurança
institucional ao ato. Testemunhas escolhidas a dedo... de ouro, juízes im...
parciais, reunião de provas in... contestáveis. Tudo isso preparado, exclusiva
e temporariamente, para perseguir e punir os contrários à realeza. Na ponta de lança
desse dispositivo legal, aparece o carrasco – aquele que aciona o cadafalso –, a
única peça do aparelho oficial que mal pensa, só executa o que a sua função
exige.
Depois da execução (ou execração?) pública dos inimigos, como numa limpeza a jato, a nobreza – subproduto do discurso politicamente correto – retorna à sua rotina, e todo o aparato é desmontado, peça por peça, sem muito alarde, para que só reste na memória da plebe a figura do carrasco. Este leva toda a culpa das execuções, enquanto os verdadeiros responsáveis pelos julgamentos falseados seguem impunes vida afora, e os condenados renascem, como fênix, das cinzas para a glória pública, rindo dos crédulos espectadores daquela trágica cena – 1º ato do final de uma típica comédia pastelão em uma republiqueta.
Criado em: 08/09/2020 Autor:
Flavyann Di Flaff
Comentários
Postar um comentário