De uns tempos para cá, tenho carregado, em
minhas costas, tralhas diversas. Um acumulador inconsciente de fatos dissonantes às
humanas atitudes por mim executadas, os quais não fazem barulho ao caminhar vida afora, já que estão convertidos em silêncios gerais. O que não me impede de gritar esse
fardo em feições, gestos e afins − mímica de mágoas lancinantes.
De cada um dos que me cercam, convivendo
ou apenas observando, acompanhando o meu existir, levo um simbólico objeto de
caráter pessoal, de igual, só o material de que são feitos, uma espécie de
rocha rija, fria e cortante, que muito me incomoda o avançar, pois, a cada
leve movimento, rasgam, chagam a minha alma, expondo o meu martírio àqueles
indiferentes. Dessa minha via crucis, só saberão aqueles que fecharem suas
bocas e ouvidos, entrando, assim, na mesma frequência do meu discurso – um diálogo
silencioso entre o meu eu interior e o de quem assim se permitir – conversa entre
dois velhos e sensíveis corações, sem a (oni)presença ruidosa dos imos pétreos.
Criado em: 20/05/2020 Autor:
Flavyann Di Flaff
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