Meu caro, a água que conheci e por aqui
passou, não é a mesma que agora banha o teu leito, apesar de estar em idêntico
manancial. Reservatório de fluidos sentimentos, dos quais pensei ser possuidor,
quando, na verdade, através deles, fui manipulado por uma entidade incorpórea,
dotada de um instinto de lascivo predador, que, oco de sentimentos verdadeiros, tem
como único intuito o de todos os seus desejos saciar.
Hoje, sequioso por aquela água, sofro com as reminiscências
dela. A cada reviver imaginário, minha voz falha, a respiração descompassa, o
coração acelera, as pernas bambeiam, denunciando o desejo ainda latente, apesar
de objetificado por aquela criatura, nesse meu carente ser. O qual, incontido, todas as manhãs, banha-se no
rio na vã tentativa de sentir tudo de novo, o que, pelo visto, não mais
acontecerá.
Criado em: 21/05/2020 Autor:
Flavyann Di Flaff
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