Referia-me sempre a ela, como sendo a figura mítica de
Pandora, por ser uma mulher bela e por ter, também, os seus próprios mistérios.
Só não pude avaliar se seriam suficientes para encher a mítica caixa.
Havia sempre um bom entendimento entre nós, não sei se
pela rápida identificação ou se pelo assíduo contato. Tanto que revelava o meu
pensar acerca de nós dois em pequenos textos, nos quais deixava evidentes os
sentimentos instantâneos que surgiam a cada diálogo nosso, estes, bem comuns
àqueles que se permitem experimentá-los.
Atualmente, andamos afastados, é bem
verdade! Talvez isso nos tenha feito mudar um pouco no que diz respeito ao
trato de um para com o outro. Penso que seja esse o motivo pelo qual a fez me
censurar, quando, novamente, em um texto descontraído, fiz referência à ela usando
a Pandora.
Sei que estamos a viver momentos distintos, mas aquele
comentário me soou como uma queixa. Já que nele, ela dava ênfase ao
esquecimento das pessoas para com a personagem mítica, restringindo os comentários à caixa de
mistérios e ao enfatizar isso, deu-me a certeza de se
tratar de um lamento.
Lembrei-me de que na mitológica estória de Pandora, as
suas características particulares não são citadas ou evidenciadas, então,
partindo dessa lógica, percebi que ela tentara usar do mesmo artifício que uso,
quando retrato uma vivência nos textos que escrevo. Subliminarmente, descreveu as suas próprias características. Como ser conhecedor de tão
íntimos detalhes, se não me fora dada a devida chance de fazer parte de sua vida? Digo-lhe
que só consigo expressar em palavras, aquilo que me permitem ver, ouvir, tocar,
sentir e vivenciar.
Criado em: 23/10/2009 Autor: Flavyann
Di Flaff
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