Depois do rompimento traumático, pegou uma
prancha maneira e foi curtir, com ela, uma nova vibe. Dada a paisagens
naturais, ela logo o encantou, e com esse novo objeto de sua paixão, seguiu a filosofia do popstar:
ir na onda que mais longe o levar. Afinal, queria fugir da realidade que o seu
reflexo reverso sabotou, e, assim, deu cutback, hang-five, hang-ten,
transformando-se no melhor e maior exemplo de superação pessoal das redes.
Foram dias de pura curtição! Sob o cavalo
indomável da emoção, desfrutou momentos de prazeres fugidios, mas a cabeça –
acusadora intermitente –, lembrava-o de que o coração era prisioneiro do
passado. A vida do ex-Outro parecia fluir bem, também! Mas era só capa, hábitos
nem sempre fazem monges. Estes, calados, escondem feridas que não cicatrizam,
apesar dos que as têm, procurar a cura sempre ferindo alguém.
O mundo gira, quem não sucumbira à dor, iludindo-se ao impô-la a quem estava são, sofre inevitável e merecido revés. Cai no jogo da dor sublimada, larga o recente Outro, objetificado na figura de uma prancha – símbolo da nova vida projetada – e, então, regressa ao inferno que é a sua vida real, deixando, o outrora paraíso das redes sociais, devastado por mais um fracasso sentimental seu.
Criado em:
22/09/2021 Autor: Flavyann Di Flaff
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