Celebremos! Celebremos esses tempos esdrúxulos,
cabedal da transvaloração das leis vigentes,
decálogo da nova ordem social.
A ignorância distorce no homem
a devida percepção de suas dores,
seja em sua dimensão, seja na sua origem,
limitando-as a e em si mesmo,
e atribuindo-as unicamente a outros,
isentando-o completamente.
A ignorância torna o homem
em um ser sugestionável,
fácil de se apascentar.
Cônscio disso, o douto –
atormentado que é
pelo seu níveo conhecimento –,
fará do homem néscio
o seu padecente predileto,
através de uma recorrente enxurrada
de confusões habilmente escritas,
sobrecarregando e não dando margens
à dúbia e parca capacidade lógica do néscio
em intentar alguma coisa a essa escaramuça verborrágica.
Sucumbido, logo integrar-se-á à nova classe social,
que tanto tem crescido com o advento da tecnologia.
Celebremos a era dos seres acéfalos!
Aqueles tipos que vagam perdidos por entre factoides,
devido à incapacidade de discernir o que é verdade –
o fato propriamente dito –, e o que é pós-verdade –
invocação dissimulada das emoções e crenças dos néscios,
para, assim, desviá-los dos fatos.
A isso, agradeçamos aos doutos!
E assim involuímos in generationem et generationem.
Criado em: 24/08/2019 Autor: Flavyann Di Flaff
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