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FANTOCHES

                 

        “Certa vez me perguntaram: Como podem homens sem Deus serem bons? Respondi: Como podem homens com Deus serem tão maus?”. (José Saramago)

“Desde os anos de 1530, há uma longa tradição de associar o diabo aos inimigos do Cristianismo dentro e fora da Igreja.

Quando ela se dividiu durante a Reforma, católicos e protestantes se acusaram mutuamente de estarem sob a influência do diabo, com propagandas jocosas e grotescas sobre esta corrupção.” Disponível em: https://www.terra.com.br/diversao/arte-e-cultura/como-o-diabo-ficou-vermelho-e-ganhou-chifes,9ed54f1fecea2a2f098a085c679e35d5u4ti0u5m.html.

Houve um tempo em que a Humanidade, cansada de suas responsabilidades, criou fantoches para atribuir a eles, todas elas, dando-lhes distintos nomes. Assim, ficaria livre desse fardo e poderia continuar agindo de acordo com a sua potente natureza, sem pensar em arcar com consequências. Então, quando queria negar algo a alguém, dizia: − Se Deus quiser, ajudarei! Quando queria adiar algo, dizia: − Quando Deus quiser, farei! Mas quando tinha fome, não esperava pela vontade de comer desse mesmo deus, simplesmente, comia. Se tinha sede, da mesma forma, não a esperava e logo bebia da água fresca, saciando-se.

Quando queria endossar alguma ação sua, dizia: Deus está comigo! Quando matava o seu semelhante, dizia: Deus não gosta de quem é do mal! Quando alguém perdia um ente querido, dizia: Deus quis assim! Porém, quando a perda era sua, questionava: Por que, Deus?

Quando muitos, de sua crença, discordavam, dizia: São todos de Satanás! Se se embriagava e cometia desatinos, dizia: Foi culpa do Diabo! Se os outros que cometiam ilicitudes eram mortos, justificava, dizendo: A justiça de Deus tarda, mas não falha! Portanto, como criadores desse teatro, ficamos mais próximos da religião do que da espiritualidade, fugimos, delegando as nossas responsabilidades a pedras de toque, que, independentemente do que aconteça ou façamos, assim serão e permanecerão para todo o sempre. Enquanto nós, meros mortais, comportamo-nos de forma medíocre diante da vida. Preferindo regredir até os tempos idos do grunhido, em vez de, através da evolução alcançada, avançarmos ainda mais no quesito consciência de si, libertando-nos do jugo do ser biológico – a besta que habita em cada um de nós.

Criado em: 23/12/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

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