Hoje, um vento de nostalgia veio de casa a dentro e encontrou-me aboletado no quarto. Circulou-me e, sem cerimônia, convidou-me a dar um passeio pela cidade. Não resisti e o segui, como guia, levou-me por lugares familiares, pois, de alguma forma, estavam presentes em minha memória afetiva. Para nada deles perder de vista, coloquei as lentes pueris de outrora, a fim de vê-los como os vi, sem a interferência da racionalidade amarga da idade das responsabilidades sociais.
Passeei por ruas e casas de minha
infância, onde desfrutei de amizades sinceras em brincadeiras mil. Ali, afeito àqueles
lugares, lembrei-me de episódios já adormecidos, mas que foram
despertos por aquela atmosfera saudosista. Quantas pessoas que passaram e deixaram
suas marcas ao longo de minha existência ressurgiram ante os meus incrédulos olhos,
de modo tal, que me levaram a vivenciar tudo de novo. Ah, quanta alegria sentira
nesse momento! Os cheiros, as brincadeiras, a algazarra, fora tudo de um
realismo contagiante. Revivi os momentos imemoriais da minha tenra infância. O vento,
que a tudo observava e em nada interferia, vendo o acomodar do meu deleite,
como uma mãe zelosa, chamou-me para se retirar e retornar à minha residência,
antes, deixou que eu me despedisse de tudo. Logo, em seguida, partimos como uma personagem
do folclore brasileiro, que em um pé de vento se dana mundo a fora. Rapidamente,
estava eu de volta ao quarto, ainda extasiado com o desfrute de tantas
reminiscências.
Criado em: 30/05/2020 Autor:
Flavyann Di Flaff
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