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DESDITA SOLIDÃO

Um dia,
por um desses motivos
inexplicáveis da vida,
o espelho da alma se quebrou –
a crença ecoou pela consciência.
Não por acaso,
o silêncio ao fazer
sala para o amor,
fê-lo se ressentir de acolhimento
e, desse modo, optou por partir.
Se aquela impôs tal desfecho,
não sei dizer,
mas o amor foi flanar
em outras plagas
mais atenciosas e receptivas.
Assim, restou-me a melancolia
como companhia,
talvez por não usufruir do reflexo,
devido ao espelho perdido.
Então, pela impossibilidade
de perceber a sua aparência,
acabei apaixonando-me
por essa triste figura
– uma fuga para essa presente solidão.
 
Criado em: 19/10/2020 Autor: Flavyann Di Flaff

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