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PANFLETÁRIO

                  

Ó idealista da e-scrivaninha, queres incutir nos que leem os teus escritos, que estás a criar a roda?! És um tolo ou finges sê-lo? Não há nada de novo no reino do digitar, ou será do escrever?!

Deixas de falsa modéstia! As palavras nunca são gratuitas, elas são interesseiras, por mais rudes que sejam. Não é por se despirem de vaidade, que dispensam os adereços guardados na escrivaninha de seu criador. É apenas a Lei da Conveniência regendo o desfilar delas pela passarela branca da exposição d'escrita.

Por mais frias que pareçam, as palavras aquecem quem por elas permite ser tocado. Por mais caóticas que pareçam, existe, nelas, uma recorrência, uma padronização, o que permite subentendidos e afins. Entretanto, finges não saber que o trabalho, que a ti impões, para torná-las inadequadas à regra, já é um método de escrita.

Verdade que elas nascem nuas, mas, aos poucos, ganham formas graciosas ou não. Chulas, entre outros adjetivos, são só predicativos das sujeitas em questão. Dê, a elas, o leitor, a característica que bem entender, porém ciente de que sempre partirá de um específico contexto. 

Então, não fales de empoderamento linguístico, quando dizes que não segues os conceitos da linguagem poética, pois isso se chama hipocrisia, que, apesar da fina e consciente ironia, soa como voz de soberbo em puro exercício de metalinguagem.

Criado em: 06/12/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

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