Não sei se fui vítima de um terrível vilão ou se dei
imenso poder à tão ingênua criatura! Mas tenho que reconhecer que muito me
magoei e me abati por tal evento.
Desde o início, nunca nos entendemos, muito pelo
contrário, sempre havia um mal-estar, quando, porventura, encontrávamo-nos.
Isso fez com que me afastasse por um longo tempo, como a querer curar uma
ferida que fora aberta.
Perguntava-me sempre por que fora dar a um ser juvenil
a chance de adentrar em um íntimo tão adulto, quando o mesmo sequer conhecia a
si próprio. Questionava-me também, como deixei-me levar por palavras sem
nenhuma convicção ou segurança. Já que nelas só imperavam a inexperiência e a
curiosidade ─ vontade incontrolável de conhecer o ainda desconhecido.
Deixei-me envolver por uma atmosfera pueril e vi-me
reagindo igualmente a quem me interpelava de uma forma instintiva, com grande
rebeldia. Isso fez desencadear inúmeras situações insólitas, mas também,
hilárias. Já que jamais pensei em vivenciá-las algum dia em minha vida.
Quando abri meu peito, fora corrompido pela rebeldia
daquele espírito juvenil. Debilitado, senti-me ferido pelas declarações
espontâneas e ingênuas, mas, ao mesmo tempo, ásperas dele. Para tentar curar-me,
fui refugiar-me no interior do interior do meu ser. Passaram-se anos, mas
sempre convivi com um fantasma que fora alimentado pela mágoa e o rancor, que o
tal ser me causara, e, por isso, nunca pude esquecer totalmente do episódio e
nem do meu algoz.
Foi em uma noite qualquer, que as minhas preces foram
ouvidas, e uma chance de ver a luz (a remissão) fora dada ao tal espírito!
Antes de sumir de vez da minha vida, ele veio pedir perdão por todo o tormento
que causara desde tempos atrás. Surpreso, mas felizmente aliviado, perdoei-o,
como se ali um exorcismo tivesse sido feito e, assim, um enorme peso saído de
nossa consciência! Ainda no decurso de sua partida, falou que me ajudaria em
algo que far-me-ia bem, mas isso já é uma outra estória.
Criado em: 21/09/2008
Autor: Flavyann Di Flaff
Comentários
Postar um comentário