A vida consiste em infindáveis mistérios,
dos quais quase ou nada sabemos. Muitas vezes, acabamos por desvendar alguns
por mero acaso, quando estamos a divagar sobre outras tantas coisas que nos
cercam.
Certo dia, estava eu a pensar na finitude
do ser humano, quando me veio aquela máxima que diz: “A grandeza consiste em
ser pequeno”. A partir daí, o pensamento fluiu como água no leito de um rio.
Analisando a questão, em princípio, percebemos
que são antagônicas; porém, com mais cuidado, vemos que também são
convergentes. Estas grandezas escalares, grande e pequeno, remete-nos às duas
fases do ciclo da vida. A segunda, à infância; enquanto a primeira, à velhice /
maturidade.
Notamos, então, que aquela máxima começa a
fazer algum sentido. Contudo, ainda necessitamos de mais subsídios para melhor
a compreendermos. Para isso, partimos da seguinte questão: Como ser grande,
sendo pequeno?
Em um mundo que nos cobra constantemente
características inerentes a um super-homem, portanto, de um ser adulto,
torna-se quase inconcebível pensar que existe alguma vantagem ou valor em ser
criança. É assim que nos faz pensar a razão, uma vez que a realidade secular
confirma a insignificância de ser pequeno no dia a dia.
Os céticos dirão: “Ser adulto é outra
coisa! Não há impedimentos, tudo lhe é permitido fazer, e o céu é o limite. Ser
criança é ser tolhido ainda no nascedouro de suas vontades.”. Ouvindo-os sem um
filtro, até parece que estão cheios de razão, que estão certos. Todavia, com
certa dose de discernimento, na fala daqueles, veremos que, entre o adulto e a
criança, há uma diferença carvalhar, apesar de possuírem o céu por limite. Ela
consiste no fato de o adulto tudo fazer ilimitadamente, porém sempre será assolado
pela culpa, pelos deveres, pelo arrependimento, por suas crenças, em suma, pelo
reflexo das consequências de suas ações. Enquanto a criança tudo faz, apesar de
nada poder fazer, livre ainda do fardo das repercussões dos doces e das
travessuras.
Diante disso, depreendemos que a máxima, aqui analisada, se apoia na verdade de que o pequeno será grande, pois terá uma vida repleta de aprendizados cotidianos. Já o grande, talvez, pela rotina, sentir-se-á estagnado. Em uma simbologia temporal, o grande deixou de crer na mesma capacidade existente no pequeno, reservando, somente, para si, o passar do tempo enquanto a morte não chega.
Criado em:
26/09/2021 Autor: Flavyann Di Flaff
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