Essa
imobilidade intermitente da pena do poeta dá pena, pois é o calar do som maior
– a voz interior! É ela que brada com expressividade a angústia sentida e,
muitas vezes, guardada; brada o amor almejado ou desprezado; a saudade pujante,
enfim, as coisas do jeito que o coração e a consciência veem.
Esse
parar, “eterno enquanto dure”, parece antecipar a morte da inspiração que há
muito já anda moribunda. Em alguns lampejos de sobrevida, umas poucas palavras
surgiam, dando a falsa impressão de que, como a fênix − imortal que é −,
ressurgiria mais viva do que nunca estivera.
Neste
penoso embate entre a vida e a morte, ninguém a socorrê-lo. Até a musa, uma companheira
fiel (já não sei se é mais), o abandonara. Outros recursos também cessaram, uma
vez que acontecimentos amorosos, políticos e do cotidiano, não mais ocorreram
durante esse crucial momento. Fazendo-o, mesmo que a contragosto, ceder aos
pensamentos de desesperança por parecer não existir mais saída, então o poeta baixa
a cabeça.
Quando o peso do desânimo parece tê-lo esmagado, como um bicho faminto que, sem trégua, luta por sua sobrevivência; eis que ele faz de todo esse contexto ruim, uma fonte de vida para a inspiração, que agradecida, o faz escrever essas novas linhas, como uma celebração por esse presente resgate.
Criado em: 07/02/2007 Autor:
Flavyann Di Flaff
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