Já era tarde da noite, a chuva caía
mansamente na cidade, quando, de repente, toca uma romântica música − uma velha
conhecida de tempos vividos − fazendo abrir o baú de suas memórias e
remetendo-o há décadas. Então, com vigor juvenil, vieram recordações de um
alguém que jamais conhecera, mas que só de imaginá-la, seus olhos brilhavam,
seu coração acelerava, seu peito arfava e suas pernas ficavam trêmulas.
As
horas passavam vagarosamente e a música lenta fluía − verdadeiro pano de fundo
para mais lembranças. Logo recordou da festa que nunca foram, da troca de
olhares que nunca executaram, da dança de rostinho colado que jamais tiveram e
que os deixariam bem próximos, a ponto de sentir o cheiro dela, que tanto o
embriagava. Sem deixar de citar a chance que teria de sussurrar ao pé do ouvido
dela, palavras repletas de tons subliminares de interesseiro galanteio.
Reminiscências boas de momentos que nunca tivera ou terá, com aquela que tanto
e sempre desejara, mas que jamais fora sua, já que nunca a conhecera.
Apesar
do episódio jamais ter tido um contexto concreto, pois não tivera uma execução,
permanecendo, apenas no imaginário, sempre existiram relacionamentos em sua
vida. Todos bons, distintos apenas na duração, uma vez que alguns foram breves,
enquanto outros se estenderam por mais tempo. No entanto, em nenhum deles
notara a presença de todo aquele efeito mágico que sentira, quando desejara
aquele tão esperado e idealizado alguém. Por isso, sempre se sentiu frustrado,
mas jamais se comportou de forma indiferente em todos eles, pelo contrário,
manteve sempre uma boa e constante correspondência a cada gesto, palavra e ato
feito pelo outro. Só não sentia a mesma motivação geradora de satisfação, que
tanto existe naquele que é cativado e tomado por um sentimento tão especial.
Criado em: 17/06/ 2010 Autor: Flavyann Di Flaff
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