Pular para o conteúdo principal

COMO UMA ONDA

O ser humano tem o hábito quase que instintivo de comparar, julgar e condenar os seus! Na maioria das vezes, esquece que ele mesmo pode e também é passivo de ser vítima dessa mesma medida.
Quando afirmamos que somos seres tão distintos, parecemos ainda mais iguais, de tão contraditórios que somos! Quase sempre, pregamos o que não fazemos e fazemos o que não pregamos. Não quero aqui, com isso, fazer o mea culpa universal, nem tão pouco, incitar a uma perfeição que nunca alcançaremos. Melhor seria se pudéssemos ter sempre o bom-senso, quando exercêssemos a ambiguidade, que é tão natural e inerente em nossa espécie. Se quando errássemos, aprendêssemos a acertar em seguida. Se quando fracassássemos, aprendêssemos a dar o devido valor à vitória, em vez de desdenhar dos que são derrotados ou de ficarmos murmurando, sem reação nenhuma. Se quando fossemos bons, nenhum interesse estivesse por trás, tornando essa atitude verdadeira. Se quando fossemos maus, agindo sob o efeito do revide emocional, pudéssemos, quando serenados os ânimos, refletir e não mais agir, instintivamente, mas de forma racional. Enfim, que pudéssemos ser sempre como uma onda, que, para cada ação, tem uma postura que induz a um movimento contraditório a que fora executado, harmonizando, com isso, a sua existência.

Criado: 23/03/2010 Autor: Flavyann Di Flaff

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MUNDO SENSÍVEL

  E toda vez que eu via, ouvia, sorria, sorvia, sentia que vivia. Então, veio um sopro e a chama apagou.   Criado em : 17/01/2025 Autor : Flavyann Di Flaff

ILUSIONISTA DO AMOR

  O amante é um ilusionista que coloca a atenção do outro no ponto menos interessante, levando o ser amado a se encantar com o desinteressante. Quando o amante se vai, o amado age como um apostador, que, diante da iminência da perda, se desespera e tenta recuperar o que já foi. Mas, ao invés de encontrar o amor perdido, encontra apenas o reflexo de sua própria carência, como quem busca ouro em espelhos quebrados. Restando, então, ao amado, o desafio de enfrentar o vazio, reconhecer a ilusão e descobrir, enfim, que o verdadeiro amor começa, quando cessa a necessidade de iludir ou de ser iludido. Criado em : 14/11/2024 Autor : Flavyann Di Flaff

ALICIADORES DA REBELDIA

         Nasce no asfalto quente, entre gritos roucos e cartazes mal impressos, o suspiro inaugural de um movimento popular. É frágil, mas feroz feito chama acesa em palha seca. Ninguém lhe dá ouvidos; zombam de sua urgência, ignoram sua fome de justiça. É criança rebelde pulando cercas, derrubando muros com palavras – ferramentas de resistência.           Mas o tempo, esse velho sedutor, vai dando-lhe forma. E o que era sopro, vira vendaval. Ganha corpo, gente, força, rumo. A praça se enche. Os gritos, antes dispersos, agora têm coro, bandeira, ritmo, batida. E aí, justo aí, quando a verdade começa a doer nas vitrines do poder, surgem os abutres engravatados — partidos, siglas, aliados, palanques — com seus sorrisos de vitrine e suas promessas de espelho, instrumentalizam o movimento para capitalizar recursos e influência política, fazendo-o perder a essência.           Chegam mansos, como quem só...