Há pouco tempo um sujeito com estampa de
bom moço propôs mudanças impactantes na vida de seus compatriotas, que,
indignados, homogeneizaram a revolta em um único item: coletes amarelos. De
certo também se sentiram traídos, como tantos outros mundo afora.
Apesar de promover o aumento no preço dos
combustíveis fósseis juntamente com as reformas fiscais e sociais propostas
pelo seu governo, impactando diretamente as classes trabalhadoras e médias, já
bastante afetadas pela redução do poder de compra e pelo aumento do custo de
vida, especialmente, nas zonas rurais e áreas periurbanas (conhecemos isso),
não se fez de rogado e manteve-se irredutível.
O confronto entre a máquina repressiva de
seu governo e a massa afetada foi inevitável, a impressa, ávida por pontos a
mais na audiência, a tudo acompanhou e noticiou.
O bom e bem casado moço, sem resolver os seus problemas internos, que já repercutiam no cenário internacional, vislumbrou, em uma causa universal, a oportunidade de sair do foco do noticiário mundial, encobrindo os rumores de sua intolerância para com os seus compatriotas. Então tomou para si a criação de uma frente em defesa daquela causa preterida, e com eloquentes discursos, estampados nos folhetins físicos e virtuais, convenceu e converteu a opinião pública terráquea de que era um paladino irretocável das causas justas, restituindo, por intermédio da imparcial impressa, a impressão de bom moço, e o reverso dessa moeda repassou para algum senhor – enxadrista incauto. Afinal, a imagem é tudo!
Criado em:
29/08/2019 Autor: Flavyann Di Flaff
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